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Nunca pensei que sentiria falta da Manoela.

Com tudo isso acontecendo, eu queria ter alguém pra conversar, pra falar sobre como eu estou me sentindo ou para me ajudar na decoração do meu quarto. Mas não sobrou mais ninguém. 

As aulas já começaram, mas fiz um acordo com meu pai: só vou na próxima semana. Com todos os preparativos do meu aniversário, eu não tive tempo pra comprar material escolar. Eu estou um tanto nervosa com essa nova escola, afinal eu não conheço ninguém, e é difícil ser a novata. E eu não sei se estou pronta para novas amizades, as últimas causaram um belo estrago.

***

Hoje é terça e finalmente vamos conhecer nossos vizinhos do 6° andar. Meu pai os chamou para um chá da tarde ou coisa parecida. Como nem um de nós sabe cozinhar, compramos algumas coisas na padaria. As 15:00 alguém bate na porta, vou abri-lá já que meu pai ainda está arrumando os pratos na mesa de centro da sala.

Ao abrir a porta, vejo várias pessoas com travessas e bandejas em suas mãos.

- Olá Vizinhos!! - dizem as pessoas ao mesmo tempo, acho que eles ensaiaram.

- Oi gente! Podem entrar, sintam-se em casa. - digo sorridente. Ao total são 5 pessoas, 2 mulheres , 2 homens e uma criança. A moça que está na frente se adianta para por a travessa e os outros a seguem como se estivessem esperando alguém tomar a iniciativa. Depois que todos entram, fecho a porta e vou pra perto do meu pai.

- Olá pessoal! Eu sou o Pedro e esta é minha filha Liliana, é um prazer conhecê-los. - diz meu pai amigavelmente.

- Oii, nós somos seus vizinhos da frente, eu sou a Amanda - diz a moça loira - e esse é meu irmão Tiago - completa ela aprontando para o rapaz ao seu lado, um moço moreno e alto.

- Eu sou a Luciana e esse é meu filho Arthur, nós moramos ao lado - diz uma moça morena ao lado de uma criança que eu diria ter no máximo 10 anos.

- Eu sou Albert, moro no final do corredor, é um prazer - diz um rapaz moreno e incrivelmente gato.

Depois de todos se apresentarem, ficamos de papo furado durante a tarde, eles nos contaram como era o bairro, as regras do prédio, onde era melhor comprar algumas coisas e para ter cuidado com a mulher que mora no 4° andar, pelo que eles disseram, ela é especialista em fazer a vida de todos um inferno com suas reclamações sem sentido.

Amanda contou que ela entregaram por engano uma encomenda na casa dela, e ela fez um escândalo dizendo que era dela agora e ela não tinha porque devolver se ela que assinou o pacote. Realmente parece uma bruxa.

Todos são muito amigáveis e nos receberam muito bem.
Ao final da tarde, nós já tínhamos comido tudo e nos tornado bons conhecidos.

***
-

Até mais, foi realmente um prazer conhecê-los, nós estávamos com medo de receber outra como a do 4° andar para piorar nossas vidas - diz Tiago rindo.

- Entendo, entendo - responde meu pai rindo também - Mas de qualquer forma, se precisarem de qualquer coisa, podem pedir, estaremos a disposição.

- Sim, sim, até mais - diz Amanda ao sair.

- Ah, só uma coisa, sua filha está matriculada no Pedro Álvares não é? - pergunta Luciana antes de sair.

- Sim mas ela só vai a partir da semana que vem, com a mudança, eu acho que ela precisa de um tempo pra se adaptar. - responde meu pai.

- Ah sim, entendo. Mas o colégio é meio longe, quando ela começar a frequentar as aulas, ela deve pegar o escolar, ele para na praça aqui da frente, só que ele passa bem cedo, as 6:30 e se ela chegar atrasada, vai ter q ir andando ou pegar um táxi. - explica Luciana.

- Ah sim, muito obrigada - agradece meu pai.

- Ei, é... Você poderia me dizer como é lá? - pergunto meio apreensiva, tenho que saber o que vou enfrentar - É que eu sou novata e queria saber como é sabe?

- Ah é ótimo! Bem tranquilo na verdade, meu filho Henrique, estuda lá, ele não veio hoje por que já tinha marcado de sair com os amigos, nós passamos as férias na casa da minha mãe, então ele não viu os amiguinhos e estava ansioso pra sair com eles, mas não se preocupe, você vai se adaptar rapidinho. - explica Luciana com um sorriso.

- Entendi, obrigada. - digo retribuindo o sorriso.

Depois que todos foram embora, eu e meu pai começamos a arrumar a sala.

- Amanhã vamos na rua comprar o seu material escolar, mas não podemos demorar muito, tenho uma entrevista às quatro e não posso me atrasar - diz meu pai empilhando os pratos.

- Você já tem uma entrevista??! - exclamo surpresa - Que ótimo pai! Onde é? Alguma empresa grande ou coisa assim? - Meu pai trabalhava como gerente de banco, mas ele tem muitas formações em diversas áreas, então ele é super qualificado e isso é uma coisa da qual me orgulho. Não vai ser difícil pra ele conseguir outro emprego.

- É de administrador em uma empresa de arquitetura, eu tenho uma boa formação em gerência e empreendedorismo, então devo conseguir, mas caso isso não dê certo, na quinta tenho outras 2 entrevistas, uma delas em uma empresa de contabilidade e a outra numa distribuidora. - diz ele orgulhoso, eu nem sei como ele arranjou tempo para isso com a mudança, acho que ele desistiu de procurar trabalho na sua antiga área. As notícias correm mais rápido do que se imagina.

- Que ótimo pai! Não se preocupe que vai dar tudo certo! Tenho certeza.

Após lavar e guardar a louça, fomos para a sala ver algo na TV, nós nunca tínhamos tempo pra ficar juntos como família, ele estava sempre trabalhando e quando estava em casa, estava muito cansado. Começamos a ver um filme qualquer quando alguém bate na porta.

- Alôô, tem alguém aí? Eu estou no lugar certo?

- É a mamãe! Finalmente - corro para abrir a porta, faz quase uma semana que não a vejo. Ao abrir a porta eu dou um abraço apertado nela, que não dura muito, afinal minha mãe nunca foi de demonstrar muito afeto.

- Ah, Oi querida, como você está? Tudo bem né? Ótimo, nossa, vocês fizeram um ótimo trabalho aqui, mas não é meio claustrofóbico? - diz ela entrando no local e deixando suas coisas na primeira superfície que acha.

- É e você nem apareceu para ajudar - diz meu pai em um tom tão baixo que eu até duvidei ter escutado.

- Querida, pode pegar as minhas malas na porta? - pede minha mãe ignorando o comentário do meu pai.

- Claro.

-Você acredita que o motorista se recusou a trazer aqui? Eu tive que trazê-la eu mesma! - diz incrédula, enquanto eu trago duas malas para dentro.

- Onde esteve? - perguntou meu pai se levantando.

- Ocupada, graças ao meu chefe, eu consegui um novo emprego em outra empresa, é alguns níveis abaixo do meu antigo cargo de co-gerente mas vai servir. - diz revirando os olhos - Mas tem uma condição.

- Qual? - pegunta meu pai.

- A empresa é do outro lado da cidade, a empresa está fazendo uma fusão muito importante com uma empresa de cosméticos, eles precisam da minha disposição a qualquer hora, seja para viagens de negócios ou vídeo conferências, então eu vou ficar em um hotel perto da empresa durante a semana, não se preocupem, a empresa vai arcar com os custos do hotel. - completa ela.

- O que?! Um hotel? Do outro lado da cidade? - pergunta meu pai irritado.

- Mas, mas e nós? Você não vai mais morar com a gente? - pergunta assustada com a notícia.

- Eu vou voltar para cá nos finais de semana e feriados, além do mais vou sempre manter contato e sempre que puder, dou uma passada aqui.

- Então para que as malas? - pergunto.

- Preciso trocar as roupas, não vou ficar andando por aí como se tivesse somente 10 conjuntos de roupas. Além do mais preciso dos meus cosméticos, se quiser ter sucesso, precisa parecer bem.

Durante o resto da noite, ajudei minha mãe a fazer as novas malas que ela iria precisar.

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Caboou
Até o próximo EP
Bjuu
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