21

21.4K 2.9K 1.4K
                                    

TW: depressão, crise de ansiedade.

TAEHYUNG

Abrir os olhos e me deparar outra vez em meu quarto, é de longe uma das sensações mais angustiantes. Ter consciência de ainda estar aqui, de ainda estar preso nessa realidade insuportável é no mínimo desesperador.

Será que hoje é um bom dia?

Devem fazer três meses agora, ou até mais, acabei perdendo as contas para ser sincero. Não que isso faça alguma diferença.

As férias acabaram por passar rápido demais, e digamos que eu prefiro ficar em casa sem obrigações para fazer, do que ter que me preocupar com a escola.

Nos últimos dias tenho me visto como uma casca oca, sem nada por dentro, absolutamente nada. Como se o sangue em minhas veias tivesse sido drenado.

Estou acordado, sei que estou, mas não necessariamente vivo.

Vivos não se sentem definhar, muito menos sentem estar se dissolvendo em nada, tendo sua existência apagada aos poucos.

Isso é tão frustrante, é tão irritante olhar em volta e não me sentir confortável com nada. Tudo me incomoda profundamente, e eu estou tão cansado disso.

Acho que nunca me senti assim, nunca me vi tão vazio como tenho me sentido agora. Sem um motivo ou razão para continuar, parece que me perdi, que estou preso no lugar, sem poder voltar ou seguir em frente. Talvez eu tenha despencado.

Puxei o cobertor até a altura da minha orelha, apertando os olhos, ignorando completamente o fato de que preciso me levantar e encarar o primeiro dia de aula.

Estava quase voltando a dormir quando minha mãe passou pela porta, pude ouvir seus passos ao se aproximar, e então, sentando ao meu lado na cama.

– Você tem aula hoje, sabia? – perguntou, puxando o cobertor – Vamos, Tae, é o seu último ano – continuou, apoiando a mão em meu ombro.

– Não quero ir.

– Por que? Está doente?

– Não, mãe – resmunguei, puxando o cobertor de volta – Eu só não quero.

Ela suspirou, permanecendo em silêncio por um tempo.

– Mas precisa ir – avisou, afundando os dedos no meu cabelo – Levanta, vai – pediu – Não está com saudade dos seus amigos?

Sinceramente, não. Não sinto saudade de ninguém, com exceção dele. Sempre ele.

Não faz diferença se os tenho comigo ou não, vou continuar me sentindo sozinho.

Daehyun veio aqui em casa no mês passado, sem que eu a chamasse, apareceu na minha porta durante a tarde. Assistimos filmes, jogamos videogame, não foi ruim, mas preferia que não tivesse vindo.

Porque a cada minuto daquela tarde eu me senti pressionado, obrigado a parecer no mínimo bem, evitando desmoronar quando me perguntava sobre Hoseok. Quando por dentro tudo o que eu sentia, era uma enorme vontade de mandá-la embora para que eu pudesse dormir.

É tão horrível pensar assim, enquanto tudo o que ela demonstra é se importar comigo, me sinto um merda quando desejo que fiquem longe.

Mas é que, na minha cabeça, isso é o melhor que eu posso fazer por ela, dar a certeza de que está tudo bem, para que não precise se preocupar. As pessoas já possuem problemas demais para terem que lidar com os meus.

Essa porra toda é responsabilidade minha, só minha.

– Não posso faltar só hoje? – perguntei, enfim me virando para encara-la.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEWhere stories live. Discover now