você agora entende por que pombinhos são românticos?

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— Yah, você está todo sujo! — exclamo ao agarrar um guardanapo e esticar para limpar sua meleira. Ele sorri quando termino.

Ah, meu coração está tão clamo agora... Sei lá, é uma sensação aconchegante estar com ele dessa maneira. Eu quero beijá-lo tanto, que meus dedos chegam a formigar, almejando sua pele. Estou cansado só de ver, de observar, de morder os lábios de tanta vontade de tê-lo. Queria poder abraçá-lo e dizer que gosto muito dele. Tenho medo de assustá-lo.

— Vamos dividir — ele diz ao voltar do caixa com um pedaço de torta de chocolate e pedaços de morango.

Senta-se ao meu lado e tasca um pedaço dela. É a minha vez, porém não recebo o garfo dele. Na verdade, Wooyoung ainda está mastigando quando arranca um pedaço para mim e me dá na boca. Só assim para a gente trocar salivas, né? Isso foi sad.

— Eita, vai engolir o garfo, meu jovem? — ele nota e eu coro de vergonha. Nem eu tinha percebido isso.

Terminamos rápido, por incrível que pareça. Decidimos ir logo pegar o ônibus. Wooyoung está com as mãos nos bolsos do sobretudo e tem um olhar meio distante. Enfim o ônibus chega, nós entramos e é a sua vez de ficar na janela. Estou sentindo seu cheiro tão forte! Vontade de pegar um pedaço da tua pele e fazer perfume...

— A gente pode ficar no gramado, né? — ele se vira de repente e arqueia o cenho.

— É, sim — concordo com a cabeça.

Às vezes tento me fazer entender se o que sinto por ele é real ou não. Sei que temos nossas confusões internas, porém é algo extremamente turvo achar uma definição para determinados sentimentos. Porque pelo jeito que ele, encantador, boceja e olha a rua, já compreendo que ele não precisa se importar ou se ocupar com pensamentos do tipo. Ele ficaria bem sem mim.

O ônibus para, Wooyoung me puxa e ambos descemos. Ele diz que vamos andando o resto do caminho e que descemos antes porque ele precisava passar numa loja de discos que ele ama e comprar alguns. Eu poderia abrir a boca e soltar um palavrão como discordância, mas se trata dele e eu não consigo dizer não. Preciso lembrar a mim mesmo que se trata de mim e às vezes é bom eu parar de aceitar tudo o que ele impõe. Acho que estou ficando cego.

— Escolha alguns — ele me fala.

— Será que aqui tem algum coreano? — me aproximo de uma seção, rolando os olhos por algumas capas e nomes de artistas.

— Se fosse pra comprar coisa coreana, antes tivesse ficado na Coréia —  ele também está muito rudezinho hoje, estou gostando.

Eu escolho quatro: dois para mim, dois para Seonghwa. Ainda nem tive tempo de comprar algo para o meu amigo, é o mínimo que posso fazer por ele ter me ajudado tanto. Será que devo comprar algo para a tonta da Min Young? Essa garota vem enchendo nosso saco desde o ensino médio, nem sei se quero gastar meus euros com ela. Bem, depois penso no que compro e vamos ver no que dá.

Meu saquinho está meramente abastecido e saímos alegres da lojinha. Wooyoung está contando sobre quão lá é barato e diversificado. Eu estou tentando adivinhar quanto ele calça e que tipo de tênis posso presenteá-lo. Desisto instantaneamente, acho que não daria muito certo.

Wooyoung agita a cabeça para trás. Seu pescoço está me chamando, sua pele é como manteiga e me pergunto se ele se derreteria com o meu contato. Ok, isso está demais. Deve ser o clima, deve ser. Ele tira o sobretudo e eu, prestativo, decido carregar no meu braço. Tem seu cheiro aqui e não quero devolvê-lo quando ele pedir de volta.

— Uma igreja bonita! — exclamo, feliz da vida. Eu sou apaixonado por arquitetura. — Wooyoung, tira uma foto minha ali.

— Mas está cheio de pombos... — ele faz carinha de nojo. Que fofo! Posso mordê-lo?

café et cigarettesWhere stories live. Discover now