4ºCapítulo

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Entrei de repentinamente na sala, e de imediato a música parou. À minha frente estava o Shawn, numa cadeira preta, com a sua guitarra sobre o colo, um olhar chocado e estranho a olhar para mim. Nem tive de tempo de olhar à volta da sala, nem conseguia descolar os meus olhos dos dele, que me olhavam com uma certa desaprovação. Aquele, segundo a irmã, era o espaço dele, e eu, uma estranha que agora estava a invadir a sua casa, tinha quebrado o seu lugar mais precioso... eu sabia que não devia ter entrado.

-Olá- disse eu num tom meio envergonhado, desviando finalmente o olhar, que bela maneira de começar a falar com alguém... boa Savannah... és mesmo esperta...

-Olá- disse ele no mesmo tom, olhando também para baixo

-Desculpa ter invadido a tua privacidade mas eu vi luz e pensava que era um ladrão e... não podia deixar que fosses assaltado e depois ouvi música e era tão linda... fiquei a ouvir... eu sei que não se faz mas desculpa e, tive que entrar e ver quem era, mas eu vou já embora- disse eu demasiado rápido, sem conseguir controlar as palavras que me saiam da boca, com a explicação sem nexo, que na altura me parecia tão credível, mas que agora que me saia dos lábios em voz alta me parecia cada vez mais estúpida. Virei costas, ainda envergonhada e já sem saber o que fazer. A minha cara vermelha, os meus pés pesados, o meu corpo a tremer. Nunca fui boa perante situações embaraçosas com desconhecidos, especialmente se eles forem rapazes giros, mas no fundo, nunca ninguém é, pois não?

-Espera não vás embora- disse ele, agarrando-me ao de leve no braço, mesmo no momento em que ia começar a correr dali para fora. O leve toque foi o suficiente para me acalmar. respirei fundo- Afinal, se estavas acordada estás com o mesmo problema que eu... não consegues dormir... -sorriu ele, timidamente, mas com o sorriso mais carinhoso e gentil que eu vi.

-Pois, nisso tens razão-sorri ainda um pouco embaraçada com o que aconteceu

-Senta-te -disse ele enquanto puxava uma cadeira branca para junto da dele e eu devagar, ainda um pouco desconfortável com toda a situação, sentei-me

-Também não consegues dormir? -perguntei eu

-Não.Venho sempre para aqui quando não consigo dormir, o que tem andado a ser frequente, e como a sala é à prova de som não acordo ninguém. A música sempre me distrai, e é como se fosse o meu lugar seguro- explicou ele, dando alguns acordes na guitarra. Olhei atenta, sol, dó, ré, e repetia.

-E posso saber porque é que não consegues dormir? Quer dizer, se não quiseres responder eu compreendo e respeito e...-comecei eu mas fui interrompida por ele, que pôs a mão no meu ombro e me olhou nos olhos como sinal de quem diz "cala-te"

-É estranho, sabes, ter pessoas aqui em casa. Não que eu vos esteja a culpar ou a dizer que vocês são más pessoas, mas é simplesmente estranho. Não estou habituado a uma casa estranha, a ter que partilhar tudo com pessoas que nunca vi na vida, e fingir que está tudo bem, quando na verdade este verão foi todo planeado sem pensar em mim.- suspirou- E agora eu devo parecer um mimado.

-Não de todo, eu compreendo perfeitamente! Aconteceu-me o mesmo, ia ter as melhores férias e foram canceladas, os meus pais nem pensaram como é que isto em ia afetar... Mas até parece um sítio bem bom aqui por isso acho que sempre podemos fazer companhia e compreender a dor um do outro-sorri eu e ele sorriu de volta

-Então não me achas um egoísta mimado e sem coração que só pensa nele e não na família...- sorriu ele na brincadeira, mas visivelmente ansioso pela minha resposta. De certo não queria que eu pensasse mal dele, e de certo não queria parecer ingrato. Exactamente os mesmos sentimentos que eu.

-Não estarás a descrever o típico adolescente? Se algum dia tens que pensar em ti antes dos outros são nestes anos, pelo menos essa é a minha teoria. Além do mais, se achasse isso de ti, o que é que ia achar de mim?- sorri, dando algum conforto ao rapaz.

Summer with you -Shawn Mendes (A EDITAR)Where stories live. Discover now