Eu limpei minha garganta, um pigarreio saindo de meus lábios, tentando formular uma frase com lógica depois de ele estar tão perto de mim, pela segunda vez no mesmo dia. — Eu queria... ir ver o Yesung. — eu ditei, agora sua expressão era uma mistura de questionamento, raiva e mágoa — eu percebia, claro —, mas eu apenas queria uma conclusão de tudo isto, poder ser livre aqui fora sem ter o peso na consciência de que, tecnicamente, ainda mantinha um relacionamento com o homem.

— Porquê? — eu suspirei, seu tom de voz parecia fraco e magoado, e eu me dirigi até estar próximo de si. Reuni toda a coragem que possuía em cada minúscula célula de meu corpo e o abracei, o deixando surpreso, visto que o mesmo apenas rodeou minha cintura passados alguns segundos.

— Eu só quero acabar isso tudo, Kook. Eu estou farto de me sentir preso a ele e sentir que ainda lhe pertenço. Eu só quero que tudo acabe, por favor. — meus olhos arderam, mas eu não voltaria a chorar. Minha decisão estava tomada e eu iria até aquela prisão, eu simplesmente precisava de um fechamento em relação a esse assunto.

Eu senti suas mãos percorrerem minhas madeixas negras e suspirei alto. — Claro que sim. Eu vou telefonar ao Yoongi e tentar que ele providencie tudo para sua visita. — ele me separou do seu corpo e me fez olhar em seus olhos. — Tudo por você, anjinho. — eu assenti e me dirigi até à cozinha, não antes de receber um beijo estalado em minha testa.

Finalmente, o pesadelo acabaria. Pelo menos, era isso que eu esperava.

🥀

Durante toda a viagem até à instituição, meu coração bateu forte em minha caixa torácica e Jungkook tentou me distrair com um pouco de conversa aleatória, mas minha mente não parava. Eu não conseguia parar de pensar e idealizar cenários extremamente catastróficos que poderiam acontecer quando meu ex soubesse que agora não passava disso mesmo — que ele agora fazia apenas parte do meu passado.

O estabelecimento prisional era bem deprimente aos meu olhos — e, provavelmente, para qualquer pessoa que ali passasse —; aliás, eu não compreendia como alguém conseguia trabalhar ali. Só de saber que, a qualquer momento, uma revolta poderia acontecer, me horrorizava. Todas aquelas paredes cinzentas faziam minha pele arrepiar, todo aquele lugar era angustiante e era perfeito para as pessoas que cometiam atrocidades — era podre, tal como elas. Eu senti a mão de Jungkook, entrelaçada à minha, me apertar em sinal de força, e eu consegui esboçar um pequeno sorriso, antes de paramos em frente à sala de visitas.

Essa era a ala de crimes mais violentos, onde as visitas eram controladas. Ambos os prisioneiros e familiares não tinham contacto físico, sendo separadas por um vidro grosso transparente e se comunicando apenas por telefone fixo, visto que as autoridades temiam que algo pudesse dar para o torto. Ninguém queria que algo terrível acontecesse num estabelecimento que encarcerava pessoas preversas e que, supostamente, existia para proteger as pessoas.

— Eu não te irei acompanhar a partir daqui. — acordei de meus devaneias quando a voz de Jungkook dominou o ambiente, e eu o olhei em pânico. Eu não sabia se conseguiria enfrentar Yesung sozinho. — Não é que não possa, só que isso é um assunto seu e apenas sei que, se ele me vir, irei piorar as coisas. E não faça essa cara, anjo, você consegue, eu sei que você é forte o suficiente para isso.

Eu assenti silenciosamente, não acreditando nas suas palavras, mas aceitando. Meu coração se acalmou quando ele segurou uma das minha mãos — a que ainda se encontrava entrelaçada com a sua — e a levou até aos seus lábios, depositando um singelo beijo sobre a minha pele, ao passo que me olhava nos olhos, fazendo um arrepio gostoso subir por minha espinha. Ele não demorou no ato de me soltar do seu aperto, e logo a seguir se dirigiu ao encontro do policial, que se intitulava de Yoongi, enquanto eu girava em meus calcanhares e entrava na sala.

Apartamento 316Where stories live. Discover now