Capítulo 43 - Ian

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— Entendi... – Nora falou sem perder o ar de preocupação – Bom, vocês vão conversar e eu vou preparar algo pra você comer, ok?

— Nora, não precisa! – Allison tentou, mas Nora faria exatamente o que fazia comigo.

— É lógico que precisa! – falou rapidamente – Levo pra vocês no escritório.

— Obrigado, Nora. – falei com um sorriso e ela retribuiu.

— Não se preocupe, vou cuidar de tudo. – Nora falou saindo.

— Ela está bem? – Allison perguntou e eu balancei a cabeça.

— Ah, ela tá ótima. – eu falei – Ela acha que você não está. É diferente.

— Meu Deus... – ela falou enquanto caminhávamos pro escritório.

Apesar de termos quebrado um pouco do gelo, ainda era estranho estar ali, com ela. Quebrar um pouco do gelo não era o suficiente quando você estava falando de um iceberg. Éramos como o Titanic. O estrago tinha sido feito e nós dois estávamos revezando para ver quem sobreviveria mais tempo em cima da porta.

Ao chegarmos no escritório, ela se sentou no sofá e eu me encostei na mesa, dando espaço entre nós, para que não ficasse uma situação ainda mais estranha do que já estava. Ficamos os dois em silêncio por um bom tempo, Allison brincava os próprios dedos, nervosa, e aquilo já estava me deixando ansioso.

— Allison... – chamei e ela me olhou, levantando a cabeça rápido, como se não tivesse percebido o que estava fazendo. – O que você queria me dizer? – perguntei e ela suspirou, balançando a cabeça.

— Bom, acho que já passou da hora da gente conversar, certo? – ela falou hesitante e eu deixei a cabeça tombar pro lado, ainda olhando pra ela. Ela suspirou e fechou os olhos balançando a cabeça. – Não sei por onde começar, sinceramente – ela falou nervosa.

— O começo é uma boa opção.

Percebi que ela quase sorriu, e eu também. Tudo tinha mudado drasticamente e, ainda assim, tudo estava igual. As memórias estavam ali, os momentos de descontração e as brincadeiras que compartilhamos um com o outro.

O desejo infinito que eu tinha de fazê-la sorrir o tempo todo, porque o sorriso dela era simplesmente uma das coisas que eu mais amava.

No entanto, a mágoa, o ressentimento, o peso das coisas ditas e feitas também estavam ali.

A dor estava muito presente em nós dois.

— Quando foi me entregar a Olívia... – ela iniciou e eu suspirei, abaixando a cabeça. Odiava lembrar daquele dia, mas, por acaso, era impossível ignorá-lo. – Me acusou de ter mentido pra você.

Eu não respondi imediatamente.

Eu não queria brigar, mas tínhamos visitado esse tópico naquele mesmo dia.

Diante do meu silêncio, ela me olhou com certa tristeza.

— E você disse que não mentiu. – relembrei – Não contou a mentira, mas permitiu que eu acreditasse nela.

— Você deduziu algo... e nunca me perguntou o que realmente tinha acontecido. – defendeu-se, mas ainda com calma.

— Seja sincera comigo, Allison. – pedi, olhando em seus olhos – Se eu tivesse ido conversar com você, teria sido honesta comigo?

Ela mordeu o próprio lábio e suspirou, encolhendo os ombros.

— Honestamente? – perguntou, fazendo com que eu fizesse sim com a cabeça – Eu não sei.

Destinos Cruzados || Henry CavillWhere stories live. Discover now