Condemnnatu - Série Além Da Alma - Livro 2

Capítulo 19 - Inesperado

CAP 19

POV DYLAN

Benjamin cortou meu pescoço, mas não suficiente para que eu ficasse desacordado. Ao invés disso, retirou uma pena de minha asa, o que era justamente o que eu queria evitar a todo custo.

Dito e feito, ele me largou sangrando e passou o sangue contido na pena em sua marca, em seu punho, a marca que todos os anjos têm. Esse tipo de condição apenas funcionava para anjos irmãos. Com essa pena, ele poderia acessar minhas memórias, sem que eu tivesse nenhum controle disso. Logo aquele desenho começou a brilhar e Benjamin entrou em transe. Caído no chão, minha jaqueta cobriu a câmera que havia sido colocada em mim para me espionar, mas ela continuava gravando o áudio.

Ele foi caminhando de costas rumo à muralha. E em seu rosto podia notar que ele estava vendo tudo: desde meu primeiro beijo com Miranda até os últimos acontecimentos. Assim que vi a marca em seu punho perder o brilho, me levantei, ainda sangrando, e segurei suas mãos.

— Você não pode falar nada, ela me monitora o tempo todo. – falei em sua mente. Esse seria o único jeito de conversarmos sem que Celine soubesse.

— Você... como? – ele me respondeu, também em pensamento. Seus olhos transmitiam terror, tristeza e preocupação. — Eu sabia que tinha coisas que não estavam se encaixando, mas isso, Dylan?!

Nos olhamos por um tempo, não sabia nem o que falar. Agora ele já sabia tudo. escorreguei novamente apoiado no muro.

— Acaba comigo, Benjamin. Cuida dela. Não posso continuar com isso, agora você sabe. Você sabe tudo: o que sinto, o que aconteceu e o porque não posso continuar vivo.

— Você me trouxe aqui pra que eu te matasse. Você faria isso? Mesmo? Por ela?

— Você não faria? – eu o questionei. Sem entender porquê, ele me deu sua mão, me ajudando a levantar. Fiquei um tempo encarando-o nessa posição, mas acabei aceitando.

— Eu não posso matar você, Dylan, não depois de saber que você a ama tanto que morreria por ela. Só que eu também a amo, e se em algum momento no passado fui egoísta, não serei mais. Eu sei que o que você fez é muito difícil de ser quebrado. Muito difícil, mas não impossível. – ele deu uma pausa, pensando um pouco e retirando de sua mochila um livro. – Quando Miranda terminou comigo, eu procurei um velho conhecido e, bom, ele me deu isso – ele falou, observando aquelas páginas amareladas pelo tempo. – Acho que vai te ajudar.

Eu peguei aquele livro e agradeci. Não sei como ajudaria, mas não teria nenhuma outra opção.

— Benjamin, por favor... – tentei novamente convencê-lo, em vão.

— Não, Dylan. Vou reconquistar Miranda, mas não desse jeito. Ela merece saber a verdade. E você precisa contar pra ela. Você deve isso a ela, na verdade nós dois devemos.

— Posso te pedir pelo menos para cuidar dela pra mim?

— Nem precisava. Ela ainda está com seu medalhão?

— Sim, consigo sentir.

— Então deixe-me ir. – ele se preparou para voar. — Se cuida, Dylan.

E se foi.

O escuro daquela noite se tornou sufocante, me segurei no muro e, olhando pra baixo, só consegui gritar, jogando pra fora toda frustração de dentro de mim. Não sei quanto tempo demorou até o sol aparecer, mas eu estava horrível.

Sangue coagulado cobria minha barriga e meu pescoço. Eu parecia um verdadeiro monstro de filme de terror daquele jeito. Senti meu celular vibrar. Era uma ligação de Celine.