— Agora que o senhor sabe do meu segredo, bem, creio eu que já não poderemos mais ser amigos. — engoliu em seco — Só peço que, por gentileza, poupe-me de suas emoções ruins.
Julien alarmou-se. Não queria se afastar dela.
No limite de suas próprias emoções, Christinie forçou os pés a virarem para a direção contrária, mas foi impedida de seguir pelo aperto delicado em torno de seu pulso, muito diferente daquele que Baylor lhe dera há alguns minutos atrás; Julien fez com que ficasse de frente para ele.
— Não precisa ter vergonha. — murmurou.
Christinie desvencilhou-se e o fitou.
— Eu nunca tive vergonha. As pessoas fazem com que eu tenha. — respondeu.
Sob o olhar atento de Julien, ela caminhou até uma parede próxima e se apoiou, encarando os pés em seguida. Nenhum dos dois falou por um instante. Isso até a ruivinha se pronunciar:
— Ainda que eu saiba que sou muito mais do que dizem ou pensam, a verdade é que... O que eu sou além de uma pobre coitada que não pode engravidar aos olhos de todos, Sir? Ninguém jamais irá enxergar o meu valor, simplesmente porque o único valor que uma moça deveria ter era o de, como todos falam, iluminar a desesperança de uma vida sem brilho ao conceber.
Soltou uma risadinha irônica e ergueu o rosto para vislumbrá-lo. Ele se aproximou, parando diante dela, aborrecido com a ideia de que ninguém conseguia vê-la além daquilo.
Tolos eram aqueles que não enxergavam a vida e o brilho pulsando ao redor dela.
Julien deu mais um passo. Queria mais do que nunca afugentar a expressão tristonha que a ruivinha sustentava em seu belo rosto. Não combinava com ela. A tristeza não lhe cabia.
Com uma valentia desconhecida, apanhou gentilmente um dos cachos vermelhos que pendiam e o acariciou com as pontas dos dedos. Olhando-a fixamente, ele sussurrou:
— Não importa se os outros não sabem. Por que você sabe.... E eu também sei.
Christinie se espantou com as palavras dele, e mais ainda com o que lhe provocaram.
Entreolharam-se.
— Você é gentil, inteligente e mais corajosa do que muitos que se dizem ser. Seu valor é maior do que alguém um dia vá imaginar. E, honestamente, ninguém além de nós precisa saber disso.
— Julien...
— Você é... A pessoa mais especial que eu já tive o prazer de conhecer na vida.
Julien sabia que não tinha mais volta.
Antes que o bom senso impedisse, ele pressionou os lábios contra os de Christinie, que ofegou surpresa, mas não o rejeitou. Pois, necessitava daquele contato tanto quanto o próprio rapaz.
Ambos os corações dispararam.
Durante alguns poucos minutos, não passou de um encostar de bocas, porém, o desejo já havia tomado completamente os sentidos de Julien. Ele precisava de mais. Muito mais daquele doce sabor do proibido e não ficaria satisfeito até roubar um resquício que fosse de tudo o que ambicionava.
Com cuidado, deslizou a língua para fora e tocou o lábio inferior de Christinie, que tencionou surpreendida com tal ousadia. Julien pensou em recuar, contudo, soltou um suspiro no que a ruivinha entreabriu a boca para aceitá-lo. Ela também o queria. Céus, ela o queria!
A pouca sensatez que lhe sobrara, então, desvaneceu.
Segurou o rosto dela entre as mãos e deu vazão a toda paixão que vinha guardando em segredo ao longo daqueles meses. Era um beijo desengonçado e repleto de anseios reprimidos. Permitiu-se ser egoísta e esquecer absolutamente tudo: seu nome; o título que herdaria; suas obrigações com uma mulher que não amava e tinha certeza de que nunca chegaria a amar.
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O Mais Belo Vermelho
RomanceJulien Dufour está enredado em um casamento arranjado com a filha mais velha do Duque de Northumberland, amigo de longa data e sócio de seu pai. Sabendo de seus deveres como primogênito e herdeiro, ele nunca se opôs a ideia de expandir os negócios a...
Capítulo 18 - Cúmplices
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