Sintonia

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Eu ainda estou tentando raciocinar tudo que está acontecendo, porém a boca de Jimin grudada na minha não me ajuda nem um pouco a pensar. Aliás, eu até penso, mas apenas no quão macios seus lábios são. Além disso, ao mesmo tempo que eu quero me afastar, quero também chegar mais perto, e é instintivo simplesmente puxá-lo para mais perto ainda pela cintura, inclinando para o lado meu rosto.

Sei que tem alguém nos olhando, porque o barulho de passos havia cessado, entretanto eu já não me importo mais com isso. Jimin não aprofunda o beijo, não enfia a língua na minha boca, ele apenas permanece movendo seus lábios sobre os meus de forma sutil e delicada, me fazendo sentir sensações até então nunca experimentadas por mim.

— Isso é nojento! — Ouço a voz de Nayeon extremamente próxima, mas eu estou tão conectado a Jimin que me sinto em uma dimensão totalmente diferente.

E é por isso que, antes de me afastar, deposito mais um selinho sobre seus lábios, ganhando um sorriso tão largo que é impossível não sorrir junto a ele. Essa foi uma maneira de ignorar Nayeon e seu preconceito,  uma maneira de ignorar tudo de ruim que nos cerca.

— Nojento é a sua inveja. — Jimin sussurra sem ao menos olhar para a garota, me abraçando pela cintura e deitando a cabeça em meu ombro. — Porque o que eu e Jungkook temos certamente não é nojento.

Sorrio fraquinho, vendo Nayeon sair de casa pisando duro no chão. Pelo menos com ela eu talvez não precise mais me preocupar nos próximos dias — espero de coração que não precise nunca mais colocar meus olhos nela. Jimin me olha de canto e sorrimos cúmplices um para o outro, logo sendo interrompidos de um momento tão amorzinho pelo pigarrear de meu pai e o olhar curioso que minha mãe nos dirige.

— Fiz algo errado? — Indago a eles. 

Perto dos meus pais eu ainda me sinto uma criança assustada que precisa muito de proteção. Entretanto, nesse momento, eu sinto que a minha força para lutar é esse ser humano que está agarrado em mim.

Minha mente está repleta de questionamentos, mas eu tento não pensar sobre isso, ou vou enlouquecer ainda mais. Até horas atrás eu pensei que fosse heterossexual e que Jimin seria realmente apenas meu namorado por encomenda, pensei que ele não fosse me deixar com dúvidas por conta de um beijo — e nem foi beijo de língua ainda por cima — e de alguns sorrisos que me direcionava.

Mas talvez a minha certeza sobre não ser gay ou ao menos bissexual apenas existia em meus sonhos, porque na realidade... nem eu mesmo já não estou mais acreditando. Claro que apenas um beijo pode ser algo precipitado para me dar uma verdadeira resposta sobre o que eu gosto, contudo eu sei que há a possibilidade de eu vir a sentir desejo por Jimin. Até sentimentos podem chegar com o tempo. Isso me assusta!

— O almoço já está pronto. Posso servir? — Ah, como eu amo Jihyo e sua forma de chegar nos momentos em que mais preciso de ajuda.

— Claro que pode, estou faminto. — Minto, porque eu nem estou com tanta fome assim. Apenas quero fugir do olhar de meus pais, esse que tanto parece me queimar no momento.

E Jimin afirma que também está com fome, apertando minha cintura como se mostrasse que está ao meu lado. E quando eu o olho, sinto que estamos, de certa forma, em sintonia.

Pensei que Jimin ficaria envergonhado sob o olhar acusador dos meus pais, mas ele parece tão pleno que nada seria capaz de derrubar seu sorriso de canto. Percebo desse jeito o quanto eu posso me apegar a ele, e ainda que apenas seis meses estejam me sendo dados eu quero aproveitar.

Além disso, podemos ser amigos quando esse tempo passar, não é?

— Está tudo bem? — Sussurro minha indagação a Jimin, ele segura minha perna por baixo da mesa e eu posso sentir que ele está um pouco nervoso. — Vai ficar tudo bem.

Namorado Por Encomenda | jjk + pjmOù les histoires vivent. Découvrez maintenant