Capítulo 01 - Os gêmeos

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Olá pessoal, tudo bem? :)

Bom, esse é o meu primeiro romance de época, então espero fazer um bom trabalho. Assim como espero que vocês gostem :3


1812


Debruçado sobre o costado do navio, sentindo a brisa fresca daquela tarde de primavera contra o rosto, Julien observava a costa da Inglaterra ficar cada vez mais próxima. Depois de longos e exaustivos dias em alto mar, aguentando uma viagem pouco confortável, finalmente iriam atracar. E a partir dali, logo que colocasse seus pés em terra firme, começaria uma nova etapa de sua vida.

Um dos poucos sonhos que o jovem Julien mantinha em sua vida estritamente traçada desde o nascimento era conhecer o mundo. Especialmente o velho vizinho de que tanto ouvira falar. Mas, apesar de resignado com o motivo de sua visita àquele país que tanto idealizou estar um dia, ele não estava de fato feliz.

Ainda que suas responsabilidades como primogênito e herdeiro da família Dufour sempre lhe tenham sido muito claras, o rapaz supôs que poderia ao menos aproveitar sua ida a Inglaterra para vivenciar a experiência de estar naquele país.

No entanto, a razão de sua visita lhe rondava os pensamentos e dissipava quaisquer chances de ver aquela viagem como algo positivo e não imposto, embora realmente o fosse. Julien sabia o seu lugar. Assim como sabia que, independentemente de qual tivesse sido a sua opinião acerca do assunto, não poderia negar as palavras de seu pai. No fundo, ele não se importava tanto.

Estar enredado em um casamento arranjado era somente mais uma de suas várias incumbências. Em seus vinte e dois anos de idade, ele nunca conhecera o amor e atrevia-se a dizer que não o conheceria. Era cético quanto a isso, uma vez que em sua própria casa jamais vira um exemplo desse sentimento. Seus pais também se casaram por conveniência e, ainda que houvesse apreço e respeito mútuo entre eles, amor era algo que não existia naquela relação.

"Como alguém sente aquilo que nunca viu?", era o que pensava.

Então, sustentado por sua convicção, não houve porquê recusar o seu casamento arranjado com a filha mais velha do duque de Northumberland. Velho amigo e sócio de seu pai. Ocasionalmente, o seu futuro sogro. Afinal de contas, não era como se ele esperasse encontrar e casar com alguém que amasse.

Casamento, para ele, jamais seria sinônimo de amor.

Cansado de seus devaneios, Julien ergueu os braços e soltou um longo suspiro. Fosse o que fosse, não tinha mais volta. Em poucos minutos desembarcariam e então iriam de carruagem até o ducado de Northumberland, onde estavam situadas as propriedades do duque, na divisão com o sul da Escócia. Escutara por alto que as terras daquela região eram deslumbrantes e cheias de aventuras inexploradas. O jovem Dufour gostaria de lançar-se em algumas com seu irmão.

Bem, isso se Eloïs quisesse segui-lo.

Seu irmão, apesar de companheiro, era do tipo que preferia ficar imerso em livros e partituras do que correndo por aí. Sempre fora assim desde a infância. Tanto que, com exceção dos cabelos castanhos, os irmãos não se pareciam em nada.

Julien era robusto, forte e com a pele mais amorenada. Enquanto Eloïs era esguio e tinha a pele quase leitosa pela falta de exposição ao Sol.

No entanto, o mais novo dos Dufour era um exímio pianista. De um intelecto invejável e astuto como poucos. Carregava um semblante sério e compenetrado, mas, perto de quem prezava, tinha um sorriso tão doce quanto o de um menino. Não era à toa que ambos fossem cobiçados pelas moças. Muito cobiçados.

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