CAPÍTULO TRINTA E NOVE

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AYLA

Respiro fundo mais uma vez tentando não vomitar. Eu preciso comer, preciso me alimentar. Passo minhas mãos, mesmo que amarradas em minha barriga.

— Vai ficar tudo bem. – falo baixinho fazendo carinho em minha barriga.

Desde que estou aqui tenho feito isso, conversado com meu bebe, isso me mantém calma de certa forma, é como se eu me isolasse de tudo que está acontecendo. Aqui nada mudou, continuo amarrada em um quarto fedido e sujo, sem a mínima noção do que vai acontecer. Mas eu estou viva. E isso é o que preciso para manter a esperança de que tudo vai dar certo. Lembro muito da minha mãe, e da Jasmim, religiões diferentes, mas duas pessoas tão fervorosas na fé, e no pensamento positivo.

Meus sonhos apesar de ás vezes serem mais pesadelos, me fazem querer sair daqui o mais rápido possível. Já olhei várias vezes, se existe alguma saída, quando sou levada ao que eles chamam de banheiro. Mas não vi nada além da porta do banheiro e um corredor.

Escuto eles conversarem, apesar de não entender nada do que falam pelos ânimos exaltados as coisas não andam boas. Um dos homens já entrou aqui duas vezes falando alto e apontando o dedo para mim, como se eu tivesse culpa de alguma coisa. Tenho me mantido quieta, apesar do medo, eu também não quero me esforçar, tenho que guardar minhas energias para o momento oportuno.

Volto a olhar para a tigela de comida a minha frente e com minhas mãos faço uma bolinha com as pontas dos dedos e coloco na boca mastigando o mais rápido possível. A ânsia volta. Tapo a boca sentindo meus olhos arderem por causa da náusea. Tomo rápido um gole de água, para passar.

— Que nojo! – tenho dificuldade de comer, com meus pulsos amarrados.

Desisto de tentar comer, empurro com os pés a vasilha para longe de mim, antes que jogue pra fora o pouco que consegui engolir. Olho para os lados e sem que eu consiga evitar começo a chorar.

— Eu quero sair daqui. – falo baixo.

Choro sentindo meu corpo tremer. Deito no colchão sujo tentando ignorar o cheiro. Tudo parece fedido, desde que estou aqui tenho vomitado todos os dias, e enjoado quase que o dia inteiro. Luto com minhas emoções, tentando manter o controle respirando fundo.

As lembranças dos nossos últimos momentos tomam conta da minha mente, me levando para um mundo paralelo. Seguro o colar que Almir me deu, e penso no que ele falou, sobre a lua e a estrela ficarem um tempo separados mas que depois voltam a se encontrar.

É só isso que eu quero, estar com ele de novo. Estar em seus braços, sentir o calor de seu corpo. Me pergunto em como ele está lidando com isso? Volto a chorar, até que acabo adormecendo.

[***]

Ele corre na praia.

Sorrio.

É lindo ver como meu bebe já cresceu. Ele corre de seu jeitinho todo desengonçado, de um lado para o outro fugindo do pai.

Almir. Meu coração acelera. Com os braços abertos ele finge não conseguir pegar nosso filho e cai na areia, tirando uma gargalhada gostosa do meu bebê. Meu pequeno chega perto do pai e é pego de surpresa também sendo jogado na areia. Dou risada da cena. Eu choro com a cena. Meus amores.

Meu peito chega a doer de tanto amor que tenho por eles. Eu quero correr e abraçá-los, mas algo sempre me impede.

Escuto um barulho estranho, mas estou cansada e me nego a abrir os olhos, querendo voltar a sonhar com eles. Novamente o barulho e sinto um puxão no cabelo. Algo arranha meu pescoço e tento levar minha mão até o local, mas não consigo. Então volto a lembrar onde estou. Agora escuto o barulho mais perto do ouvido e acordo com o susto quando sinto uma mão não meu ombro.

A Escolhida do Sheik [Re-postando]Where stories live. Discover now