Capítulo 33 - Répteis

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— Quem está ai? – Ela pergunta novamente, não acreditando no que estava vendo. — Você....

O susto a faz dar dois passos para trás, encostando na grade atrás dela. Ruídos desconexos vindos de todas as celas ecoam, fazendo soprar um vento mórbido, triste e sombrio.

— Achou que eu tinha desintegrado como pó, Miranda, por conta da flecha que sua amiga anja disparou em mim? Como é boba... como sempre foi boba!

— Sebastian.... O que você está fazendo aqui? – ela pergunta, balançando a cabeça, confusa com aquilo.

Ele gargalhou com a pergunta, se aproximando das grades e segurando nelas com ambas as mãos. Seu rosto estava ferido, quase desfigurado. A antiga Miranda sentiria pena, tentaria quebrar aquelas grades para libertá-lo, porque apesar de tudo, era seu irmão. Mas e esta?

Esta observava a imagem por trás daquelas grades enferrujadas com curiosidade e com desprezo.

— É tão difícil assim imaginar, irmãzinha... – falou lentamente a última palavra, como costumava fazer antigamente. – é inacreditável como um vestido bonito e um cabelo bem feito fazem você quase aparentar ser uma princesa digna.... Aparentar, porque no fundo eu e você sabemos que você é a mesma menininha mimada, indefesa e covarde de sempre. – ele falou sorrindo ironicamente para ela.

— Você não me conhece mais... – ela segura as grades, em cima das mãos dele, o apertando. Seus dentes estão cerrados e ela aperta cada vez mais forte, com ódio.

Ele não aguenta a pressão e retira suas mãos dali, começando a caminhar pela cela, com ódio no olhar.

— Está enganada. Te conheço muito, muito mais do que você imagina. – ele cospe as palavras, como se estivesse guardando aquilo por muito tempo. — Eu não aguentava mais te ver crescer inocente, boazinha, inútil a qualquer coisa que pudéssemos querer fazer, até ter que te matar. – deu uma gargalhada gutural e continuou – essa era sempre a melhor parte: te matar, sempre antes do anjo amaldiçoado te encontrar.

— Vo... você o que? – ela não conseguia acreditar naquilo. O bebê começou a se agitar em seu ventre e as vozes desconexas passaram a falar uma só coisa em sua mente: foge.

— Ser o seu guardião todos esses milênios acabaram com minha paciência. Que bom que acabou!

— Como você era meu guardião? – ela se lembrou de Matahun, e de como eles eram diferentes. Ela não se lembrava das suas vidas passadas, mas as coisas que seu atual guardião havia lhe falado, sobre o antigo, lhe vieram a memória. – você não pode ter cuidado de mim todo esse tempo....

— Pois é... todos que chegam perto de você se fodem... – ele disse, virando o olhar lentamente para os dela. – todos que cuidam de você acabam aqui... até mesmo seu anjo amaldiçoado....

Ao citar Benjamin, um arrepio subiu o corpo de Miranda, agitando novamente o bebê na sua barriga. O ar começou a lhe faltar e ela sentia que as paredes, apertadas e úmidas daquele lugar, começavam a se fechar, e a prenderiam ali para sempre. Tentou voltar a andar em direção a onde tinha entrado, com dificuldade.

— Estou mentindo? Por acaso ele está longe? – ele gritou, provocando – Ah, o único que se livrou é o outro, não é mesmo? O anjo negro. – falou, com um sorriso irônico nos lábios.

Miranda parou, sentindo seu coração falhar naquele momento. Dylan, como ele saberia de Dylan?

— Foi a primeira vez que tive que te matar por outro motivo. Foi.... Digamos, interessante.... – ele continuou, se apoiando na parede, dessa vez, sem olhar pra ela. – Como eu sei? Ah, querida, você acha que eu não sabia de nada que você fazia?

Condemnnatu - Série Além Da Alma - Livro 2Where stories live. Discover now