Capítulo 16 - Encarando o destino

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 POV MIRANDA

"Você pensa que alguém te ama, e que pela primeira vez você foi importante. Depois descobre que isso nunca aconteceu de verdade." (Miranda)

— Onde você está indo, Miranda – Matahun grita, enquanto corre desesperado atrás de mim. — O que aconteceu lá?

Sai descontrolada pelo portão principal daquela casa de show, esbarrando em qualquer um que estivesse na minha frente. Eu já tinha percorrido toda a avenida principal, a mesma que, na ida, tinha me incomodado pela quantidade de imagens que mostravam Dylan feliz. Não, não era apenas marketing. Ele realmente estava feliz lá, estava em casa e, claro, eu não cabia mais no mundo dele! Não faço a menor ideia de onde estou indo, mas a raiva, o ódio e principalmente, a decepção que tive estão me guiando. Não sei pra onde vou, mas sei que quero estar o mais longe possível de tudo isso.

Eu quero morrer.

Eu me lembro vagamente do caminho que fiz assim que saí da floresta, já posso ver, ao longe, a copa daquelas árvores, mas agora o sol não ilumina mais o ambiente. Uma névoa branca e densa cobre todo o caminho que antes era claro para mim. Não sei quanto tempo vou aguentar correr também.

— Miranda, pela Deusa, espera! – Matahun se aproxima de mim, sinto que desmaiarei se não respirar um pouco, mas não consigo, de verdade, não consigo respirar... — O que aconteceu lá? – ele finalmente me alcança, puxando meu braço e desabo.

Choro não sei por quanto tempo, me debatendo nos braços dele. Eu não sabia o que eu ia fazer. Eu não conseguia coordenar o inspirar do expirar, e de repente tudo se apagou.

Acordei algum tempo depois, deitada sobre uma cama feita com folhas no meio de duas árvores gigantes. Senti algo me aquecendo e assim que abri os olhos percebi que era fogo, e Matahun, ao lado, jogando gravetos e abanando. Mexo meu pé e o barulho que faço chama a atenção dele, que me olha e se aproxima.

— Você está bem? Mas olha que se soubesse que ia dar esse trabalho todo não tinha aceitado o emprego – ele diz, tentando parecer engraçado, mas toca minha testa para ver se estava quente e seus olhos atentos escancaram a preocupação que ele tinha sentido. – está sentindo alguma coisa? O bebê...

— Eu... estou me sentindo fraca – digo, quase sussurrando, mas logo uma lágrima começa a escorrer novamente.

— Não é pra menos, você não comeu nada, e você está grávida, não devia nem ter corrido daquele jeito. – a palavra "grávida" me faz encarar novamente minha situação: grávida e fodida, completamente fodida, pensei. – Toma – ele me dá uma lata de qualquer coisa cheia de algo que não sei identificar o que é, mas cheira bem — come, vai fazer você se recuperar.

— O que é isso? — Pergunto, tentando não parecer desesperada por comida, mas sei que foi em vão. Antes mesmo da resposta abocanho um pouco daquilo — Nossa isso é muito bom.

— Sabia. Não vou falar o que é porque esse alimento tem que ficar no seu estômago.

Achei melhor não duvidar e deixar pra lá o nome do menu.

— Você está horrível. – ele disse, se virando novamente para o fogo. O crepitar me deixavam reconfortada. Por algum motivo, me sentia segura ali, ao lado de Matahun, mesmo sabendo da imensidão de animais estranhos e perigosos que poderiam, e certamente estariam, rodeando o lugar.

— Não quero falar sobre isso – desconversei.

— Nem precisa, eu estava la, eu vi tudo. Eu vi até... — ele gagueja.

— Até o que? Você não sabe nada. Você não sabe o que ele me falou. – eu disse, já descontrolando o tom de voz.

— Deixa eu adivinhar: ele disse que tinha coisas mais importantes para fazer e que você e seu filho não estavam mais nos planos dele. – ele resumiu, friamente e na lata, tudo o que Dylan tinha me dito, e isso novamente cortou meu coração. Boquiaberta, mal sabia o que falar. Como ele poderia saber disso?

Condemnnatu - Série Além Da Alma - Livro 2Where stories live. Discover now