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Taehyung mais uma vez não foi para a aula, soube disso no segundo em que ele entrou no meu quarto pela manhã, enfiando-se embaixo do meu cobertor e mantendo o silêncio por quase uma hora, enquanto eu terminava de ler um pdf.

– Porque não foi pra aula hoje? – murmurei, minha voz ainda rouca por não ter emitido um som desde que abri os olhos hoje.

– Não 'tô me sentindo bem – grunhiu, cobrindo as orelhas, encolhendo-se com o frio do ar-condicionado – Tá lendo o quê?

– O que você tem? Tá com febre? – ignoro sua pergunta, largando de lado o celular e me virando de frente pra ele.

– Não é nada – nega – O que você tá lendo? Espero que não seja fanfic.

Reviro os olhos.

– Eu não leio fanfic.

– Você tem cara de quem lê fanfic, Hoseok, não tente me enganar – sorriu, erguendo os olhos para bisbilhotar a tela do meu celular – Fala, tá lendo o que?

– Nada – bloqueio a tela, enfiando o celular embaixo do travesseiro e cruzando os braços – Você deveria ler alguma coisa, sabia? Aquelas séries ruins que você assiste, quase todas são adaptações de livros ótimos.

– Pra que ler, se eu já assisti a série? – arqueou as sobrancelhas, me tirando um riso descrente.

– Deus do céu, eu poderia expulsar você da minha cama agora – reclamo e ele ri, se atirando na minha direção e quase montando no meu colo.

– Vai me mandar sair, Hobi? – me roubou um selinho, endireitando-se no meu colo, prendendo o sorriso quando me viu perder a pose – Vai?

– Não – respondi no automático, amolecendo quando ele deitou a cabeça no meu ombro, afundando o rosto no meu pescoço e deixando ali um beijinho.

Passo meus braços ao seu redor, como se ele fosse capaz de fugir a qualquer instante, e o que ele faz quando o abraço é apenas soltar um grunhido, se desmanchando em cima de mim e mantendo o silêncio por minutos inteiros.

Volto a ler um tempo depois, sem deixar de notar que ele me acompanha curioso, pode não estar entendendo grande parte da história, mas seus olhos passam por cada parágrafo e não desviam por nada.

– Ele namora a irmã gêmea dela? – pergunta baixinho e eu faço que sim com a cabeça – E ela vai mesmo furar o olho da irmã?

– Tomara que sim.

– Você não tem cara de quem lê romance, eu já disse isso?

– Já – sorrio, olhando rapidamente para ele – Mas eu gosto, gosto de como tudo dá certo nos livros.

– Acho esquisito alguem que nunca namorou gostar tanto assim de ler romances clichês – provocou – É meio contraditório...

– Então alguém que nunca cometeu um homicídio não pode gostar de ler sobre romances policiais e thrillers? – rebato, e no mesmo segundo ele gargalha, caindo no espaço vazio ao meu lado.

– Tudo bem, você tem um ponto! – continuou rindo, dobrando os joelhos e balançando as pernas de um lado para o outro – Às vezes eu queria que minha vida fosse uma comédia romântica boba, onde ninguém é totalmente infeliz e tudo sempre dá certo no final, todos terminam felizes.

– É... parece bom.

– É perfeito – murmurou – É melhor do que a realidade.

– Mas nem todos os filmes e livros possuem um final feliz, Tae.

Ele faz que sim com a cabeça e solta o ar.

– Eu sei.

Não dizemos nada por um momento, nada além de silêncio e o som das nossas respirações.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEWhere stories live. Discover now