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Ao final do intervalo, nós voltamos para a sala. Acho que não vai ser tão difícil quanto eu achava.

Volto para o meu lugar e me sento, mas, assim que eu sento, sinto algo molhado na minha bunda, antes que eu possa levantar e verificar o que é, minha cadeira é puxada para trás comigo junto, caio e bato a cabeça no chão. Todos estão olhando pra mim e dando risadinhas, quando levanto e me viro para sair da sala, tropeço em algo e caio novamente.
Todos caem na risada, ao olhar no que eu tropecei, vejo que a Rebeca tinha posto a perna para que eu caísse. É tão humilhante, corro para pegar minha mochila e sair o mais depressa dali, mas quando puxo a minha mochila, por alguma razão a cadeira vem junto e todos riem ainda mais. Ela estava amarrada na cadeira, sério isso? Desamarro a mochila o mais rápido que posso em meio a comentários do tipo "vai levar a cadeira junto é?". Pego a minha mochila e saio correndo da sala, na saída passo pelo professor da próxima aula que me questiona para onde eu estou indo, mas não dou importância e sigo em direção ao banheiro.

Fico repassando diversas vezes a cena na minha mente, foi tão humilhante. Como isso pode acontecer? No meu colégio particular, isso nunca aconteceria.

Pouco depois, o mesmo professor chega na porta e me chama.

- Liliana? Ta tudo bem?

- Vá embora - falo entre soluços.

- Olha, se tem uma coisa que eu aprendi é que se você se mostrar afetada por eles, é aí que eles vão mesmo implicar com você, não dê a eles esse gostinho.

- Você não estava lá, você não viu como foi humilhante!

- Na verdade eu vi, eles filmaram.

- O QUE?! -  Era só o que faltava, eu mal tive um novo começo e minha vida social já está arruinada.

- Calma, eu os fiz apagar, e estão dispostos a pedir desculpas, lembre do que eu disse, não se mostre afetada. Seja superior.

Apesar de tudo, ele tem razão, não posso me deixar afetar, aí sim eu estaria morta. Arrumo o cabelo e enxugo as lágrimas, minha cabeça ainda dói pela pancada, mas nem parece que eu passei por uma humilhação pública, então tudo bem. Saio do banheiro e tem um rapaz me esperando na porta, não prestei atenção quando passei correndo por ele, parecia jovem de mais para ser um professor.

- Oi, eu sou o professor de física, meu nome é Tárcio. -  diz ele estendendo a mão para me cumprimentar. 

- Eu sou a Liliana. - Respondo apertando sua mão timidamente. 

- Pronta?

- A minha calça ainda tá molhada.

- Hmm, tome, Você pode me devolver depois - ele tira a jaqueta que estava usando e me dá para que eu a amarre na cintura.

Voltamos para a sala e alguns meninos do fundo, juntamente com a Rebeca e alguns do grupinho dela, estão na frente e me pedem desculpas.

- Ótimo, agora vamos continuar com a aula, e espero que nada assim venha a se repetir - diz Tárcio.

- A culpa é dela que não sabe aguentar uma brincadeira - diz um garoto do fundo.

- Acontece que fazer uma colega de classe cair da cadeira no meio da sala não é brincadeira, senhor Pedro Henrique. Se a cadeira tivesse quebrado, uma de suas pontas poderia ter perfurado ela e no melhor dos casos ela ficaria paraplégica, no pior deles, ela seria empalada. - depois que o professor disse isso, todos os alunos ficaram em silêncio e de cabeça baixa - Acha que isso é brincadeira?

- Não professor. - responde ele, hesitante.

- Pois bem, vamos voltar para a aula.

As aulas prosseguem sem mais brincadeiras, durante o intervalo entre as aulas, algumas pessoas vem falar comigo e pedir meu número para me colocar no grupo da sala.
Depois daquela queda desastrosa, as pessoas que vem falar comigo são gentis no geral.
Na saída duas garotas vem ao meu encontro.

- Oi! Liliana né? - aceno com a cabeça - Eu sou a Jéssica e ela é a Ana.

- Olá! Eu achei muita babaquice da Rebeca fazer aquilo com você. Todos nós estudamos juntos desde a oitava série, então não estamos acostumados com pessoas novas.

- Tudo bem eu entendo, na minha antiga escola também era assim. - respondo amigavelmente, porém desconfiada, depois do que aconteceu, eu acho melhor ir com calma.

- Sabe, a galera sempre se reúne pra sair às vezes, se você quiser se enturmar, deveria ir, hoje vamos tomar um milkshake na praça de alimentação - disse Jéssica.

- Nossa, eu adoraria, mas não posso, eu acabei de me mudar, não conheço a região, não saberia como voltar pra casa, com certeza me perderia.

- Ah relaxa, a gente te indica o caminho qualquer coisa - diz Ana - Aliás, sendo bem sincera, seria bom você limpar sua barra depois do que houve, sabe? Pra não parecer que você tá com medo da Rebeca.

- Mas eu não tô com medo dela - digo abrindo um sorriso nervoso, na verdade quero mais é que ela se ferre, quem ela pensa que é?

- Ótimo, então não vai ter problemas, vamos - diz Ana me puxando pra junto da galera que já está saindo.

***

No caminho, ligo para o meu pai avisando que iria sair com o pessoal da sala e ele deixa, mas pede que eu o notifique caso eu vá para algum outro lugar. Pelo caminho algumas outras pessoas vem falar comigo, a Rebeca e o grupo dela estão lá na frente e nem olham pra trás.
No geral, estava tudo indo nos conformes. Chegamos até a praça de alimentação do shopping mais próximo e cada um foi pegar o que gostava. Depois todos se reuniram em um local e ficaram conversando.

- Puxa, e eu achando que ela iria virar a nova renegada da sala! - Disse Rebeca em alto e bom som, fazendo todos se calarem e começar a prestar atenção nela - Falta por uma semana e vira um ratinho protegido pelos professores.

- Rebeca, para, já deu tá - diz Ana se metendo na frente já que Rebeca começava a vir na minha direção.

- Não Ana, tá tudo bem - disse me levantando e encarando a Rebeca, eu nunca fui de me deixar ser atingida por uma qualquer, e não é hoje que isso vai começar.

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Cabou o cap
Espero que estejam gostando
Vou postar de 2 a 3 caps por dia, ou ao menos vou tentar.
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Bjuuss
:3

Complexo de PrincesaWhere stories live. Discover now