Estrela Solar

" Capítulo 14 "

* Ariel Anderson

     Não acredito que fui fraca e dormir de novo com Erick, só da primeira vez ele já conseguiu me engravidar, não quero nem imaginar da segunda.

  Acordo com sua respiração no meu pescoço, o braço ao redor da minha cintura e uma de suas pernas no meio das minhas, olho as horas no relógio digital em cima do criado mudo, marcando seis horas em ponto, tento sair da cama sem o acordar, mas ele me aperta mais em seus braços.

– Onde você pensa que vai? – pergunta sussurrando em meu ouvido, me fazendo arrepiar.

– Erick, já são seis horas, preciso me arrumar para ir pra escola – respondo.

– Pra quê? Tem a substituta que contratou – diz escondendo o rosto nos meus cabelos.

– Já faz mais de cinco dias que não vou à escola, a substituta era só por alguns dias, meus alunos precisam de mim – falo enquanto tento me soltar dele.

– Eu também preciso de você – diz fazendo drama.

– Erick – digo brava.

   E enfim ele me solta, a contragosto, porque ele fica bufando na cama, enquanto me levanto vestindo somente sua camisa xadrez, azul com listras pretas, de manga longa, entro no banheiro vendo minha imagem deplorável, cabelos bagunçados, marcas roxas de chupões no pescoço, colo e nos seios também, não acredito que ele me marcou toda.

   Após fazer minha igiene bucal, entro debaixo do chuveiro, lavo meus cabelos, porque do jeito que ele estava nem a escova entraria nele, saio do banheiro entrando no closet, opto por vestir uma saia azul jeans de botões com uma abertura na frente, um boré rosa todo de renda e um blase da mesma cor da saia, scarpin aberto atrás.

– Não acredito que você vai me deixar aqui, indo trabalhar toda linda assim – Erick diz adentrando o closet, só com uma toalha branca enrolada na cintura.

– Mas eu preciso trabalhar, você precisa trabalhar.

– Estraga prazeres – diz me abraçando por trás e beijando meu pescoço.

   Terminamos de nos arrumar e saímos do quarto, caminhando até a sala de jantar para tomar café da manhã, Marcus e tia Rosana já estão na mesa conversando, quando chegamos, me sento ao lado direito de Erick, que senta na cabeceira, Marcus ao seu lado esquerdo e tia Rosana ao meu lado.

– Bom dia – digo os saudando.

– Bom dia – respondem.

   Começo a me servir de suco de laranja, panquecas com omelete e uma salada de frutas leve.

– Como passou a noite sra. Rosana? – Erick pergunta á titia.

– Muito bem, obrigada – responde.

– E como está indo o curso Marcus? – pergunta curioso e com expectativa.

– Estou indo bem – responde orgulhoso – Semana que vem tenho uma prova e entrega de trabalhos.

– Se precisar de ajudar, não exite em pedir Marcus – falo para ele, que está com seus olhos brilhando.

   É tão bom para uma professora, ver um jovem hoje em dia interessado em estudar e com um brilho no olhar querendo saber mais, se sentindo orgulhoso de si mesmo, como Marcus está sentindo.

– Obrigado, acho que vou precisar de ajuda para revisar um trabalho – comenta.

– Bom eu vou indo, já está na minha hora – falo me levantando.

   Erick se prontifica em me levar de carro, como recuso ele oferece um dos carros para mim ir, aceitei porque já estava passando da minha hora. Assim que chego a escola, sou recebida pelas crianças em um abraço múltiplo, dou atenção a todas, que falam ao mesmo tempo, contando dos dias que fiquei fora, ao entrar na sala de aula, encontro Karina a professora substituta e uma velha conhecida da faculdade, e que também estava desempregada.

– Ariel, bom dia – ela diz vindo me abraçar.

– Bom dia, Karina. Como vai? – pergunto ao nos separarmos, caminho até a mesa da professora deixando minha bolsa lá.

– Vou bem, como não sabia que tinha chegado, eu vim para a escola – diz um pouco envergonhada – Passei para eles tudo o que você deixou planejado.

– Está bem, obrigada – agradeço enquanto dou uma olhada na cardeneta de anotações e o caderno de planejamentos, percebo que ela já vai saindo da sala – Karina – a chamo e ela para virando-se para mim – Fique, quero falar com você, no final da aula.

– Tudo bem, vou aguardar no pátio – concorda.

   Não demora muito para o sinal tocar e as crianças entrarem e sentarem em seus devidos lugares, nossa aula foi em meio de brincadeiras, durante esse tempo pergunto o que eles acharam de Karina e as respostas são positivas, só reforçam a minha decisão.

– Por hoje é só crianças, até amanhã – os dispensos assim que o último sinal toca – Alguém pode pedir para a tia Karina vir até aqui – peço e eles confirmam.

   Um minuto depois ela aparece, faço um gesto pedindo para ela puxar uma cadeira e se sentar à minha frente.

– Karina, eu queria te fazer uma proposta – começo apoiando o queixo em uma das mãos.

– Proposta? Qual? – pergunta curiosa, levantando uma sobrancelha.

– Karina, o que você acha de ser a professora de reforço da nossa escola? Tem muitos alunos, mesmo que eu não queira, estão atrasados nos conteúdos, as provas estão chegando e quero que todos passem e para isso eu vou precisar de  ajuda – pergunto e explico minha ideia para ela.

– Você está falando sério? – pergunta extasiada.

– Sim.

– É claro que eu aceito, obrigada – agradece.

– Quê isso, eu que agradeço, ainda falta falar com  Erick, mas tenho certeza que ele vai aceitar, até porque estou grávida.

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