● Assassino ●

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“There's no love like your love (Não há amor como o teu amor)
And no other could give more love
(E nenhum outro conseguiria dar mais amor)
There's nowhere, unless you're there
(Não há mais lugar nenhum, a não ser que lá estejas)
All the time, all the way
(A todo o tempo, de todas as maneiras)
(…)
Don't tell me
(Não me digas)
It's not worth fighting for
(Que não vale a pena lutar)
I can't help it
(Não posso evitar)
There's nothing I want more
(Não há nada que eu queira mais)
You know it's true
(Sabes que é verdade)
Everything I do, I do it for you
(Tudo o que eu faço, faço-o por ti)”- I do it for you, Bryan Adams.

P.D.V. Destiny

Sei que é mentira. As coisas podem mudar, mas nunca vai estar tudo bem.

- Bom dia estrelinha. Está na hora de acordar.- Uma voz familiar diz, fazendo-me despertar do meu sono pesado.

Abro os meus grandes olhos azuis com alguma dificuldade devido à imensa luz que já se instalara no meu quarto. Enquanto esfrego suavemente os mesmos, oiço uma leve gargalhada vinda da pessoa que me acordou. Esta gargalhada…. É acolhedora e, provavelmente, a gargalhada mais bonita que existe no mundo inteiro. Faz-me sentir feliz. Muito familiar…

Elevo o meu olhar confirmando as minhas suspeitas.

- Louis!- Salto para fora da cama e abraço-o fortemente.- Que fazes aqui cenourinha? - Sorrio para ele.

- A tua mãe convidou-nos. Ela disse que o Natal é uma época de muita felicidade e que o devíamos celebrar mesmo depois do que aconteceu. - Normal da minha mãe. Sempre muito festiva! Mas tenho de concordar com ela.- E eu tenho de admitir que ela tem a sua razão…

-Ainda bem que entendes a minha mãe LouBear- Solto uma pequena gargalhada.

Louis é meu primo. Já não o vejo há cerca de um ano, no entanto, ele continua o mesmo. O mesmo LouBear de sempre. O mesmo sorriso, o mesmo olhar, a mesma voz, a mesma vida. Invejo a sua força, mesmo depois da grande tragédia que aconteceu ele continua o mesmo. Admiro-o totalmente por tudo o que é. Um dia com ele é sempre um dia bem passado. Ele é com certeza o tipo de pessoa que se quer ter por perto.

- Vá, agora despacha-te, está na hora de almoçar.- Avisa-me, deixa o quarto para que eu me possa vestir.

Visto uma roupa quente, pois está a nevar lá fora e eu sou uma pessoa totalmente intolerável ao frio.

Desço as escadas de madeira que me levam até à cozinha, o meu olfato rapidamente deteta o cheiro delicioso do tradicional peru recheado.

-Que cheiro delicioso! Quem cozinhou?- Pergunto criando já um tema de conversa.

- Eu cozinhei, com uma enorme ajuda da Johannah.- A minha mãe responde.

- Eu já desconfiava que não podias ter sido tu a criar este cheiro delicioso sozinha. - Digo e todos riem, incluindo a minha mãe que já se adaptara a este tipo de piadas da minha parte.

O almoço passou a correr, sem contar com um único minuto de silêncio.

O relógio do carro aponta as 16:15H assim que chegamos à velha igreja localizada uma rua acima da minha.

Entramos. Cá dentro reina um clima triste e arrepiante. Flores brancas decoram o lugar, inúmeras velas estão distribuídas pelo espaço.

A pedido de Louis sento-me a seu lado no banco vazio ao fundo da igreja.

Poucas pessoas se encontram aqui, apenas gente da família e conhecidos. Todas essas pessoas chorosas estão espalhadas pelos bancos revelando o sofrimento que sentem. Um homem com uma pequena barba branca, que aparenta já ter uma certa idade – não, não é o pai Natal – entra na igreja aproximando-se do altar. A missa de aniversário de falecimento vai começar.

O velho homem começa a falar com uma voz rouca e cansada. Olho o Louis - noto que o seu corpo está mole e quase sem vida. O seu maxilar está contraído, dor é demonstrada na sua expressão. O sorriso desapareceu. Os olhos estão vermelhos, a ameaçar expulsar tristes lágrimas.

- Estás bem?- Pergunto, mas já sei a resposta.

- Não. - Responde com uma voz trémula.

- Queres sair daqui?

Apenas assente. Agarro a sua mão e puxo-o até lá fora.

Os olhos de Louis repousam em mim quando nos sentamos nas escadas geladas. Consigo sentir a sua dor.

- Vai ficar tudo bem…- Digo baixo e abraço-o. Sei que é mentira. As coisas podem mudar, mas nunca vai estar tudo bem.

A sua cabeça descansa no meu ombro enquanto lágrimas são derramadas pelos seus olhos azuis, tão iguais aos meus.

Olho em volta: os jardins e passeios estão cobertos de neve. Pequenos flocos de nuvens aparecem por todo o lado. A minha respiração quente contrasta com o tempo frio.

- Está tudo errado, ela não queria nada disto. Eu sei que não. Ela não queria juntar um monte de pessoas chorosas dentro de uma igreja num dia como este por causa dela. Ela não queria nada disto. Ela merece muito mais. – Soluça a cada palavra. - Ela nem morreu neste dia. O seu corpo foi encontrado neste dia, mas ela já estava morta há meses atrás.

- Eu sei LouBear… eu sei. E é por isso mesmo que tens de te animar, ela iria querer isso.

- É difícil, eu sinto tanto a falta dela. – Já parou de chorar.

- Compreendo…

Levanto-me e caminho em frente.

- Tu tens de te animar- Olho-o, baixo-me começando a mexer na neve com as minhas mãos.

- O que estás a fazer tolinha?- Esboça um leve sorriso, levanta-se.

- Eu só estou a tentar animar-te.- Faço uma bola de leve e levanto-me.

- Oh, tu não tens coragem! - Ri.

- Tenho pois!

Atiro-lhe a bola de neve, ele logo riposta mandando-me uma outra.

Numa questão de segundos estamos numa autêntica batalha de neve a dois. Bolas de neve voam por todo o lado e risos harmoniosos são dados pelo meu querido menino, que à pouco expressava com lágrimas a sua imensa dor.

Continuo a luta alegremente até que uma voz masculina fala atrás de mim.

- Destiny…

Olho para trás rapidamente. Fico surpresa por ver esta pessoa aqui, neste preciso momento.

- Niall? Que fazes aqui?- Aproximo-me dele.

Antes que pudesse responder o cenário torna-se como uma cena de um filme: Louis atira-se a Niall, estão agora no chão. Louis encontra-se em cima de Niall, dando-lhe consecutivos murros. Fúria está presente no seu rosto, gotas de sangue do lábio de Niall tingem a neve num vermelho ardente.

Corro até eles e puxo o meu furioso primo pelo tronco.

- Louis! Por favor, pára!

Mesmo sendo pouca a minha força consigo tirar Louis de cima de Niall. Já por sua vez, Niall levanta-se, com alguma dificuldade, olhando para mim e para Louis confuso.

- Que se passou aqui? Estás doido Louis? O Niall é meu amigo. Sei que estás a sofrer pela morte da tua irmã, mas não podes começar a bater em qualquer pessoa que aparece na rua.- Falo alto, mesmo sabendo que mal me está a ouvir.

Louis passa por mim, novamente aproximando-se de Niall.

-Tu nem penses que vais fazer à Destiny aquilo que fizeste à Lottie.- Diz firmemente. Niall parece confuso.- Assassino.- Ele diz.

Entra no seu carro. Arranca e vai.

Why me? || h.s. & n.h.Where stories live. Discover now