Condemnnatu - Série Além Da Alma - Livro 2

Capítulo 17 - O suicídio

 POV DYLAN

O barulho das águas do mar contra as pedras me faziam ter mais vontade de ficar dormindo ali, sem me importar em estar completamente encharcado. Aquele ritmo perfeito do som das ondas quebrando na areia só poderia ter sido criado em sincronia com toda a dor que meu coração sentia naquele momento. Eu não queria abrir meus olhos, porque sabia que teria que encarar a realidade. A cruel e implacável realidade da minha vida agora, sem Miranda.

Optei por continuar naquela posição mais um pouco, revivendo os momentos mais felizes que passei na minha vida. Ainda de olhos fechados, lembrei daquela festa, a qual nem eu estava interessado, mas Benjamin estourou tanto com meus neurônios enchendo o saco que tive que ir. Não sei por que ele tem, ou tinha né, essa "coisa" de que todos nós estivéssemos juntos quando ele encontrasse Miranda.

Mas ele que se foda!

Nem lembro dele naquela festa, pois assim que ela me beijou, senti algo que não consigo explicar até agora. Foi um misto de desejo com... Com algo mais. Mas quando a vi abrindo os olhos, deitada em meus braços, e segurei o cabelo dela para que ela vomitasse, porra! Que espécie de idiota abriria o sorriso que eu tô abrindo agora em se lembrar disso?

Porque ali, naquele momento, tudo parecia tão simples. Acho que foi ali que me... que me apaixonei de verdade. Me esqueci então do que eu era, de quem ela era, e só imaginei nós dois. Eu não queria admitir pra mim mesmo a força do que eu tava sentindo, e criei essa disputa imbecil em tirá-la do Ben. A verdade era que eu já estava apaixonado.

Agora eu lembro muito bem do medo que senti em perdê-la, no dia que a vi chegar em Yalong, desacordada, assim como já havia acontecido comigo em outras situações.

Como isso é possível?

Nunca acreditei nisso de amor a primeira vista. Mas a verdade é que, pra mim, não parecia que era a primeira vez que a via, o que é ridículo, já que eu sei que era a primeira vez sim, mas algo dentro de mim achava Miranda familiar.

Talvez era dos meus sonhos.

Como eu queria sonhar com ela agora...

Como eu queria tocá-la agora! O bom de estar deitado na areia é que as lágrimas se confundem com a água do mar. Respiro fundo e abro meus olhos. O brilho do sol chega a me cegar por um momento, e os cubro com minhas mãos. Não acredito que cheguei até aqui voando ontem. Minha cabeça parece que vai explodir, mas me forço a me sentar. Estou novamente na baía de Yalong, o último lugar que estive feliz com ela. As imagens de Celine entrando no camarim e me mostrando a transmissão ao vivo do meu término com Miranda me enlouquecem.

Eu corri atrás dela como um louco, mas não consegui encontrá-la. Não tinha a menor chance de eu voltar com a equipe. Eles iam comemorar o sucesso da apresentação, bem como do Gran Finale que proporcionei.

Eu só queria encontrar com ela. Ter certeza de que ela estaria bem. Mas não faço a menor ideia de onde ela está. Se ela ao menor tivesse um medalhão!

Os termos daquele acordo de sangue reviravam minha cabeça, retirando toda sanidade que eu teimava em tentar manter. Estou enlouquecendo, e o pior, Miranda está sofrendo. Eu fui cruel, rude, grosso, um estúpido completo. O pior é que eu sempre fui assim. Quer dizer, sempre fui, antes dela. Eu merecia isso tudo, mas não podia deixar que ela continuasse sofrendo, ou sendo manipulada.

Eu tinha certeza de que Celine não sossegaria até me ter completamente, mas isso já era impossível, porque meu coração jamais seria dela. Nunca havia sido. Na verdade, ele nunca tinha batido desse jeito por mais ninguém. Tudo o que tive, durante todos os milênios que se passaram desde que caí na Terra, por mais forte que tivesse sido, não chega aos pés do que sinto hoje por ela. E por ela, eu faço o que for necessário. Até morrer.