você e eu não temos nada

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Minha vida é uma desgraça, uma merda, um cocô. Talvez não um cocô, porque o cocô tem uma função esplêndida para o nosso corpo. Eu, por outro lado, ferro com tudo e comigo mesmo.

Estive pensando aqui... Nós realmente viemos à Terra por uma razão, senão eu não estaria nem aqui mais. Talvez muitos de nós viemos ser figurantes, meros figurantes para as cenas acontecerem de maneira real e natural. Eu não faço nada grandioso, não sou nada grandioso. Por que raios estou aqui?

Hoje eu percebi que batata frita com sorvete e Coca-cola não mata, mas sim faz-nos arrotar e peidar sem parar. Eu não paro de comer essas porcarias enquanto assisto TV. E, aproveitando a deixa, faço a observação de que não estou entendendo porcaria de nada que está sendo apresentado.

Ai, Deus, Alláh, Elohim... Qualquer que seja a religião e o Teu nome... Só me faz sair da Terra por alguns aninhos, tudo bem? Estou tão cansado dessas decepções, desses desamores, desencontros, dessa tristeza que nunca sai de mim quando eu deveria estar feliz.

O único ser nesta terra que me faz sentir bem e feliz nem está comigo agora e acho que isso dói pra caramba, porque a vontade de chorar não passa e eu já estou enjoado de batatas fritas. Viu só? Até ausente Wooyoung me faz querer comer. Deve ser a ansiedade. Sempre é a ansiedade, ela nunca me abandona.

— Caralho, San, você solicitou três chamadas de vídeo logo no horário da reunião! — meu amigo Seong reclama ao atender minha sexta tentativa de chamá-lo pelo FaceTime do iPad dele.

— Me desculpa — resmungo. Ele está caminhando pelos corredores da empresa, mas prontamente nota que há algo de errado comigo.

— Ih, que carinha é essa? Em quem eu devo bater dessa vez? Me diz o nome que eu já estou arregaçando as mangas pra sair no soco com esse meliante que deixou você com essa carinha...

— Foi eu mesmo, Seong. Eu criei expectativas sobre alguém que desde o início me disse implicitamente para não ter — aperto o travesseiro contra a minha bochecha e respiro fundo. — Acho que estou me precipitando.

— Quê? Então quer dizer que vou ter que bater em você? Poxa, Sannie... — sua voz morre aos poucos, ele quer que eu conte a história.

— Talvez eu goste de alguém.

— Meu Deus, que babado! A Min Young vai adorar saber disso! — ele ri e saltita feliz como se fosse uma criança abestalhada. Seonghwa me irrita, ele não percebe que esse é o motivo de eu estar fodido?

— Eu to contando para você, não pra MinYoung — retruco e ele logo fecha a cara, dando língua para mim. — Continuando... Ele não gosta de amor e prefere não se apaixonar.

— Ui! — o idiota exclama, como se fosse uma coisa boa. Eu vou descer o socão nele.

— Cala a boca, porra — ele logo fica quieto depois da minha reclamação.
— Só que nós estamos muito próximos ultimamente e estamos nos conhecendo bastante... Inclusive, já rolou uns beijos e outros...

Seonghwa ri do nada. Será que ele não está mesmo prestando atenção na história?

— Eu não creio que você está gostando do Wooyoung, San!

— Quê? Eu não disse que era Wooyoung — faço beicinho, me passando por desentendido.

— Mas é claro que é ele. Vocês estão próximos esses dias na França, já que você malmente sabe falar francês. Além do mais, você acha que eu não conheço a história do "o amor é egoísta" dele? Eu nasci ontem, mas aprendi muita coisa durante a madrugada.

Quê?

— Quê? Ok, deixa para lá — sacudo as mãos. — A questão é que, você sabe...

— Hm? — ele não pega meu tom que diz "aqui tem duplo sentido, idiota"

café et cigarettesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora