Capítulo 40 - Allison

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Tudo estava acontecendo muito rápido.

Eu ainda não tinha coragem de contar tudo aquilo para Olívia, então ainda estávamos passando por uma fase difícil. Olívia não lidava bem com a ausência de Ian e não havia muito o que eu pudesse fazer para ajudá-la. Ian só veria Olívia outra vez, quando um juiz decretasse dessa forma. Até lá, eu sei que ela aprenderia a lidar com a falta dele.

Era só dar tempo ao tempo.

No dia da audiência, não demoramos lá mais que meia hora. O juiz leu o caso, Kevin apresentou os argumentos de Ian, e Thalia apresentou os meus. Ela não perdeu tempo em questionar as certezas de Ian sem um exame de DNA, que, se ele possuía, era ilegal. Fui pega de surpresa por ela ter jogado esse fato sem que Kevin o mencionasse, mais surpresa ainda fiquei quando Kevin concordou com ela.

Ian estava visivelmente contrariado, mas permaneceu calado, aguardando que Kevin terminasse. Kevin e Thalia concordaram com o pedido de um novo exame de DNA e que todos os envolvidos fossem de total imparcialidade com qualquer um de nós dois.

Foi uma situação bem difícil.

Eu evitava olhar para Ian. Não queria olhá-lo! Era insuportável vê-lo ali, naquela posição, naquelas circunstâncias, mas vez ou outra eu não resistia e acabava me permitindo um olhar rápido na sua direção, só pra flagrá-lo fazendo o mesmo e desviando o olhar desajeitadamente, assim como eu.

Ele estava péssimo.

E lindo. Ele sempre estava lindo.

Parecia tão desgastado pelo estresse e pela tristeza quanto eu, mas ele continuava lindo de morrer.

Eu sentia uma vontade louca de partir pra cima dele e socar o bom senso e o juízo de volta em sua cabeça, mas também tinha vontade de correr até ele, abraçar e prometer que ficaria tudo bem, dizer que resolveríamos juntos e ajudaríamos um ao outro como fizemos tantas vezes no nosso breve tempo juntos.

Era só isso o que eu queria. Era tudo o que eu queria.

Infelizmente, ele estava irredutível e não ia parar até provar por A mais B que Olívia era sua e eu a tinha sequestrado quando não tinha mais que vinte e quatro horas de vida. Me partia o coração pensar que ele realmente acreditava nisso. Será que ele não se questionava a respeito dessa acusação? Nem mesmo por um momento breve?

Ele achava mesmo que eu seria capaz de uma maldade dessas? Tudo o que eu fiz foi salvar a vida de Olívia. Ele saberia disso se me deixasse falar, se tentasse me ouvir.

Eu só queria que ele me ouvisse uma vez.

Naquela manhã, deixei Olívia na escola e fui direto para o tribunal. Ela não precisava saber ainda o que estava acontecendo, mas também não me agradava a ideia de deixar para contar tudo na última hora. Eu simplesmente não sabia o que fazer, estava a ponto de ter um colapso nervoso.

A última vez que fiquei tão mal, com algo, foi quando perdi Louisa. Nem mesmo a partida de Logan me deixou tão fragilizada, mas, dessa vez, eu sentia como se estivesse perdendo tudo o que mais importava, de uma vez só. De quebra, ainda levaria duas pessoas inocentes, que não fizeram nada além de ajudar uma mulher desesperada e, como médicas, cuidar de diversas mães que muitas vezes estiveram na mesma situação em que eu estive. Vivendo a dor de enterrar uma criança que não chegou a viver. Meu corpo diariamente dava sinais do meu desgaste emocional, de maneiras que me assustavam algumas vezes.

Nas duas primeiras semanas, sentia um cansaço absurdo.

O estresse da situação acabava comigo, mas eu preferi focar na confeitaria, no trabalho. Eu precisava seguir minha rotina, até mesmo para não alarmar ainda mais Olívia. Se eu ficasse em casa, dormindo a cada hora, como eu sentia vontade de fazer, ela provavelmente ficaria pior do que já está. Já bastava os fins de semana em que eu só acordava pra levá-la ao Central Park e caía de sono no instante em que chegava em casa.

Destinos Cruzados || Henry CavillDonde viven las historias. Descúbrelo ahora