Capítulo 33

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Depois de mil beijos, prendas e desejos de muitas felicidades, consegui escapar das garras das minhas tias e tios que não via há anos. (problemas de ter famílias enormes...). A sala cheia ficou para trás, e, já me fazia ao caminho da parte de fora da casa para ir ter com o Shawn e os meus irmãos quando um corpo me bloqueia a passagem do longo corredor em tons de madeira e dourado. Mesmo em frente à porta que dava acesso à cozinha estava a pessoa que eu menos desejava ver. As minhas pernas tremeram, o meu coração saltou e parecia que eu o ia vomitar. Senti a minha cabeça a ficar zonza e a voz não queria sair. Estava tudo a acontecer de novo, tal como no dia em que o encontrei no riacho. O Sam estava à minha frente, com um sorriso maldoso e os seus olhos castanhos claros estavam escuros. Tentei virar costas e sair, correr, mas ele agarrou-me. 

A força da sua mão no meu braço era muita, o que me fez gritar, mas ele tratou de me olhar de forma ameaçadora. Aproximou a sua cara do meu rosto, e esta simples ação já me deixava enjoada, apetecia-me cuspir-lhe na cara, gritar, bater-lhe, mas o meu corpo não reagia. 

-Não te atrevas a fazer nada Savannah, tenho uma faca, e era uma pena que uma menina morresse no seu décimo sexto aniversário, não era?- disse ele ao mu ouvido.

 Esta era a altura em que o meu herói devia entrar pela porta, em que a minha mãe chegava e lhe dava um murro ou o meu pai lhe dava com a caçadeira do meu avô, em que os meus irmãos lhe davam uma coça, em que EU me poderia salvar e ser a minha heroína. Nada disso aconteceu, porque não era um filme ou um livro, era a pura realidade e, a realidade era que estavam todos demasiado divertidos para saírem das salas de convívio, para irem pelo corredor lateral pouco utilizado, para me verem, e eu, estava a meio de um ataque de nervos que não me iria ajudar de todo. 

Ele riu-se ao ver a minha expressão de medo. Como? Como é que gostei de alguém assim? Como é que tive coragem de estar com ele? Como é que não percebi antes, não disse  a ninguém?

-Vamos, tenho uma prenda guardada para ti desde o ano passado. Está na altura de a receberes, não achas?  

Arrastou-me por outro corredor da casa até ao lado de fora, e iamos a caminho do sítio que eu menos queria ir, do sítio que me trazia recordações que eu queria, e que tentara esconder. O riacho. Não o consegui parar, mesmo tentando fugir, e de qualquer maneira ele tinha uma faca. Senti-me tão indefesa, tão insegura, pequena, insignificante, e o pior era que eu já sabia o que me esperava e a ansiedade vinha ao de cima. 

Não me conseguia controlar ou defender. Eu, que sempre fora uma rapariga independente que sobrevivia a 5 irmãos, estava sem nenhuma opção. As pessoas não pareciam prestar atenção ao que as rodeava, mas a verdade é que mais tarde ou mais cedo alguém daria por falta da aniversariante, eu só esperava que fosse mais cedo. O Sam mostrava o seu sorriso manhoso, repugnante ao qual eu tinha caído de amores antes, e por vezes falava, mas sempre que ouvia a sua voz só me apetecia vomitar, cuspir-lhe na cara ou chorar, sendo que qualquer uma seria provável de acontecer a este ponto. 

Chegamos ao tão esperado sítio, e sou atirada contra uma árvore, de forma bruta, e acabo por cair no chão. Ele olha para mim, olhos cheios de maldade, um sorriso vingativo. 

-Agora, vais ser minha. -diz, aproximando-se cada vez mais de mim. 

O medo foi mais forte que eu, mas de dentro de mim veio uma força súbita, algo que eu não estava à espera. Dei por mim a dar um murro na cara de Sam, com mais força do que o que eu sabia que tinha. Com este golpe inesperado não foi difícil de escapar. Corri o mais que podia, a esperança ainda se via, ainda tinha tempo de fugir, de fugir de mais um pesadelo. 

Isto é só um sonho Savannah, é mais um dos pesadelos. Vais acordar mais uma vez e perceber que está tudo bem. Só um sonho, só um sonho. 

O problema é que não era um sonho, a esperança morreu e tudo pareceu cair quando os braços de Sam me agarram mais uma vez. Eu não ia acordar porque o que estava a acontecer era bem real. Esperneei quando ele me levantou, gritei, tentei livrar-me dele. Estava já sem esperança, eu sabia que ele era muito maior, mais forte que eu, mas eu tinha que tentar, eu tinha que fugir. mas ele não gostou da resistência. Atirou-me ao chão mais uma vez, desta vez, deitado sobre mim levantou-me os dois braços, mantendo-os fixos sobre a minha cabeça com uma das mãos, a outra começava a tocar o meu corpo, explorar, tudo de novo, como se nunca me tivesse tocado, como se nunca me tivesse conhecido. 

Summer with you -Shawn Mendes (A EDITAR)Where stories live. Discover now