𝙵𝚘𝚞𝚛

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Taehyung

Na semana a que se seguiu o encontro extremamente desastroso de Jungkook, Yesung andava mais calmo, por mais incrível que possa parecer. Não sei o que estava naquelas cervejas que tomou no apartamento vizinho, ou nas palavras que poderia ter recebido, mas, quando Yesung chegou à casa, estava com uma expressão calma e menos carrancuda, uma que eu não via há tempos.

Não fui corajoso o suficiente para indagar o motivo desse seu relaxamento repentino, sequer para contar sobre o presente que Jeon havia me oferecido. Por mais que fosse estranho — e eu não soubesse exatamente a razão disso —, não iria comprometer seu bom humor. Apesar de não ter certeza se ele iria reparar se o moletom era novo ou não, eu o usava poucas vezes e continuei fazendo minhas obrigações para deixar a paz rara ainda presente em meu apartamento.

Eu amava Yesung, isso não é uma mentira, mesmo que, na maioria das vezes, ele me faça mal. Portanto, algo confuso estava acontecendo, mais precisamente alguém, com nome e sobrenome — Jeon Jungkook. Não fazia nem um mês que nos conhecemos e mal somos próximos, porém, toda vez que eu passava o hidratante labial — que, por sinal fez bastante efeito —, me lembrava dele e eu acabava por sorrir. Uma ansiedade me preenchia; eu queria vê-lo mais. Talvez nem precisássemos de conversar, enxergar aqueles olhos bondosos e seus sorrisos bonitos era, provavelmente, tudo o que eu mais queria — e precisava.

Então, me vi percebendo que não seria nada ruim ser amigo de Jungkook e que tudo isso não era uma fachada. A forma em que o rapaz me conseguia transmitir calma e confiança com gestos simples e generosos, era adorável. Ele era adorável. Nessa semana que se seguiu, me peguei querendo sentir a adrenalina de ir tocar em sua porta sem ser pego por Yesung. No entanto, me contive, aproveitando a calmaria que estava em meu apartamento.

Outra coisa que fez com que meu peito se enchesse de euforia foi me lembrar da música e como eu tinha saudades do meu estúdio no centro de Seoul. De tocar uma música em meu piano grande e escuro, de dedilhar as cordas da minha guitarra — a minha primeira, que Yesung me deu no nosso segundo ano juntos —. Meu coração pesava de vontade de repassar tardes inteiras cantando e preparando meu álbum de lançamento, o qual ficou trancado junto de outras coisas dentro do estúdio não visitado há anos.

Talvez eu nem soubesse mais tocar piano, ou dedilhar uma música antiga, cantar muito menos. Provavelmente, eu nem sei mais o que é ser feliz por conta da música.

Yesung adentra o apartamento, batendo a porta e soltando um suspiro. Sou arrancado de meus pensamentos, meu corpo se arrepiando, o cérebro imediatamente mandando eu ficar em alerta, principalmente por estar utilizando uma peça de roupa desconhecida por meu namorado. Era até cedo para ele chegar, eu nem sequer havia feito a janta. Acabo pensando no pior, seria sido despedido? Porque, se tivesse, iria sobrar para mim.

Yesung não disse nada, apenas pousou sua maleta em cima da mesa e prosseguiu a sua rotina de retirar terno, sapatos sociais e gravata. Aguardei ele retornar do quarto e, quando se acomodou no sofá, me olhou, de cima a baixo, me fazendo engolir em seco.

— Olá, amor. Por que chegou tão cedo em casa? — comecei docilmente, meu tom de voz baixo e calmo, de modo a não atrair a sua atenção. No entanto, mal falei e seu olhar pousou em mim. — Correu tudo bem em seu trabalho?

— Sim, tudo normal. Bastante cansativo. — ele baixou o seu olhar, parecendo ignorar a minha nova vestimenta. — E eu cheguei em casa mais cedo porque decidi que iremos até o apartamento daquele irritante do Jeon. Portanto, vista-se para não demorarmos, o avisei que chegaríamos por volta das cinco horas.

Uma luz piscou na minha cabeça, meu divertidamente de alegria finalmente se pondo de pé e controlando a sala de controle, metaforicamente falando. Nós, realmente, iríamos no open house de Jungkook? Após tempos sem comparecer a uma única festa?

Apartamento 316Where stories live. Discover now