Eu estava pensando nisso durante todos os dias desde que pedi um copo d'água como desculpa para ficar na companhia de Jeon em seu apartamento. O conhecimento de que não poderia aceitar seu convite por conta de meu namorado transmitia tristeza pelo meu corpo, assim como todos os outros pedidos que eu era obrigado a recusar. Porém, essa decisão repentina de Yesung me deixou com um pé atrás. Ele nunca mais se propôs a me levar a uma confraternização, estaria aprontando algo?

— O que você está fazendo aí parado? — meu namorado me tirou de meus devaneios mais uma vez. — Vá se vestir, não quero chegar atrasado! — assenti silenciosamente, me dirigindo rapidamente para o quarto antes que ele pudesse reclamar comigo.

Iríamos sair do apartamento para um evento social, o que me fez sorrir abobado por longos minutos enquanto eu trocava minha vestimenta. Certamente meu divertidamente estava dando saltos alegres em toda sala de controle, finalmente tendo um tempo para assumir sua função e, por mais que eu estivesse um pouco desconfiado, era impossível evitar a felicidade instantânea.

🥀

— Antes de entrarmos por aquela porta — ele agarrou meu braço, o segurando com uma força que chegava a machucar — aviso já que quero você ao meu lado o tempo todo. Se precisar de sair de meu lado, avise, mas não fique longe muito tempo ou eu vou ter uma conversinha com você e Jeon não estará aqui para te salvar. Estamos entendidos?

— S-Sim... pode me soltar? Está me machucando. — minha voz estava trêmula, agora eu percebi a razão de ele estar calmo toda a semana. Ele estava esperando o momento certo para atacar e se revelar, tal como um leão rodeia a sua presa antes de avançar sobre mesma.

Ele me soltou, meu braço doendo como o inferno. Yesung se recompôs, sua expressão um pouco mais leve — não deixando de ser ameaçadora — e abriu a porta de nosso apartamento, a trancando depois de eu sair. Percebemos barulho dentro do 315 e podemos concluir que já havia chegado bastante gente. Yesung deve ter pensado muito antes de tocar a campainha, levando o seu dedo indicador ao botãozinho que permitia o som estridente se espalhar por toda a casa.

Porém, em um movimento rápido, eu bati na porta com meu pulso, tendo seu olhar espantado sobre mim. — É para não fazer mais barulho, já há barulho suficiente lá dentro. — expliquei e, antes que ele pudesse rebater, a porta se abriu.

Não foi o anfitrião da casa que nos recebeu mas sim a "vizinha chata do 319"— palavras de Yesung, não minhas —, que nos olhava espantada com cara de quem havia acabado de avistar um fantasma, já que nem aparecíamos para reuniões dos moradores.

— Olá, Soojin. — eu comecei, sorrindo simpático. Uma sensação de alívio me percorrendo por poder falar pessoalmente com outro ser humano sem ser Yesung. — Tudo bem?

— Taehyung, Yesung... achei que não apareceriam... — ela ainda nos olhava na mesma posição, mão na maçaneta e corpo rígido. — Que estupidez a minha, devia ter chamado Jungkook para vos receber. Mas entrem, por favor, não vão ficar aí à porta. Eu o vou chamar.

A mulher bonita e jovem nos concedeu passagem e fechou a porta, nos pedindo licença antes de desaparecer num cômodo daquela casa gigante. Eu ouvi Yesung bufar ao meu lado, provavelmente sem paciência para uma festa, ainda para mais porque ele odiava a Soojin. Nas suas palavras, a mesma era uma "mulher intrometida e sem escrúpulos" — foi o que proferira depois de uma visita sua a nossa casa devido a mais uma discussão das várias entre nós.

Eu não fiquei muito incomodado, apreciando aquele momento fora de meu apartamento e observando novas pessoas. Uma parte do convidados eram moradores, alguns do segundo andar também estavam presente e eu percebi que Jungkook estava bastante feliz com tudo aquilo. De certeza que fizera amizade quando os ajudara a compor um candelabro ou mesmo apenas desejando um "Bom dia!" alegre e animado, como ele sempre era.

Apartamento 316Where stories live. Discover now