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HOSEOK

Já faz uma semana que eu tenho sonhado com Taehyung. Sempre naquele episódio da rua, ele parado ao lado da janela do carro, me encarando. Eu ouço a buzina, olho para o semáforo, e quando volto a encarar a janela, ele não está mais lá.

É horrível. Sinto todo o nervosismo que senti na hora, e sempre acordo com o coração acelerado. Não acontece nada demais no sonho, mas ainda sim, acordo como se estivesse acabado de sair do pior dos meus pesadelos.

Corri os olhos por todo quarto, não vendo nada além das luzes da sala entrando pelas frestas da porta.

Atordoado, saí da cama, sem a mínima ideia de que horas eram.

Meus dedos tocaram a maçaneta fria, meus olhos precisaram de um tempo para se acostumar com a luz, ao passar pela porta. Tentei focar a vista em um ponto qualquer, acabando por encontrar Yoongi encolhido no sofá.

Enrolado em um cobertor vermelho, com Holly deitado em seu colo, enquanto assistia um episódio de Another.

– Tudo bem? – perguntou assim que dei a volta na sala em direção a cozinha.

– Eu tenho tido um sonho estranho essa semana – fui direto ao ponto, tirando da geladeira uma das garrafas de água.

– É um pesadelo?

– Não – alcancei um pacote de salgadinhos no armário – No dia em que aquela menina te atropelou com a bicicleta, eu vi o Taehyung na rua – contei, não tinha dito isso a ninguém até então – Desde esse dia, eu tenho sonhado com ele.

– Vocês conversaram?

– Não, eu estava indo buscar Jimin no trabalho, parei no sinal fechado e ele estava passando na calçada. Com outros dois garotos em direção a faculdade – expliquei, deixando a memória desse dia invadir meus pensamentos de novo – Taehyung me viu, e nos encaramos por um tempo. Eu me senti tão nervoso.

– Como ele estava?

— Bonito – comprimi os lábios, me sentando ao seu lado – E tenho certeza de que vi uma tatuagem no braço dele.

– Sabíamos que isso iria acontecer – arqueou as sobrancelhas, com um sorriso fraco – E você continua o mesmo idiota apaixonado pelo jeito.

– Meu coração acelerou como da primeira vez e doeu tanto... – confessei, baixando o olhar, me controlando para não começar a chorar na frente dele – Tenho sonhado com esse dia desde então, mas no sonho, eu desvio o olhar para o trânsito e quando olho de volta, ele desaparece, eu entro em pânico e acordo.

– Quer saber o que a minha psicóloga diria? – perguntou abrindo um sorrisinho.

– O que ela diria, Yoon?

Ele tem uma resposta dessas para absolutamente qualquer problema. E a essa altura eu nem me importo mais.

– Que você ainda não aceitou que perdeu – encolheu-se pelo frio – Ele some, então você entra em pânico. É como se o deixasse escapar todas as noites...

– Isso é tão melancólico – murmurei, levemente abalado pela sua explicação.

– Nada melhor do que pensamentos melancólicos durante uma madrugada fria – continuou – Agora quer saber o que eu acho?

– Sim.

– Bom, acho que você tem duas opções. Número um, aceita que acabou e segue sua vida. – mostrou o dedo indicador, enrolado em um band-aid da Hello Kitty – Número dois, para de choramingar e começa a correr atrás.

– Já perdi a chance.

– Você não sabe disso, e não vai saber se não falar com ele.

– Não sei, ele deve estar melhor agora.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEWhere stories live. Discover now