Nowhere

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Eu desci as escadas correndo e antes que deixasse a casa soltei sem querer um soluço alto, não queria aquilo, queria ter controle sobre meu corpo mas não estava conseguindo. Tentei contar até dez mentalmente antes de abrir a porta mas não conseguia passar do quatro. Assim que coloquei minha mão na maçaneta ouvi passos se aproximarem.

- Lauren? - A voz da Camila ainda estava rouca. Eu continuei ali de costas pra ela tentando me acalmar. - Lauren, ta tudo bem?

Ela tocou meu ombro e eu estremeci. Um turbilhão de pensamentos me atingiu e tudo o que eu queria era desaparecer. Não tinha ideia do que falar pra ela, eu só queria fugir. Abri a porta sem me virar ou respondê-la e fui andando em direção ao meu carro.

- O que você está fazendo? - Ela me acompanhou pra fora de casa. - Pelo amor de Deus pare de fingir que não ta me ouvindo. - E novamente ela tocou meu ombro.

Me virei pra ela e pude perceber sua expressão surpresa quando viu meu rosto - que provavelmente estava terrível. Eu continuei ali parada pois não sabia o que dizer. Meu corpo todo tremia e as lágrimas não paravam de lavar meu rosto.

Continuamos ali na mesma posição por longos minutos até que finalmente ela decidiu quebrar a tensão e deu um passo rápido pra frente chegando bem perto de mim, eu pensei em me afastar mas antes que eu pudesse Camila me puxou pra um abraço. Era incrível como ela conseguia abraçar de um jeito único. O rosto dela se encaixou no meu trapézio e uma das mãos subiu pra minha cabeça acariciando devagar meus cabelos enquanto a outra me prendia pela cintura. Meu corpo insistia em tremer mas ela parecia não se importar, as lágrimas que continuavam descendo pelo meu rosto agora molhavam a camiseta branca que ela vestia. E eu não queria nunca desfazer aquele contato.

Eu sempre achei que meu lugar favorito seria alguma coisa parecida com Paris ou Londres, mas nunca tinha ao menos imaginado que seria ali entre os braços dela.

- Shhhh. - Ela tinha a boca virada para o meu pescoço. - Volta pra dentro. - A mão dela ainda estava na minha cabeça quando eu fiz um movimento negativo. - Você não está em condições de dirigir.

- Camila... - Minha voz tremia. - Eu sou tão estúpida. - Os soluços aumentaram assim que eu terminei a frase.

- Eu não concordo. - Com isso dito ela desfez o contato dando um passo pra trás e me olhando nos olhos. - Você é incrível.

- Eu preciso ir.

Com ela já longe de mim tive livre acesso ao meu carro, ela tentou me impedir mais uma vez mas eu resisti e ela finalmente desistiu.

Dei partida no carro e dirigi o mais rápido que pude em direção a lugar nenhum.

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