“ I can be tough, (Eu posso ser dura,)
I can be strong (Eu posso ser forte)
But with you it's not like that at all. (Mas contigo não é nada disso.)
There's a girl that gives a shit (Há uma rapariga que não dá uma m****)
Behind this wall, you just walk through it. (Por trás desta parede, tu passas-te através dela.) “ – Wish you were here, Avril Lavigne
P.D.V Melody
Lottie.
Nunca a conheci. Ou terei? Absurdo, porém assim o assumo. Recuando no tempo reparo nas modificações de Niall desde aquele fatídico Verão. Creio que, de alguma forma, carrega Lottie consigo. Ridículo? É fascinante como o ser humano tende a classificar os milagres como algo ridículo, tudo devido à responsabilidade de carregá-los consigo. Acredito que Lottie está, neste preciso momento, a acariciar-lhe a face.
- Obrigada, Lottie.
Calmamente coloco de volta a moldura que carrega a foto da belíssima jovem no armário. Imagino que todo este tormento a impeça de usufruir da serenidade merecida.
- Louis, não podes agir de cabeça quente. – Uma voz rouca pronuncia-se.
Niall.
Atormenta-me estar ciente do perigo em que se encontra. Saber a verdade não alterou o meu amor pelo loiro, modificou, em troca, as minhas prioridades. A minha doença e a obsessão com a entrada para a companhia esvaneceram-se, sobressaindo Niall.
Compreendo que o sucedido conduza a uma mudança de atitude pela parte de Louis e Harry, todavia o meu conhecimento sobre Niall é comparável ao conhecimento que possuo de mim própria. Confiaria a minha vida nas suas mãos.
- Temos de ir à polícia. – A voz rouca retoma a fala.
Contar a verdade. Percebi que Niall o iria fazer quando a nossa conversa reveladora se deu por terminada. Contudo, nada me garante que já o tenha feito.
- A polícia não vai acreditar. Já tentei processar aquele gangue imensas vezes! – Desesperado grita. – Eu avisei-a. Aquele assassino! Devia tê-lo morto quando tive oportunidade…
- Não te atrevas a falar sobre o Niall dessa maneira! – Engulo em seco, dando grandes passos até o meu oponente.
- Melody, pára! – Harry ocupa o pequeno espaço entre ambos. – Louis, isso não importa agora!
Não me movo, marcando território. O local dá-me o campo de visão perfeito em relação a Louis. Apercebo-me que ainda não disponibilizei tempo para observá-lo. Reconheço traços familiares – Lottie. Similar olhar penetrante com íris azul-marinho, destacando-se as chamativas pestanas e as escuras sobrancelhas. Os lábios de textura suave são rodeados por alguma barba dando-lhe um ar maduro. Diferencio a cor do cabelo, sendo o deste acastanhado contrariamente ao loiro de Lottie. Casualmente trajado com uns ténis da nike, calças de ganga de corte justo, camisola desportiva avermelhada finalizando com um simples gorro cinzento.
-Precisamos de descobrir para onde levaram a Destiny. – Harry encara Louis, tentando capturar a sua atenção. – Tenta lembrar-te de um local onde possam estar.
É inútil. Louis não é portador de qualquer conhecimento adicional.
Agonia? Louis, sentiu-a? Ainda está presente?
- A única solução é comparticipar o desaparecimento. Talvez se entregarmos a carta. – O timbre peculiar de Harry ecoa até mim por entre as paredes do hall de entrada que há instantes percorri.
O pálido rapaz usa um enorme chapéu em tons acastanhados. Imagino que com gel tenha alisado os seus caracóis deixando pequenos cachos escaparem do acessório que usa sobre os mesmos. Sentado sobre um, não muito elevado, móvel que decora a casa de Louis apresenta as costas relaxadas e ligeiramente inclinadas para a frente. Os braços estão cruzados. Fardado com uma cinzenta camisola de capucho, calças justas em tons de azul e botas castanhas. Descaio o olhar para a simples pulseira que decora o seu braço esquerdo.
