" Capitulo 09 "

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* Ariel Anderson

  " Algumas Semanas Depois "

   Acordo mais uma vez enjoada e correndo para o banheiro, para colocar tudo que como para fora, nas últimas duas semanas tem sido assim todos os dias, ainda não contei para ninguém minha suspeita e tenho medo de confirmar, Maria anda me olhando desconfiada toda vez que saio para vomitar.

    Guilherme nunca mais me procurou, mas até que tentou falar com tia Rosana, mais segundo ela colocou ele em seu devido lugar, seja lá o que isso signifique e Erick, bom eu quase não o vejo, raramente nos cruzamos pela fazenda e ele nem fala comigo.

   Aproveito que já estou no banheiro, para tomar um banho relaxante, como o dia amanheceu nublado e frio, mais uma vez, visto uma calça de moletom, uma blusa de manga longa e um casaco por cima e nos pés botas de couro marrom de saltinho, assim que saio do quarto sou recebida por um vento gelado no meu rosto, que baguçam meus cabelos, como não estou com fome e ainda estou um pouco enjoada, resolvo dar uma volta pela fazenda. Enfio as mãos no bolso do casaco e caminho rumo ao celeiro, Marcus foi para a Capital estudar, confesso que sinto falta dele aqui na fazenda, ele me acompanhava todos os dias até a escolinha, apesar dele não conversar muito, mas era bom ter sua companhia.

   Entro no estábulo, vou direto para a última baía, onde encontro Trovão comendo seu feno, todo tranquilo, abro a porta de sua baía entrando.

– Oi garotão – falo alisando sua crina – Estava com saudades... Sabe, se eu não tivesse medo de montar, daria um passeio com você, acho que isso me distrairia um pouco, minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento, você deve achar que eu sou louca por estar aqui falando com um cavalo, bom eu também estou começando a achar que eu sou.

– As vezes os animais nos entendem melhor que nós mesmos – me assusto com a voz de Erick atrás de mim.

    Viro-me só para contempla-lo em sua beleza dura e crua, e parece que está mais lindo que da última vez que o vi. Antes de eu falar qualquer coisa, o meu celular começa a tocar, o pego no bolso do casaco, o nome da minha irmã aparece no visor, Vivian não é de me ligar, deve ter acontecido alguma coisa e logo a preocupação cresce em meu peito e um nó na minha garganta.

– Alô – atendo com a voz trêmula.

– Ariel, é a tia Rosana... Ela está no hospital, vem para cá o mais rápido que puder – pede com sua voz embargada pelo choro.

– O que aconteceu? – pergunto com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

   Ela demora a responder e isso aumenta ainda mais minha preocupação.

– Só vem.

    Diz antes de desligar, guardo o celular no casaco novamente, passo por um Erick confuso e começo a correr até meu quarto, pego minha bolsa e volto a correr para fora e para minha sorte encontro Pascal.

– Pascal... Pascal – o chamo e ele para – Preciso que me leve até o hospital na Capital, por favor – imploro com as lágrimas caindo de meus olhos.

    Pareceu quase uma eternidade até chegarmos no hospital, assim que cheguei na recepção, encontrei minha irmã andando de um lado para o outro, com o semblante preocupado, quando me viu veio correndo me abraçar.

– O que aconteceu? – pergunto ao nos separarmos.

– Nós estávamos tomando café, quando tia Rosana começou a reclamar de dor e logo ela desmaiou – conta com as lágrimas caindo de seus olhos verdes, parecidos com os meus – A sorte foi que o vizinho da frente estava saindo e me ajudou, mas os médicos até agora não vinheram dizer nada, eu já estou aflita – voltou a chorar.

– Vai ficar tudo bem – falei mais para mim do que para ela.

   Meia hora depois ainda não havíamos recebido notícias de tia Rosana e eu já estava mais do que aflita, nenhuma enfermeira sabe nos dizer nada, só os médicos e eles até agora não apareceram, já cansei de andar de um lado para o outro e me sento ao lado de Vivian e Pascal, que preferiu ficar com a gente, mesmo contra minha vontade ele avisou ao Erick, sobre o ocorrido e agradeceu o apoio e a compreensão.

– Parentes de Rosana Anderson ? – um senhor de idade, usando jaleco, chama.

– Aqui – me levanto acompanhada por Vivian e Pascal.

– Vocês são o quê da paciente? – pergunta.

– Somos sobrinhas dela e ele é um amigo – respondo – E a minha tia, como ela está?.

  A aflição é evidente em minha voz e o médico ainda faz um suspenso assustador, me dando a certeza de que ela não está bem.

– Eu não vou mentir, a senhora Rosana precisa fazer uma cirurgia no coração imediatamente, a situação dela é muito grave. A sua tia deveria ter feito essa cirurgia a mais de um ano atrás, a vida dela depende disso – meu mundo cai com sua afirmação.

– Para quando é essa cirurgia? – pergunto num fio de voz, tentando segurar as lágrimas.

– No máximo até o final do dia de amanhã – responde sincero.

– Ah, meu Deus – Vivian exclama ao meu lado.

– Pode fazer a cirurgia, doutor – escuto uma voz grossa inconfundível.

    Ao me virar vejo Erick, me olhando  intensamente.

– O que você está fazendo aqui ? – pergunto ainda meio sem ação.

– Será que eu posso falar com você, Ariel? – ele pergunta, não me respondendo.

– É para fazer a cirurgia, sim ou não? – somos interrompidos pelo médico.

– Sim – Erick responde e ele sai, nos deixando para trás.

    Erick faz um aceno com a cabeça e sai, vou atrás sem fazer perguntas, quando paramos no jardim, ele diz algo que me surpreende e me deixa chocada :
– Para continuar a pagar a cirurgia da sua tia, eu quero que você se case comigo...

– O quê?.

– Ou entro naquele hospital e mando eles pararem e a sua tia morre esperando uma cirurgia.

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