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Acordei ouvindo passos no meu quarto, abri os olhos um tanto quanto assustada e dei de cara com o rosto da Dinah me encarando.

- Bom dia. - Dei um sorriso amarelo.

- Minhas costas estão doendo. - Ela sentou na beira da minha cama. - E a culpa é sua. Por que caralhos me deixou dormir no sofá?

Abracei o corpo da garota por trás e fiquei naquela posição por algum tempo. Ela demorou mas finalmente retribuiu meu carinho. Ficamos em silêncio até que ela finalmente resolveu se virar pra mim desfazendo o contato.

- Eu estou preocupada. - Franzi o cenho. - Eu sei que eu não deveria te falar isso Lauren, por que você não precisa de mais coisa pra colocar nessa cabecinha agora, mas eu estou preocupada. - Ela soltou um suspiro. - Desde que você me falou da mensagem anônima que recebeu eu não consigo pensar em outra coisa, e então aconteceu esse "acidente". - Ela fez as aspas no ar com os dedos.

- Você não acha que tem uma coisa a ver com a outra, né? - Eu sentia minha cabeça doer.

- Eu não sei. - Ela descansou a mão na minha coxa descoberta. - Eu não posso dizer que tem, mas eu também não posso parar de pensar nisso.

- Dinah, a polícia está envolvida nisso, sabe? - Eu tentava parecer o mais segura possível. - A gente não está num episódio de Pretty Little Liars, se fosse alguma coisa alguém já saberia.

- Bom, a polícia não prendeu ninguém. - Ela deu de ombros. - E, aparentemente, pararam de investigar, então...

- Então se eles acharam que não tem nada de perigoso nisso é por que não tem. - Eu falava em voz alta mais pra me convencer do que a ela.

- Eu não vou discutir com você. - Ela deu um sorriso sem mostrar os dentes. - Mas, já discutindo, eu acho que você deveria contar pra Camila.

- Eu? - Engasguei com o ar. - Contar pra Camila sobre o Austin? - Ela concordou com a cabeça sem dizer uma palavra. - Eu... Não... Eu nunca contei pra ninguém Dinah.

- Eu sei Lauren, mas por quanto tempo mais você acha que vai conseguir esconder isso de todo mundo? - Ela segurou meu rosto. - Você bateu essa cabecinha forte demais pra lembrar que foi ameaçada por sei-lá-quem. E eu acho que vocês são íntimas o suficiente pra ter essa conversa. - Eu ri baixo com a provocação. - E você deveria confiar mais nela.

- Eu não sei Dinah, eu...

- Ela passou a noite com o Austin ontem.

Fiquei parada tentando digerir a última frase enquanto Dinah levantava da minha cama e deixava meu quarto. Meu estômago doía. Eu não sei se Dinah quis dizer que Camila passou a noite com Austin do jeito que eu estava imaginando mas eu queria vomitar.  O meu quarto parecia que girava e eu só queria que aquele garoto morresse. Eu nunca tinha desejado a morte dele antes e eu tive todos os motivos do mundo para fazê-lo, mas agora eu desejava. Eu não me importava com o que ele fizesse pra mim, aliás, eu acho que ele não conseguiria fazer nada pior do que já tinha feito. Mas Camila não mereci entrar no meio disso, e ela só estava lá por minha causa.

A conversa que tive com ele enquanto ele me trazia de volta de alguma festa voltou a minha cabeça, quando ele me disse que Camila não era tão bonita quanto eu, mas era bobinha então era legal brincar com ela. Antes que eu pudesse ver senti a pressão do meu punho cerrado contra a parede.

- Ugh. - A dor passou pelo meu braço.

Vi meus dedos ficarem vermelho devagar. Vesti uma roupa qualquer e saí rápido pelo corredor até a porta de entrada. Parei na mesa de vidro que ali ficava e tentei achar minha chave. Claramente ela não estava ali.

ImpossibleWhere stories live. Discover now