Snack

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Eu não queria levantar daquela cama, muito menos sair do quarto. A cena do beijo com Camila ainda estava na minha cabeça. Depois de finalizar o contato ela tinha simplesmente deixado o quarto sem uma sequer palavra. Mas também não era como se ela não tivesse gostado, porque em momento nenhum ela tentou me parar, ela me correspondeu.
Eu estava um pouco confusa, não sabia o certo o porque eu tinha feito aquilo, eu nunca tinha pensado nela dessa forma - ou ao menos nunca tinha me permitido pensar. Talvez ela também estaria confusa, mais que eu provavelmente. Mas eu não sabia o que dizer se ela tocasse no assunto, será que eu devia tocar? Não sabia, mas em momento em nenhum me arrependia do que tinha feito nem um pouco sequer, aliás se eu pudesse voltar no tempo faria tudo exatamente como foi.
Me estiquei na cama pra alcançar meu celular, me assustei ao ver que já passava das duas da tarde. Tentei ignorar todo meu medo e levantei da cama, amarrei meu cabelo num coque e desci até a sala encontrando Camila, Sofi e Dinah num sofá só. Como a porta ficava nas costas do sofá que elas estavam nenhuma percebeu minha presença ali. Percebi que minha mão estava tremendo e dei alguns passos pra trás, eu não queria ter que encará-la, não agora.
Fui até a cozinha pra pegar um pacote de biscoito e voltei para o meu quarto, puxei meu computador pro meu colo e vi que tinha recebido uma mensagem de Brad, abri com certo nervosismo.
"Hey Laur, desculpa por ontem. Eu não sei ao certo o que dizer e bem, acho que eu me enrolaria mais se te falasse isso pessoalmente, por isso decidi escrever. Desculpa por ter te pressionado, eu não queria isso, aconteceu tudo na hora e eu fui um completo babaca. E, quando acordar se você não me odiar me ligue."
Eu não queria ligar pra ele obviamente, primeiro eu queria entender o que estava acontecendo comigo, com Camila e todo esse rolo, eu não queria botar Brad no meio disso. Mas também não queria que ele pensasse que eu o odiava, o que era bem longe da verdade. Então decidi apenas o escrever de volta.
"Larga de ser idiota haha, eu não me senti pressionada nem te odeio. Eu te entendo na verdade, você só quer uma resposta, uma certeza, mas infelizmente essa é a última coisa que eu tenho. Acredite, eu to buscando uma resposta minha tanto quanto você. Mas, você é meu melhor amigo e sempre vai ser, não importa o quanto a gente tente complicar isso. Eu não quero que você perca tempo com alguém que não pode te responder."
Apertei pra enviar e fechei o computador assim que ouvi batidas na porta. Fiz um barulho nasal esperando uma resposta mas em vez disso a porta abriu.
- Ei, eu podia estar me trocando ou sei lá. - Falei rápido.
- Não seria surpresa alguma garota. - Dinah olhou pro próprio corpo. - Tudo que você tem ai eu já vi o dobro.
Soltei uma risada alta e bati na cama, ela logo entendeu o recado e se jogou ali.
- E você e Camila? - Ela falou e meu coração começou a disparar.
Eu sabia que as duas estavam próximas, mas Camila não podia simplesmente conversar com Dinah sobre o que aconteceu antes mesmo de conversar comigo.
- É... Hum... - Minha mão estava tremendo freneticamente e eu só conseguia pensar no quanto Camila era estúpida. - Dinah, eu...
- Hey. - Ela franziu o cenho me encarando. - Ta tudo bem? Eu só quero saber se vocês conversaram sobre o Austin.
Uma onda de alívio correu meu corpo, eu nunca pensei que ficaria tão aliviada ao ouvir aquele nome. Minha boca se fechou num sorriso rápido.
- Mais ou menos. - Falei ainda sorrindo. - Eu exagerei ontem.
- Eu também. - Dinah virou os olhos me fazendo rir. - Garota, aquele boy era simplesmente sensacional...
E então Dinah Jane começou a falar sobre o garoto, e quando isso acontecia ela passava dias no mesmo assunto, ela se empolgava demais e acabava me contando detalhes que eu não estava nada interessada em saber. Mas, não adiantava interromper, apenas continuei ali a ouvindo.
(...)
Já estava perto das seis da tarde quando o celular de Dinah tocou, ela atendeu no viva voz e eu ouvi toda a conversa entre ela e a mãe.
- Ok, a Lauren pode me levar. - Ela falou levantando um olhar pidão pra mim e eu sorri concordando com a cabeça. - Em alguns minutos eu to ai mãe.
A ligação foi finalizada e nós descemos a escada, eu ainda estava com o short que tinha dormido e só tinha vestido um suéter por cima da camiseta velha porque vi que estava ventando.
- Mila! - Ouvi Dinah entrar na sala gritando. - A Lauren vai me levar em casa, vem junto.
Meu estômago revirou e eu fiquei torcendo pra ela não aceitar. Eu sabia que não ia conseguir evitá-la por tanto tempo, aliás a gente morava na mesma casa, mas eu ainda estava com medo.
Quando Dinah apareceu no hall de entrada seguida por Camila que também vestia um short largo percebi minhas mãos tremerem. Ela encarava o celular que estava segurando e eu continuei ali simplesmente sem reação.
- Vamos? - A voz de Dinah me acordou.
Sorri e abri a porta, entrei no banco do motorista enquanto Dinah que chegou junto comigo já sentou no banco traseiro. Percebi o desconforto de Camila ao ter que se sentar no banco do passageiro. Minhas mãos ainda tremiam embora eu tentava meu máximo pra deixar elas paradas.
O caminho até a casa de Dinah foi tranquilo, liguei o som e ela cantava loucamente no banco de trás enquanto eu e Camila apenas soltávamos risos fracos de vez em quando. Chegamos na casa que já era familiar e a garota se despediu agradecendo mil vezes a carona.
Agora meu coração batia com muita mais força, acelerei o carro e voltamos pro caminho. Eu ainda não tinha ouvido Camila dizer uma palavra e aquilo estava me matando, eu comecei a me torturar mentalmente por ter a beijado sem mais nem menos e ainda ter deixado ela sair sem dizer nada. O caminho até nossa casa pareceu cinco vezes maior na volta, por mais que eu tentava correr parecia que nunca íamos chegar. Quando vi o quarteirão da casa respirei aliviada, talvez um pouco alto demais, pois Camila se virou rapidamente me encarando, dei um sorriso rápido e estacionei na frente de casa, desliguei o carro e não fiz mais nada. Na verdade eu estava esperando que ela fosse sair do carro, mas ela também não fez nada, continuou ali olhando pra frente.
- Camz, eu... - Senti um nó apertar minha garganta quando ela se virou pra mim. Era difícil a olhar nos olhos.
- A gente podia ir no McDonalds né? - Ela falou entre um sorriso me fazendo franzir o cenho. - Eu to com fome.
- É... - A olhei de novo. - Ok.
Liguei o carro e segui até a lanchonete.

ImpossibleWhere stories live. Discover now