Capítulo 38 - Vínculos despedaçados

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Hugh sequer ponderou para dizer que sim e mal imaginava ele que, em verdade, os gêmeos haviam planejado tudo. Sabiam que seria impossível que os criados conseguissem preparar uma viagem em questão de horas, o que, consequentemente, obrigá-los-ia a permanecer em Londres ao menos um outro dia. Era a oportunidade que precisavam para tirar os irmãos Dufour do casarão e assim explicarem longe da presença do duque o porquê de partirem tão abruptamente.

O pai não negaria aquele pedido, dadas as circunstâncias.

Assim que o jantar terminou, mesmo a contragosto, Christinie pediu licença e se retirou para ir ao seu aposento. O toque sorrateiro que deu na mão do irmão antes de levantar era o sinal de que o deixava responsável por avisar Julien e Eloïs; ela olhou para o amado e então subiu.

Quando, enfim, os três rapazes se juntaram a sala de estar sem a presença do duque, o ruivinho logo contou que não deveriam se encontrar naquela noite, isso porque Mariana estava desconfiada de sua irmã e seria perigoso para todos se, ocasionalmente, a criada flagrasse as visitas noturnas que andavam fazendo escondido. Não podiam dar ao luxo de serem pegos.

Os Dufour concordaram e disseram que esperariam para entender o que de fato acontecia.

Julien, mesmo inserido no diálogo que seu irmão e cunhado tentavam manter, sentia a falta de Christinie ao seu lado. O vazio da ausência dela só fazia crescer a angústia da inevitável separação, pois, os dias seriam daquela maneira quando partissem; ele não prolongou sua permanência ali. Seu humor estava longe de permitir que se distraísse. Além disso, queria dar ao menos um pouco de privacidade ao casal, já que eles também teriam que se afastar.

O mais velho subiu lentamente as escadas e caminhou da mesma forma pelo corredor. Antes de entrar no quarto, olhou fixamente para a porta da ruivinha e, suspirando, refugiou-se.

A sombra da separação perturbou seu sono.

No dia seguinte, respeitando o horário marcado, Julien desceu na companhia do irmão para encontrarem os gêmeos. Eles conversariam no decorrer do brunch, aquela refeição tão britânica.

Christinie conteve o impulso de lançar-se nos braços do amado. Passara somente uma noite longe do calor reconfortante dele e tinha a impressão de que seu peito explodiria de saudades. Como suportaria a distância quando parecia que estava prestes a padecer com uma única noite?

Teria que ser forte. Mais do que já era.

Escolheram um pequeno, mas acolhedor, restaurante na região de Islington. Um lugar reservado e longe dos nobres olhares alheios era o ideal para àquela conversa. Foram agradavelmente recepcionados por uma mocinha que deveria ter quase a idade de Christinie e pediram um brunch completo, com direito a brie e presunto cru, além de pães e omeletes bem recheados.

Reunidos em torno da mesa estreita, os quatro jovens puseram-se a falar. No caso, os gêmeos.

— Sei que pareceu precipitado e realmente foi. Mas temos um bom motivo para retornar a Northumberland e não é necessariamente o nosso tio. — explicou Christinie, em voz baixa.

Os pratos não demoraram a chegar, tão apetitosos que roubaram a atenção deles por um instante. A mesma mocinha que os recepcionara, serviu o black tea e em seguida misturou com leite.

Uma vez que ela se afastou, a conversa foi retomada.

— Ele não esteve doente? — questionou Julien, adicionado um cubo de açúcar em sua bebida.

— Sim, esteve. Mas já melhorou. — respondeu Christinie — Comentou isso na carta também.

— Se não estão voltando por causa da saúde de Lean, então por quê?

O Mais Belo VermelhoWhere stories live. Discover now