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o bebê chorão.

mas tu queria o quê? que eu não levasse para o coração? às vezes, quando meus dedos coçam as pálpebras vermelhas e me encolho sob o lençol, eu molho meu travesseiro com as lágrimas que jorram não sei de onde. bebê chorão, foi o que falei de mim certa vez. me sinto chato, desprezível. eu deveria mandar-te um pote com minhas lágrimas, para que ponha na tua prateleira como teu mais novo troféu (como tantos outros que chegou a ganhar durante tua vida). eu perguntei a mingi se sou interessante, pra saber direitinho sobre isso. ele riu, falou que estava sendo estúpido. eu não me machuco com as coisas que mingi fala, mas se fosse tu falando isso para mim, eu me sentiria triste. mas agora eu sempre ando triste, devo contar-te. tenho tentado de tudo, tenho lutado demais, tenho chorado de dor. dor externa e interna. dor de ser empurrado, espremido, de correr, de ficar em pé. dor de ser insuficiente, chato, ser ignorado, ser repulsivo e careta. dor de ser eu. queria poder sair do meu corpo por alguns instantes, ver como seria se não existisse. eu gostaria de não existir por um tempo, até sentir-me bem. não foi você que causou isso em mim, você apenas abriu meus olhos sobre essas coisas. e eu te entendo, sabe? te entendo bastante. demasiadamente. eu também não ficaria comigo, não. você estava certo quando gritou comigo, me insultou, me igualou a zero na tua vida. você estava certo quando me fodeu por inteiro, seu filho da puta. eu te amo. te amo tanto, nem paro de chorar. toda vez que lembro daquela puta noite, me dá vontade de chorar. sério. de tu dizendo aquilo, sabe? aquilo tudo. eu não deveria ter te procurado, eu não deveria ter ido atrás para tirar satisfação de algo que estava na cara. tu nem nunca ligou e meu erro foi pensar que você teria alguma consideração por mim. você não tem. nunca teve. mingi diz que dou demasiados significados a coisas fúteis, que talvez tu tenha ficado com raiva e não pensado muito antes de me dizer. mas eu acho que você pensou demais, sabe, amor? pensou tanto, mas não falou por senso. e quando, movido pelo calor da situação, viu-se energizado, soltou tudo sobre mim. mas eu não culpo, não, não. eu cansei disso tudo, de ter sonhos, de me iludir. ninguém nunca se interessa por mim, então por que há de você gostar? tu, cheio de caprichos e manias, com tuas besteiras de seleção, minimizando-me para caber neste teu padrão de "cara perfeito com quem devo ficar." você me enganou, wooyoung. disse que ia contar, não contou. disse que gostava de mim, mas... mas que porra de gostar é esse?

às vezes fico imaginando nós dois, como seria se tivéssemos dado certo. como seria se fôssemos perfeitos um para o outro. sinto-me só. tu me dava carinho, tu me banhava de elogios, me entupia de cuidados. mas depois que você sumiu, de repente sinto falta. não sei se é por conta disso que virei esse bebê chorão, sabe? porque você fazia por mim o que eu deveria estar fazendo por mim mesmo. tu me dava tchauzinho lá do pódio que lhe coloquei. mas e agora? onde estás agora? acordo no meio da noite e tomo um susto quando não sinto teu corpo emaranhado ao meu, do jeito que fazíamos com o lance do asmr. não escuto mais asmr, isso me faz mal. escuto o som do mar, tomo um comprimido e deito para dormir. então sonho com uma praia, uma sombra, uma água de coco, uma areia escaldante, uma pele bronzeada, teu bronzeado, teu suor, teu sorriso, tu correndo, eu correndo, te abraçando, te amando, tu dizendo, tu dizendo... "amo-te... amo-te..." daí eu acordo. e sempre quando acordo, não me recordo: onde é que tu está, que dizia gostar-me, mas do nada sumiu? quais as chances de encontrar alguém melhor que você? sinceramente, wooyoung. ultimamente ando fodido demais para responder minhas próprias perguntas. espero que tenha gostado da feira poética que foi no final de semana passado. eu vi no teu instagram. mas nem dei uma bisbilhotada. não posso jurar. só me deixa chorar, por favor? obrigado.

café et cigarettesWhere stories live. Discover now