Capítulo 4

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"Havia mil motivos pra eu não estar naquele show
Mas o nosso destino foi escrito
Sob o som de uma banda qualquer"



- Eu não sei por que estou fazendo isso, Isa.

- Porque eu fui no show por sua causa e acabei sendo socorrida por desconhecidos enquanto você discutia o seu não relacionamento com um cara escroto. E ainda beijou aquele safado!

- Foi sem querer.

- Não vou nem te responder, Jéssica Maria.

Encontrei a doida agarrada com o Artur depois de procurar por todos os lugares. O tempo todo eu só pensava em comer uma porção gigante de batata frita, mas me mantive na busca já imaginando entrar em uma das salas, ouvir um coro de "briga, briga, briga" e dar de cara com minha amiga descendo a mão no Artur. A realidade sempre podia ser pior, né. A bichinha até perdeu a cor quando me viu. Eu, surpresa com minha própria frieza, fingi que não queria esganar os dois e pedi para irmos embora, ela nem tinha reparado que precisei de cuidados médicos! Minha melhor amiga ela...

- Você é a pessoa mais sortuda que eu conheço!

- Que sortuda o que, eu fui humilhada pelo meu próprio corpo, nem passei dos 25 e já estou mostrando sinais de deterioração.

- Amiga, não fala assim. Você tá entrando na onda de quem te vê como um objeto com prazo de validade. - Ainda queria me dar lição de moral, veja bem.

- Claro que não, só tô dizendo que ainda não tenho idade pra não aguentar meia dúzia de cervejas de estômago vazio.

- Acho que em qualquer idade é difícil de aguentar isso.

- Talvez... - Não queria dar o braço a torcer. - A questão é que eles chamaram a gente pro after do show. E eu quero pagar pra ver.

- Há! Sabia que você tinha gostado do cara que debochou do seu estado alcoólico. - infelizmente minha amiga me conhecia bem demais.

- O que eu posso dizer? Eu gosto de um boy beirando a caçamba de lixo. Quero pagar pra ver. - Jessica riu do meu momento sincero - Falando sério, na praia ele foi bem legal, fiquei curiosa pra saber qual das duas personas é a verdadeira, o cara que cede cervejas pra desconhecidas ou o cara quieto que se comunica com risos debochados.

O que eu não quis admitir é que ele podia acabar sendo os dois. E eu não estava atrás de um Mr. Darcy moderno que fazia pouco caso de mim pra só nos momentos finais perceber que era tudo amor. De uma forma ou de outra, aqui estávamos as duas na porta do bar que eles disseram que estariam, honestamente eu estava mais interessada em sentar para comer do que ver no que ia dar dividir a mesa com quatro caras que só troquei meia dúzia de palavras. Tinha tudo pra dar errado, agora que eu pensava melhor sobre o assunto. Olhei para Jessica procurando coragem, ela sorriu pra mim, sempre pronta pra embarcar nas minhas loucuras.

- Mesa pra duas? - Um garçom baixinho e sorridente nos abordou.

- A gente tá procurando um pessoal... - falei incerta, na verdade não tinha combinado horário, então não sabia se eles já estariam lá. - Tem alguma mesa com quatro sujeitos barbudos, com cara de que estão passando fome?

O sorriso do garçom se alargou.

- Os barbudos já chegaram. Eles vem aqui quase todo dia. - Ele apontou pro segundo andar do bar. - Podem subir por ali.

No pé da escada o som de uma conversa animada aumentou. Não conseguia distinguir sobre o que era, mas a cada duas frases, risadas preenchiam o ambiente já barulhento por natureza. A cacofonia de vozes só se interrompeu quando fomos avistadas pelo grupo. Talvez estivessem rindo de mim, a voz na minha cabeça sussurrou antes que eu pudesse calar.

Do Nosso Amor a Gente É Quem SabeWhere stories live. Discover now