Capítulo 11 - Receios e verdades

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Os gêmeos ficaram alguns breves minutos em frente à janela, rindo e conversando, e Julien pegou-se admirando-a com um sorriso contido nos lábios. Como podia ser tão linda? Como podia lhe causar aquele turbilhão de emoções sempre que aparecia? E iluminar tudo ao redor?

Pensando nisso, ele suspirou, quase enfeitiçado com o que via. O medo de outrora foi varrido para longe e uma alegria indevida invadiu seu peito com mais força do que esperava.

— Sir? Senhor Julien, está ouvindo?

O rapaz virou rapidamente a cabeça e deparou com a expressão desconfiada de sua noiva, que segurava o caderno em que escrevera a lista de preparativos desde o começo.

Suzanne observou-o atentamente e depois desviou o olhar para a janela. Julien temeu que ela descobrisse o real motivo de sua distração, mas, ao olhar na mesma direção, percebeu que os gêmeos não estavam mais ali.

Sentiu-se profundamente aliviado.

Encarando-o novamente, Suzanne soltou um suspiro e perguntou ao fechar lentamente o caderno, pousando-o sobre o colo.

— O senhor está cansado, não é?

— O que?

— Perdoe meu entusiasmo falando sobre os preparativos para o baile. É que está tão perto...

Julien, desconcertado, respirou fundo.

— Por favor, não peça desculpas. — disse — Sei que não estou prestando a devida atenção, mas é que são tantos pormenores que acaba ficando um pouco cansativo, tenho que admitir.

— Bem, de fato estamos aqui faz algum tempo, então compreendo que tenha ficado um pouco estafante.

O Dufour esboçou um sorriso embaraçado e concordou. Não deixava de ser verdade.

Suzanne colocou o caderno em cima do aparador ao lado. Cravou os olhos azuis nos castanhos do noivo e murmurou:

— O que acha de tomarmos um descanso?

— Creio que seja uma ótima ideia.

— Gostaria de passear no jardim? A tarde está agradável e eu percebi como o senhor olhava insistentemente através da janela. Talvez queria respirar um pouco de ar puro, estou certa?

A jovem sorriu convencida, como se soubesse de suas preferências melhor do que qualquer pessoa. Mal poderia ela conceber que, na verdade, o ar puro era a última coisa que o interessava lá fora. Menos ainda que era o jardim que tanto observava.

— Sim. — respondeu ele — Espairecer enquanto caminhamos pelos arredores será ótimo.

— Perfeito!

Contente, ela ajeitou uma mecha do cabelo louro atrás da orelha de maneira charmosa.

Como o cavalheiro que era, Julien levantou e estendeu o braço para que Suzanne pudesse se apoiar e levantar também. No entanto, ao fazê-lo, a moça tropeçou na barra do vestido e projetou-se desequilibrada para a frente. O Dufour não hesitou. Temendo que ela se machucasse, tomou-a entre os braços, de modo que a cabeça dela esbarrou em seu peito e suas mãos lhe envolveram a cintura delgada para mantê-la firme. Estavam praticamente colados um ao outro.

Claro que tal atitude fora somente para ajudá-la, mas Julien tinha consciência de que não era adequado tocar sua noiva daquela maneira.

— A senhorita está bem? — perguntou.

Suzanne balançou a cabeça, visivelmente constrangida, e permaneceu quieta.

Julien, que começava a ficar incomodado com tamanha proximidade, certificou-se de que realmente nada havia acontecido e deu um passo para trás, querendo abrir uma distância respeitosa entre os dois e pedir desculpas. Contudo, uma atitude inesperada da moça fez com que arregalasse os olhos e ficasse imóvel no lugar. Engoliu em seco.

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