Capítulo 21. Tchau, ou.. até mais?

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O relógio não fazia barulho, mas mesmo assim eu podia ouvir os ponteiros se movendo, de minuto em minuto e então horas se passando.

Obviamente não preguei o olho naquela noite. Tantos sentimentos para serem sentidos e tão pouco eu. Estava ficando maluca.

Encarei o teto por alguns minutos e então fechei meus olhos, na minha última tentativa de cair no sono. Notando que não conseguiria, pois já havia tentado de diversas formas, decidi levantar.

A janela estava fechada mas o barulho de pequenas gotas caindo sobre o telhado entregava como estava o clima hoje. Me arrastei até a janela e abri a cortina, confirmando o que ja havia imaginado.

Apesar de ser apenas um chuvisco por enquanto, estava ainda pior do que ontem, o céu estava completamente cinza, nenhum raio de sol conseguiria atravessar aquela camada de nuvens e bem, não que eu não goste de chuva, pelo contrário, eu amo. Mas sinto como se isso influenciasse no meu humor e sinceramente o que eu menos preciso hoje é de mais melancolia.

Olhei o relógio na parede, confirmando o horário novamente. O sino só tocaria em uma hora então decidi procurar algo para fazer nesse meio tempo.

Andei pelo quarto na esperança de que algo surgisse para me entreter, até que me lembrei que ainda haviam algumas roupas no guarda-roupa, as quais eu precisava colocar na mala. Assim sendo, me dirigi até o guarda-roupa, peguei tudo que ainda restava e joguei na cama.

Comecei a dobrar as roupas de forma que coubessem todas na mala, mas esse processo foi interrompido quando de canto de olho avistei aquele moletom.

Segurei o moletom em minhas mãos e então seu aroma chegou ao meu nariz. Aquilo deveria me trazer boas lembranças, já que todos os momentos que passamos juntos foram incríveis, mas tudo que veio no momento foram lágrimas.

Era tão cedo para já me encontrar nesse estado, mas eu não podia evitar.

Sequei minhas lágrimas e respirei fundo, enquanto caminhava até o criado mudo. Abri a gaveta e peguei um bloco de notas junto a uma caneta.

E ali se passou a última hora até o sino tocar. Tentando achar palavras para dizer adeus.

x☥x

— Como foi ontem? — Jodie perguntou, me encarando.

Eu ouvi a pergunta, minha mente até processou a resposta, mas minha boca sequer abriu.

A morena pôs a mão na testa enquanto negava com a cabeça, já imaginando o que tinha acontecido.

— Eu tentei.. — Murmurei, tentando justificar mesmo sabendo que havia justificativa.

— Isso não é certo.

— Ele estava tão feliz, Jo. O Ryder falava tanto sobre baseball e como ele jogava com o pai quando era mais novo, sabe? Então ele finalmente conseguiu fazer parte do time e eu não queria estragar isso.. — Balancei a cabeça devagar, desviando meu olhar para a mesa — Ele até me beijou..

— Hope.. — Sua voz soou embargada.

Jodie segurou minha mão, tentando me consolar e quando percebeu que não seria o bastante, levantou-se e sentou do outro lado da mesa, ao meu lado, me envolvendo em seus braços.

Ficamos ali por alguns minutos até que uma voz nos interrompeu.

— Hope? — A Irma Mary chamou.

Olhei para Jodie e a mesma assentiu com a cabeça para mim, sabendo o que estava prestes a acontecer.

— Eu amo você. — Ela disse, dando um sorriso de canto.

— Eu também amo você. — Dei um último abraço e me pus de pé, pronta para ir. — Ah.. — Peguei no bolso o bilhete que tinha escrito mais cedo e a entreguei.

"Por favor", foi tudo que eu disse e ela entendeu.

Então sai do refeitório, atravessando o corredor, a porta de entrada e por fim o portão. Deixando para trás todos os pesadelos e todo terror do qual eu estava fugindo.

Pelo menos era o que eu achava.

WHO AM I?Where stories live. Discover now