Antro das Maritias

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A

noite chega rápido pois fomos correr pelos arredores da cidade, corri tanto que se não fossem minhas características feéricas eu estaria acamado. Araevin é incrivelmente rápido e ele usa um truque/trapaça com magia que o faz ganhar uma velocidade incrível.

Estamos chegando ao quarto para um grande banho, devemos ir ao banquete segundo Tinos ao me dispensar do treinamento hoje mais cedo. O próprio Tinos está sentado em um banco do jardim da entrada do quarto.

— Achei que os dois correriam até amanhã. — Tinos não parece bravo, é paciência e animação em seu semblante.

— Achei que nunca me cansaria neste corpo, mas com essa corrida eu percebi que não é bem assim — Sorrio com suspiros pesados. Estou realmente cansando, meu corpo reclama um pouco a cada passo mas não é impossível de se movimentar.

— Muito bem, estou aqui pra avisar que amanhã seu treino não será na capital. Estou saindo agora portanto não nos veremos no banquete.

— Onde será o treino mestre Tinos? — Não vou aguentar esperar até amanhã para descobrir.

— No Antro das Maritias. — Fala com um sorriso esperançoso.

Araevin se enrijece e encara Tinos com um olhar de aviso.

— Mestre ele não está pronto. — Diz com um tom firme.

— Aquelas coisas estão se multiplicando lá dentro e nós dois sabemos que fogo é a melhor arma contra elas. Quem melhor para matá-las do que um herdeiro da magia que ainda por cima tem o puro fogo feérico queimando no peito? — Tinos diz sorrindo e no fim de suas palavras lança um olhar a Araevin um pouco sério de mais.

Araevin bufa e segue para o quarto com passos fortes, parece uma criança emburrada o que me faz rir por dentro.

— Onde encontro o senhor para irmos ? — Pergunto voltando o olhar a Tinos.

— Se conhece Darios sabe onde me encontrar. — Fala com um sorriso simples. Da duas batidas no meu ombro e vai embora.

Suspiro e entro no quarto, subo as escadas pensando no porque Araevin estaria tão preocupado comigo se mestre Tinos havia dado a ideia. Tinos deve saber que não é tão perigoso pra me levar eu presumo.

Chego no terceiro andar e não vejo Araevin, deve estar no banho. Desço um andar e me sento na mesa de seu escritório. Não estou afim de passar por aqueles momentos super constrangedores do nosso último banho.

Não suportando ver tanta desordem com papéis e livros, começo a arrumar um pouco os papéis, tento ao máximo não abrir as cartas com selos por pura curiosidade e as que não tem me pego lendo algumas partes rapidamente. A maioria são convites de bailes e reuniões com mestres ou um aniversário de alguém. Outras solicitam a presença de Araevin em algum canto da capital. Me chama a atenção uma carta que diferente das outras não tem o destinatário como Araevin Argus e sim apenas Argus. Essa não tem selo então eu abro.

Leio toda carta sem acreditar no conteúdo dela, é do irmão de Araevin. Na carta ele pede desculpas e diz que está arrependido por ter assasinado seus pais entre palavras bonitas com relação ao que eles viveram antes dele ser banido.

— Por que não foi tomar banho comigo? — Meu coração só não sai pela boca por que eu a fecho com força, Araevin está escorado no batente da entrada do escritório só com uma toalha na cintura. Ele olha pra frente e não para mim.

— O último foi um pouco constrangedor. — Consigo falar meio gaguejado com um sorriso simples enquanto largo a carta sorrateiramente na mesa.

— Você fica constrangido comigo? — Ele se aproxima me olhando sério.

Amor e Magia - O Herdeiro do FogoWhere stories live. Discover now