Capítulo 33. From the dining table.

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— Eu não sei, ele tinha coisas de trabalho para resolver. O que você quer dizer? — o moreno parecia extremamente confuso.

— Eu tenho que ir embora. — girei, caminhando em direção à porta mas o Erich me puxou de volta.

— Você confiou em mim para contar toda sua história, o que mudou?

Respirei fundo, relaxando meus ombros.

— É que antes eu não achava que seu pai estava envolvido. — as palavras saíram antes que eu pude repensar.

— O que? Acha que meu pai matou aquela mulher?

— Me desculpa, Rich. Não quero dizer isso pelo simples fato da caligrafia do seu pai ser idêntica à do bilhete, mas tem algo de errado com ele.

A expressão do garoto era de completa tristeza e o seu olhar, que antes estava fixo em mim, ficou distante. Ele nem mesmo parecia lutar contra o que eu tinha dito, estava apenas.. triste.

— Crianças, o jantar! — Susan berrou.

— Eu não vou mais tocar nesse assunto. — prometi, não querendo magoa-lo.

E então deixei o quarto e o moreno para trás. Podia o ouvir chamar pelo meu nome enquanto me afastava, descendo as escadas, mas escolhi não respondê-lo mais, não sobre isso.

— Aí estão vocês. — Jeff disse ao nos ver chegar a sala de jantar, onde todos já estavam reunidos.

— Espero que gostem do jantar. — Susan se pronunciou enquanto nos esperava sentar à mesa — Eu até ajudei, mas o crédito é todo da Abigail. — a morena sorriu, olhando para a mulher de uniforme que estava de pé no canto da sala.

Todos na mesa sorriram, cumprimentando a Abigail e então o Jeff fez um sinal para que o jantar fosse servido.

Erich não estava bem e nem fazia questão de fingir, não parava de encarar a mesa, brincando com os talheres e aquilo estava me deixando perturbada.

— Então, com o que você trabalha, Sra. Anderson? — o Callahan puxou assunto, notando o silêncio que se instalava.

— Na verdade eu não estou trabalhando no momento, mas eu costumava trabalhar como designer de interiores. — Charlotte respondeu com um certo orgulho.

— Oh, isso é fantástico! A Susan trabalhou por anos no ramo da moda, não é, querida?

— Sim, foram anos em Milão. Uma experiência e tanto. — ela sorriu, bebericando seu vinho — Já foi a Milão?

— Já, mas acho superestimado.

Engoli seco, sentindo o clima levemente pesar.

— Erich? — chamei sua atenção o mais baixo que pude.

— Hm? — ele lentamente levantou o olhar, o direcionando a mim.

— Você tá bem?

— Aqui não. — murmurou, voltando sua atenção à mesa.

A noite passou se arrastando, as conversas eram cansativas e superficiais. Toda vez que o silêncio chegava alguém fazia um comentário ou uma pergunta que poderia facilmente ser respondida de forma monossilábica.

O Erich parecia querer vomitar toda vez que sua mãe abria um extenso monólogo sobre suas viagens e eu sinceramente, me sentia da mesma forma.
O Jeff, em contramão, calou-se pelo resto do jantar. Ele apenas assentia com a cabeça para tudo que sua esposa dizia.
A Charlotte os odiou. Ela odiava toda essa baboseira de etiqueta e conversas civilizadas. Odiava e não conseguia de forma alguma disfarçar. Estava estampado em sua testa sua vontade de voltar para casa e talvez até tomar um vinho, mas de pernas para cima em seu sofá, enquanto assistia um filme ou um programa de auditório qualquer.

E eu.. Eu estava ali pelo Rich e pela minha constante busca por socialização. Agora me deixe lhe dar um breve relatório: Foi um fracasso.

A noite inteira foi um grande fracasso, mas a comida estava deliciosa.

— Foi um prazer! Espero vê-las em breve! — a morena disse enquanto me envolvia em um abraço.

— Eu não. — Charlotte murmurou.

— Desculpe? — Susan levemente franziu a testa, se desfazendo do abraço.

— Eu não poderia estar mais ansiosa. — a Anderson sorriu me lançando um olhar. Sabíamos muito bem que ela não queria dizer aquilo.

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— Foi horrível! — Charlotte exclamou, jogando-se no sofá.

— Tirou as palavras da minha boca. — disse a medida que seguia até a escada.

— Ei, você não me contou como foi hoje mais cedo. — ela me olhou por cima do sofá.

— Posso conversar com você amanhã? Tô muito cansada.

— Tudo bem, querida. Bom descanso.

Abri um leve sorriso para ela e subi os degraus em direção ao meu quarto.

Apesar de cansada, considerei tomar um banho longo, na tentativa de afastar alguns pensamento e apenas relaxar.

Fechei os olhos, sentindo a água percorrendo todo o meu corpo e levando as coisas que enchiam minha cabeça diretamente para o ralo, pelo menos por um momento.

Por um momento, eu estava tranquila.

3:45 am.

(Rich): Ei, tá aí?
(Rich): não consigo dormir
(Rich): Preciso falar com você
(Rich): Hope?

WHO AM I?Where stories live. Discover now