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Passo boa parte da noite chorando, não posso acreditar que minha vida está arruinada por culpa do meu pai e da maldita que se aproveitou de sua ingenuidade.

Eu não sou inteligente, na maioria das vezes meus pais pagam para que eu passasse de ano ou então pagavam aulas de reforço, já tentaram professores particulares, mas eu nunca gostei de me esforçar para isso. E agora que eu não vou ter uma faculdade particular, o que eu faço? Vou ter que estudar de verdade??! Eu não posso, não consigo, nunca fiz essas coisas, como posso ter certeza de que não vou errar? E se eu errar?? O que eu faço?
Eu não quero ser um fracasso. O que a mamãe pensaria? Mesmo que a empresa dela tenha falido, ela não saiu da linha, ela continua firme e forte, já até conseguiu outro emprego. E vai fazer de tudo pra chegar ao topo de novo. Como eu faço ela ter orgulho de mim?

Com tanta coisa na cabeça eu nem sei por qual problema começar. Vou até minha varanda, a noite está fria apesar de ter sido um dia quente. Sento de frente para o meu teclado.
A vovó saberia o que me dizer nessas horas, ela sempre sabia como me acalmar.
Passo os dedos pelas teclas e começo a pressioná-las aleatoriamente, até que me vem uma música na mente.

Era uma das que a vovó mais gostava.
La vie en rose.
Toco a música enquanto murmuro entre dentes a letra. É como se todos os problemas sumissem, sou só eu, meu teclado e a noite.

***

A semana passou voando, eu e meu pai não nos falamos muito apenas o necessário, toquei quase todas as noites, trazia a calmaria que eu precisava pra poder dormir a noite. De repente já era segunda. Eu mal dormi essa noite, a ansiedade de conhecer uma turma inteira me deixou acordada. E se não gostarem do meu cabelo? Ou do meu jeito de falar? Será que todos no meu antigo colégio só eram meus amigos pela minha aparência? Pelo meu dinheiro? Ou por mim?

- Bom dia - cumprimenta meu pai quando saio do quarto, praticamente pronta para ir para o colégio. Não respondo. - Sabe, você não pode ficar sem falar comigo para sempre, eu sou seu pai. Eu entendo que esteja chateada e que tudo isso seja um choque mas, não foi minha culpa, nem sua, nem da sua mãe e nem de ninguém. Tá, talvez seja culpa daquela mulher que praticamente nos chantageou. Mas, nós vamos superar isso, não vai ser tão ruim. Só tenta um pouquinho.

- Tenho que ir, vou me atrasar...

- Tudo bem. Não quer que eu te leve?

- Não, tenho que aprender a andar de transporte público, vai ser uma coisa comum a partir de agora. - digo abrindo a porta para sair - Bom dia.

Ok. Lá vamos nós. Ponho meus fones de ouvido e me dirijo a praça, que já está com bastante gente, todos de uniforme, exceto eu, pelo que eu soube, colégios públicos dão o uniforme. Pouco tempo depois que eu chego, o ônibus também chega. Eu esperava um lugar pra sentar, mas é só um empurra-empurra acompanhados de solavancos que o ônibus dá ao passar por quebra molas e já pisaram no meu pé umas 3 vezes.
Finalmente chego ao meu novo colégio. Parece um presídio.

Sabe qual é a pior coisa de ser a novata? Ser a novata. Você não sabe onde fica nada, depende de alguém, normalmente o estudando mais brilhante do colégio pra te mostrar onde as coisas ficam. É um saco.
Vou direto a direção já que não sei onde é minha sala, lá, a secretária me acompanha e a professora me apresenta. Olhando rapidamente para a sala, eu diria que todos de conhecem, dá pra ver que existem grupos, também tem garotos muito bonitos. Só tem lugar no fundão, e todos sabem que o fundão é o lugar dos piores alunos, onde só tem garotos babacas. A aula passa de forma rápida, os intervalos entre as aulas são tão curtos que nem cheguei a falar com ninguém.

***

No intervalo, algumas pessoas vem até minha mesa, uma garota muito bonita, cercada por um grupo de meninas, ela deve ocupar o cargo que eu costumava ocupar: a mais popular.

- Hey, Tudo bem? Você é a Liliana né? Eu sou a Rebeca, vimos seu nome na lista de chamada mas você não apareceu durante a semana passada, achamos que era mas uma desistente. - diz a garota com as mãos na cintura. Posso estar em um colégio público, mas ainda sim chamo a atenção do grupo ao qual pertenço.

- É que eu estava de mudança, foi uma confusão enorme.

- Bom, nós podemos te apresentar o colégio e te dizer com quem você deve andar - diz ela dando uma piscada pra mim.

Ela e seu grupo me apresentam as pessoas da sala e me guiam pelo colégio, não esperava ser tão bem aceita, mas quando é pra ser, será.

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Cabou por aqui
Espero que estejam gostando
Bjus galera
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