Capítulo 11 - Receios e verdades

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O baile de noivado se aproximava e, com ele, mais responsabilidades.

Julien via-se envolvido em obrigações e passava grande parte de seus dias acompanhado de lady Suzanne, que, misteriosamente, estava se comportando de maneira fora do habitual. Não que ela já tivesse demonstrado algo além dos impecáveis modos com a filha de um nobre estando em sua presença. Mas aquela postura arrogante, principalmente diante dos irmãos mais novos, havia desaparecido nas últimas semanas.

Bem como ela também parecia menos insegura, uma vez que sustentava seu olhar que outrora desviava com muita facilidade. Ele até mesmo teve a impressão de que, em certa ocasião, sua pretendente insinuou ligeiramente que estaria pronta para que seguissem ao próximo nível. Que as conversas se convertessem para toques sutis.

O problema em questão era que o próprio Julien não estava pronto para tal. E a solução que encontrou foi esquivar, ainda que a situação em um todo lhe obrigasse a estar com Suzanne.

Tal como estava naquele exato momento na sala de estar.

Sentados um ao lado do outro e a sós, como o duque permitira visto que o dia do baile estava próximo, os noivos conversavam sobre os últimos detalhes, já que a maior parte dos preparativos encontravam-se praticamente finalizados.

— Os convites foram encaminhados conforme a etiqueta. — comentou Suzanne, fazendo uma pequena marca nesse item da lista — Enviei para um número maior de pessoas, afinal, há sempre aqueles que não comparecem. Mas ainda assim respeitei as proporções do nosso salão. Não queremos estragar a diversão daqueles que amam dançar, não é?

— Só temos que nos assegurar de que os números de dançarinos de ambos os sexos sejam iguais. — pontuou Julien — Afinal, existe a possibilidade de que jovens senhoras não consigam parceiros.

— Não se preocupe. Não permitirei que nosso baile seja arruinado por conta disso. — ela tentou não soar com insolência — Mas, em todo caso, pedirei que providenciem uma sala para acomodar as senhoras e tudo o que precisarem. Está bem assim?

O Dufour balançou a cabeça, sentindo-se cansado de retornar ao mesmo assunto, e alheio as suas próprias vontades naquele baile – mesmo não tendo nenhuma em especial.

Enquanto Suzanne comentava algo sobre dedicar uma sala apenas para os comes e bebes, o rapaz olhou através da janela e devaneou encarando o bonito céu azulado de primavera.

Aquela ideia do duque de que descansasse até o dia do baile deixou de ser proveitosa a muito tempo, se o fora em algum momento, o que Julien duvidava muito. Não pudera fazer quase nada e admitia que sequer tinha cabeça para qualquer outra coisa, já que estivera ocupado demais com a organização do baile e, é claro, pensando em lady Christinie.

Fazia semanas desde que o cavalariço Aeryn havia partido e, apesar dos ares entre ele e a ruivinha continuarem em sua estranha normalidade e as dúvidas em relação a misteriosa condição dela girarem dentro de sua cabeça, Julien preferiu não questioná-la sobre o que descobrira – menos ainda contar sobre o confronto que tivera com o loiro.

Ainda tentava se manter longe, mas como Aeryn dissera, a cada dia se tornava mais e mais difícil tirar os olhos dela. E isso lhe dava medo.

Medo porque sabia que seu coração, pouco a pouco, era preenchido imprudentemente por ela.

Como se os céus estivessem ouvindo e sendo cúmplice de seus mais íntimos desejos, e quisesse agraciá-lo (ou puni-lo), Christinie apareceu de repente, correndo, seguida por Christian que vinha logo atrás. Ambos sorriam.

O Mais Belo VermelhoWhere stories live. Discover now