– Não. Já me chamaram no semestre passado para falarmos das suas faltas, e eu sequer sabia que você estava faltando tanto – riu soprado, balançando a cabeça em negação – Não pago mensalidade para você perder as aulas, Taehyung – disse rígida.

– Eu sei – murmurei, vacilando o olhar.

– Suas notas são boas, não posso reclamar. Mas faltas também reprovam, e você sabe disso...

Concordei, antes de me sentar, abaixando a cabeça.

– Agora levanta. O primeiro dia não pode ser tão ruim assim – sorriu, segurando meu rosto para que eu pudesse encará-la nos olhos – Vou te deixar na escola, pode ser?

Concordei brevemente com a cabeça, lhe tirando um sorriso satisfeito, antes de plantar um selinho rápido nos meus cabelos.

Esperei que ela deixasse o quarto, para só então começar a me organizar. Praticamente me arrastei até a mochila, enfiando os cadernos e canetas para dentro, coisa que eu deveria ter feito semana passada.

No banho, eu só conseguia pensar em uma forma de convencê-la a me deixar ficar em casa, ou pelo menos que desistisse de me dar carona, assim eu teria uma chance de faltar sem que ela soubesse.

Ir para a escola e ter que enfrentar uma manhã inteira, preso em uma sala com pessoas irritantes ao meu redor. Sem vontade alguma de entender o que diabos a professora está tentando explicar, porque, de verdade, eu não me importo nenhum pouco.

Quando desci as escadas, e me deparei com a mesa do café posta, precisei conter a minha enorme vontade de dar as costas, e subir de volta para o quarto e me trancar lá dentro.

Nem fome eu consigo sentir mais, absolvido de qualquer mínima vontade. Como isso pode ser possível?

Me recusei a comer, mesmo depois de minha mãe ter insistido quase quatro vezes, não consegui me forçar a isso. Ela ficou irritada, ou decepcionada comigo, tenho causado isso nela ultimamente.

Eu acabo decepcionando ela todos os dias, mais e mais, por simplesmente ser incapaz de fazer o mínimo.

Durante todo o caminho de carro até a escola, a ouvi falar algo sobre minha alimentação, sobre eu estar comendo menos do que comia antes, o que já era considerado pouco. Entrava por um ouvido e saía pelo outro, não prestei atenção em nenhuma palavra dita.

Me despedi dela, forçando um sorriso antes de descer do carro e caminhar para dentro do prédio.

Daehyun se aproximou com um sorriso largo no rosto, grudou em mim como chiclete, e me arrastou até a sala de aula.

– Como você está? – perguntou, ao nos sentarmos nas carteiras vazias no centro da sala.

– Estou bem.

– Está mesmo? – arqueou as sobrancelhas – Não nos vemos à semanas...

– Já disse que estou bem – rolei os olhos, abrindo um sorriso mínimo – Você se preocupa demais...

— Sim! Porque somos amigos, e você costuma sumir por dias, ignora as minhas mensagens e depois aparece, como se nada tivesse acontecido – justificou, gesticulando exageradamente.

Parece que estou decepcionando ela também.

– Às vezes eu preciso de um tempo. É normal – dei de ombros, fazendo pouco caso da situação.

– Sim, é só que... – ponderou antes de continuar – Você parecia mais feliz quando estava com Hoseok, agora você parece mais...

Insuportável, fraco e incompetente. Ecoaram as vozes na minha cabeça.

VANTE: GIRASSÓIS DE DANTEWhere stories live. Discover now