Namorado

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Dentro do carro, tudo que eu desejo é conseguir respirar de forma tranquila. Eu sei que Jimin sente minha inquietação, afinal ele está logo ao meu lado. No dia anterior me senti confuso, e até agora ainda me encontro pensativo. Tudo começou por culpa de Jimin e Taehyung.

Eu permaneci por um bom tempo encarando os dois em busca de uma resposta, mas eles apenas ficaram se olhando e respirando fundo. Pude enxergar certa raiva em meu melhor amigo, enquanto em Jimin via resquícios de mágoa. Foi estranho, porque nunca vi uma aura tão pesada em Taehyung, e olha que somos melhores amigos há anos.

E até agora eles não me explicaram que droga foi aquela, me deixando confuso e frustrado, e também um pouco magoado pela falta de confiança — principalmente vindo de Kim Taehyung.

— Não vai mesmo me contar de onde conhece o Taehyung? — Arrisco perguntar, sabendo que ele com certeza não vai me responder.

Mas, veja só, eu estou me coçando de curiosidade. Eu preciso saber!

Jimin suspira e, com isso, percebo que ele não vai mesmo tirar minha dúvida. Eu só quero saber de onde ele e Tae se conhecem, o que pode ter acontecido de tão ruim para esse receio todo em me contar?

Jimin me olha quando paramos em um semáforo e solta mais um suspiro antes de respirar fundo. Céus, o quão grave ou turbulento foi o passado deles? Por que todo esse mistério?

— Apenas saiba que isso deve ficar no passado. Não me pergunte mais, por favor. — Seu tom calmo não deixa transparecer o nervosismo que suas mãos trêmulas me passam.

Eu respeito seu pedido, afinal ele deve ter bons motivos para não querer me contar o que aconteceu entre eles ou como se conhecem. Além disso, Jimin e eu não somos íntimos o suficiente para abrirmos tantas portas um com o outro de uma só vez. Confiança exige tempo, algo que certamente não temos ainda. Nos conhecemos há somente uma semana, então é totalmente compreensível o fato de guardarmos segredos ao invés de contarmos um ao outro.

— Tudo bem. Eu não queria ser intrometido. — E não queria mesmo. É apenas curiosidade. Jimin dá de ombros e assente com a cabeça. — Como eu devo me portar com você na frente deles? Já tive meus casos, mas nunca namorei.

— Deve segurar minha mão, me tratar de forma gentil, talvez encontrar algum apelido carinhoso. Só não seja exagerado. — Explica de forma tranquila, parecendo sentir o ar mais leve da mesma forma que eu também estou sentindo. — Precisamos passar sutileza e naturalidade, se formos exagerados só deixaremos evidente o quão péssimos atores nós somos.

Acabo rindo. Me sinto nervoso conforme chego mais perto da casa de meus pais nessa manhã de domingo, mas, ao mesmo tempo, me sinto em uma forte adrenalina. Nayeon também estará presente nesse almoço, por sorte os pais dela não, mas eu já posso ver o escândalo que vou provocar. Me sinto em um tremendo alvoroço interno, misturado com toda a inquietação eminente, mas já é tarde demais. Ou eu faço isso, ou faço isso. Não existe uma segunda opção.

Jimin tenta me tranquilizar quando eu estaciono na frente da grande casa, deixando bem claro que tudo vai certo.

E eu não acredito nisso, de verdade, mas me agarrar a essa esperança é o melhor que posso fazer agora.

— Você não pode esquecer que a sua alegria vem em primeiro lugar. Além do mais, você estuda, mora sozinho, trabalha e se banca, ninguém pode se intrometer na sua vida. — Conclui, descendo do carro após me direcionar um sorriso.

Também desço e tranco o veículo, guardo meu celular no bolso da calça e vou para o lado de Jimin. O encaro em dúvida e ele sorri mais uma vez, pegando minha mão e entrelaçando seus dedos nos meus. É uma sensação diferente, não por ser a primeira vez que eu seguro a mão de alguém — porque logicamente não é — e sim por eu saber que esse ato, misturado ao seu sorriso, servem para mais que apenas nosso teatro: servem para ele me acalmar um pouco.

Namorado Por Encomenda | jjk + pjmWhere stories live. Discover now