Condemnnatu - Série Além Da Alma - Livro 2

Capítulo 37 - Velhos Amigos

 CAP 37 – Velhos amigos

POV Benjamin

Portais reais foram liberados para que a gente conseguisse encontrá-la, mas ainda assim, não era fácil saber pra que lugar seguir. Era algo realmente espantoso ter toda aquela vastidão de terra sob nossos pés. Voamos de Luciferus até Montevidéu, depois para Montreal, para Londres, para o centro do Cairo, para Varsóvia, para Xangai e para Cidade do Cabo, de onde nos encontraríamos com Helena e Anabele. Já havia se passado uma semana desde que saímos de Luciferus. O clima estava ficando tenso entre nós, especialmente entre Matahun e eu. Era confuso, pois no instante em que sentia Miranda, algo deixava turva sua localização. Ela estava sob domínio angelical, com certeza. Poderia inclusive arriscar que eram Arcanjos.

— Se continuar assim, logo vai amanhecer. Benjamin, pra onde a gente vai? – Rachel me pergunta. Estávamos sentados sobre uma rocha, Matahun um pouco mais afastado, fazendo algum ritual que eu, sinceramente, não conhecia. – Tenho saudade da Anabele. Ela não manda notícias há, o que, duas semanas já?

— Calma, Rachel, eu já sei onde devemos ir, estou apenas esperando – respondo, voltando a olhar o horizonte que apresentava um sol nascente. Meus olhos estavam fixos no cenário a minha frente.

— Esperando o que, caralho?! – Matahun se aproxima, descontrolado – Que espécie de anjo de araque é você? Se eu tivesse feito um feitiço de localização já a tinha encontrado.

— Sério isso? Agora um joga pro outro e vamos ficar aqui até um duelo acontecer? – uma voz diferente surge por detrás do feiticeiro, me tirando um sorriso incomum. Incomum porque nunca tinha me dado bem com ela.

Helena vestia um vestido preto longo e largo como uma bata, mas um pouco acinturado. Seus cabelos ruivos e enrolados estavam soltos sobre suas costas. Anabele, no entanto parecia uma outra pessoa, totalmente diferente de como eu me lembrava. Não era pelos trajes de luta que vestia: calça camuflada, botas de montaria e um cinto com três adagas e uma katana. Também não era pelo cabelo trançado que usava, amarrado em si próprio da cor rosa que roubou caretas de Rachel. Não. Era algo em seus olhos que havia mudado.

Helena se aproximou de Anabele e pegou com a nefilim um saco cheio de coisas, entregando-o para o feiticeiro. Enquanto isso, Rachel correu a abraçar, recebendo o mesmo abraço de volta.

— As balas. Do jeito que você precisa.

Ela havia se encarregado de nos municiar. Uma adaga para cada, as armas para Matahun e ela usaria a katana.

— Eu prefiro... – Rachel disse, tentando pegar a espada maior, levando um tapa na mão de Helena.

Depois de afivelar o cinto com a bainha na cintura, a ruiva se aproximou de mim, pela primeira vez em que me lembro, demonstrando submissão.

— Pra onde? – ela fala ao meu lado, olhando pra frente também.

— Vamos tomar chá e contar as novidades, ou podemos ir resgatar Miranda de uma vez? – Matahun novamente intrometido fala.

Eu já estava me irritando com ele, me arrependendo de tê-lo trazido junto a nós. Mas ele tinha razão. Por mais força que eu tivesse em senti-la, não conseguia precisar sua localização.

— É... Tão estranho, eu simplesmente não consigo indicar o local... sinto que é aqui, bem perto, mas não... – fico meio confuso com aquilo, até que Helena intervém.

— Benjamin, tem coisas que você ainda tem aprender aqui no Inferno – ela fala, começando a andar até uma construção mais a frente, parando ao lado de uma janela e se virando para os dois lados, tentando ver se havia alguém a espreita. Não sabia direito o que haveria lá, mas sem muita dificuldade, Helena quebra os vidros e entra, apenas nos chamando com um aceno de mão para que a acompanhássemos.