Primeiro ela se despede da curandeira, a agradecendo por ela ter a concertado por algumas vezes, quando aquela curandeira chora emocionada e diz:

- Você não vai morrer Justina, venha pra cá. Eu te concerto de novo!

- Sinto que minha hora chegou minha amiga. Eu também preciso descansar, eu sofri muito nesses últimos tempos, preciso ir atrás da minha liberdade. Aquela palavra, a aquela altura de sua vida, dominava a sua imaginação, depois de quatro meses da morte de Francisco, quando ela perdeu totalmente a liberdade em sua vida, ficando trancada naquele porão e sendo castigada constantemente.

Então ela se despede de diversos outros escravos, que a abraçam intensamente. Naquele momento, ela sentia dores em suas costas, mas de certa forma, acostumada com aquelas sensações de dor extrema que ela havia sentido naqueles dias, ela nem dizia nada e não reclamava, os abraçando fortemente. A emoção em se despedir de todos era maior do que a dor que estava a sentir naquela ocasião.

Depois de se despedir de todos daquele espaço, ficaram apenas Josias e a sua irmã Albertina. Ela então chega para Josias e diz ao abraçá-lo:

- Desculpa por tudo que te disse. Eu entendo que você estava desesperado a lutar por sua vida. Assim como eu estava a lutar pela minha. Você é um garoto muito bom Josias. Me tratou bem durante esse tempo mesmo estando tão desesperado depois das ameaças daquela senhora. Não se sinta culpado pelo que fez em algum momento que pode ter me prejudicado, a culpa não é sua, a culpa é dela que te colocou nessa situação. Depois de muito refletir eu chequei a essa conclusão.

Josias se emociona intensamente naquele momento a chorar. Pediu perdão a Justina por ter dito que ela estava a planejar morrer para aquela senhora, entre outras coisas, quando Justina o pede calma e diz novamente:

- Você não tem culpa de nada. Não fique com remorso, pois a culpada foi quem te colocou nessa situação. E ela está lá fora a me esperar para te tirar dessa situação em que ela te colocou. Eu fico feliz que hoje esse ciclo se encerra e a partir de hoje você poderá viver mais tranquilo daqui pra frente. Seja feliz Josias e lute sempre pela liberdade!

Então ela se vira para a irmã, que estava a chorar intensamente há algum tempo e diz:

- E você minha irmã inseparável. Quantos casos temos para contar. Poderíamos passar meses contando casos de nossas vidas. O que eu te peço é que jamais se esqueça de mim. Não se esqueça que tem uma irmã mais velha cuidando de você lá em cima, olhando para você o tempo todo nessa terra, torcendo pela sua felicidade e que alcance aquilo que não consegui, que é a sua liberdade minha irmã. No dia que você conseguir isso, pode ter certeza e lembre-se do que eu te digo agora. Eu estarei lá do céu, sorrindo para você! E por favor cuide do meu filho. Daqui pra frente ele será seu!

Albertina a abraça intensamente naquele momento e pede novamente:

- Peça ela clemência minha irmã. Por mim e por Artur, não morra no dia de hoje, por favor. Você não pode morrer tão jovem.

- É triste dizer isso minha irmã, mas a minha missão nessa terra acaba hoje!

- Não. Responde Albertina desesperada, quando complementa a sua fala em desespero: - Não entregue os pontos assim. Nós precisamos de você aqui conosco.

- Eu não estou entregando os pontos. Muito pelo contrário. Eu estou encerrando um ciclo para que outro nasça. Lute pela liberdade minha irmã e a conquiste, se fizer isso eu estarei representada e a minha vida e minha morte não terá sido em vão. Diz Justina a caminhar ao lado de Murilo, quando a sua irmã começa a gritar de forma incontrolada naquele espaço, que a sua irmã não pode morrer! Alguns dos escravos se aproximam e tentam a consolar, mas ela se debatia desesperada tentando dissipar aquele sofrimento extremo.

Miss Scarlett e a escrava brancaWhere stories live. Discover now