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É estranho perceber o peso que uma pessoa tem na sua vida. A Manoela sempre esteve comigo quando eu precisei, nos momentos bons e ruins, eu sentia que poderia contar com ela para qualquer coisa, por isso doeu tanto descobrir que no fundo ela me odiava.

Creio que o mesmo se aplica para Henrique, ambos fomos deixados por pessoas que para nós eram muito importantes e de grande peso em nossas vidas. Desde que eu me mudei, não parei um segundo se quer para pensar como está a vida da Manoela. Será que ela está melhor sem mim? Será que sente a minha falta? Será que todos os anos de amizade que nós tínhamos nem significaram tanto assim para ela?

Eu queria poder entrar nas redes sociais e ver como ela está, mas ela me bloqueou de tudo. Eu poderia pedir para a Júlia me dizer como ela está mas ela com certeza iria me dar um sermão sobre como eu não deveria me importar com quem me fez tanto mal. Mas como o Henrique disse, não é fácil esquecer.

***

Faltam poucas horas para que o meu pai chegue do trabalho, eu queria fazer um jantar para agradá-lo. Nada haver com eu querer que ele deixe eu passar o final de semana com a Júlia e esteja planejando usar esse jantar como uma espécie de suborno... Não, nada haver.

Eu quero fazer uma surpresa, uma comidinha gostosa, sabe? O único problema é que eu não sei cozinhar e quase pus fogo no apartamento da última vez que tentei, por isso eu estou parada na porta do meu vizinho há 15min tomando coragem, não quero que ele pense que eu preciso da ajuda dele. Mas acontece que eu preciso.

Com a coragem que juntei nos últimos 15min, eu bati na porta. Pouco depois Arthur abriu a porta.

- Lily! Você veio para mais uma tarde de jogos? Vem entra logo - diz ele animado me puxar para dentro.

- Quem sabe outro dia. Na verdade eu estou procurando o seu irmão, ele tá aí?

- Tá sim, espera aqui que eu já volto. - ele fecha a porta e vai correndo em direção ao quarto do irmão. Pouco depois eu vejo um tanquinho lindo, definido e molhado saindo do quarto... Espera, o que?

- Nós conversamos há poucas horas e você já está aqui? Admita você ama a minha companhia. - Diz o tanqui... quero dizer, o Henrique. Ele está sem camisa, seu cabelo está molhado e ele tem uma toalha em seus ombros, provavelmente acabou de sair do banho.

- Na verdade, eu estou aqui para cobrar as aulas de tanquinho, digo, culinária que você ficou de me dar. - digo meio atrapalhada - Eu preciso fazer um jantar para o meu pai e você é a única pessoa que eu conheço que sabe cozinhar e que não tem nada melhor pra fazer, então vamos que nós não temos muito tempo.

- Ei! Eu tenho muito o que fazer

- Ah é? Tipo o que?

- Ver postagens no Instagram, jogar videogame, quem sabe eu até tire um cochilo.

- É sério isso? - falo cruzando os braços e levantando a sobrancelha. - você vai ter a vida toda para ficar de bobeira, mas agora eu preciso da sua ajuda, então vamos logo, por favor!

- Já que você pediu com jeitinho... Deixa só eu por uma camisa.

Pouco depois o Henrique aparece vestindo uma camisa e vamos para o meu apartamento.

- O que você quer cozinhar? - pergunta ele lavando as mãos.

- Comida? - digo com um sorriso frouxo.

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