Capítulo 22

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***Angel***

- Não me diga que seu problema é com animatronics? - Ezrael pergunta sem sorrir.

- Bom... - não sabia por que tinha falado aquilo, ele morava com o Dave, apesar de não parecer muito obediente, talvez também tivesse herdado a mesma mente maligna, não dava pra confiar. Mas agora eu já havia ido longe demais, precisava arranjar uma desculpa e rápido. - na verdade eu... eu perdi a minha câmera, na pizzaria do Dave.

- Já tentou os achados e perdidos? - ele falou voltando ao sarcasmo habitual.

- Sim... - Deveria tomar cuidado, eu sou péssima com mentiras. Se eu tivesse cuidado ele ainda poderia nos ajudar sem necessariamente conhecer nossas intenções. - Acho que eles não tem achados e perdidos, então imaginei que o Dave talvez tenha levado para sua casa.

Ezreal encara desconfiado por alguns minutos me fazendo ficar um pouco ansiosa com a situação.

- E raro ver o meu pai trazer qualquer coisa da pizzaria para cá. Todavia, se ele realmente trouxe para casa, provavelmente ele o colocou no porão ou no sotão, só que os dois lugares estão trancados e as chaves ficam no quarto dele.

Coço a cabeça tentando pensar em um plano, mas poucas ideias vinham em minha mente e nenhuma delas podia acabar bem. Sendo assim, a única forma de pega-las era usando nosso novo "amigo".

- E se você pedisse as chaves para o seu pai? - Emily finalmente compreende minhas intenções e entra na conversa - Poderíamos entrar lá e procurar pela câmera.

- Sem chance, meu pai nunca me daria as chaves do seu precioso sótão. Ainda mais com o que aconteceu no ano passado... - as feições de Ezreal pareciam perturbadas, como se estivesse com medo de continuar falando. Enquanto isso, Emily lançava olhares que diziam: "Ele é inútil, vamo dar o fora!". Mas eu ainda não tinha perdido as esperanças.

- Você não precisa pedir pra ele, podemos pegar a chave emprestado e aposto que ele nem vai notar. - digo com o ar mais sínico que eu já havia projetado na vida. Era óbvio que ele iria notar, paranóico como era..., mas esse era o único jeito, com certeza eu já havia passado por situações mais perigosas.

- Sim, vamos só dar uma olhadinha rapidinho. Anda logo antes que ele volte! - Emily pressiona ele ainda mais. As vezes ela sabia ser bem... ameaçadora.

- Essa história está muito suspeita, por que você não pedem diretamente para o meu pai? - Ezreal parecia estar transpirando de medo com a ideia ter que roubar as chaves do seu pai.

Me destraio com uma mancha estranha em seu pescoço e esqueço de inventar uma desculpa coerente pra ele. Um breve e constrangedor instante de silêncio se passa entre nós enquanto ele nos observava ainda mais desconfiado. Dou um sinal discreto de desespero na direção da Emily que quebra o silêncio em seguida.

- Tá, se você não vai contar eu conto - Emily se adianta a minha frente para ficar mais próxima de Ezreal - Resumindo a história, o seu pai roubou a nossa câmera por que comemos e não pagamos pela pizza.

Me esforcei muito para não bater minha mão na testa. Aquela foi a desculpa mais estúpida que eu já havia ouvido na minha vida inteira, Erzel jamais acreditaria.

- Meu pai fez o quê? - se antes ia ser difícil convencê-lo, agora seria impossível.

- Não pagamos pela pizza e nos recusamos a lavar a louça porque havíamos encontrado uma barata entre as fatias. Fizemos uma escândalo e Dave apareceu, mas não queria nos ressarcir. Eu estava tirando fotos para postar no nosso blog quando ele retirou a câmera da minha mão e levou embora. - ainda era uma história muito ruim, mas agora Ezreal parecia mais convencido.

- Bom, nesse caso eu acho que ele guardaria a sua câmera no escritório, mas seria impossível entrar lá com ele dentro de casa.

- E quem disse que ele vai ficar em casa? - No outro extremo do corredor era possível ver o Dave saindo pela sala de estar enquanto a Fernanda corria atrás dele  parando na porta enquanto murmurava algumas pragas inaudíveis àquela distância.

Foi então que eu lembrei que talvez ela não soubesse que eu estava ali. Isso poderia ser útil se eu fosse cuidadosa.

- Emily, destraía ela - corro meio abaixada até às escadas e me esgueiro o mais furtivamente que eu consigo na direção de Ezreal. Ele que era ainda mais lento do que eu imaginava, continuou parado na escada fazendo com que eu tivesse que puxa-lo pela camisa para que ele me acompanhasse escada acima.

Apesar de larga, a casa era estranhamente baixa, uma pessoa com mais de 1,80m provavelmente teria problema com as portas. No final isso foi bem útil enquanto eu tentava chegar no segundo andar sem ser percebida. Assim que chego no andar superior me assento em um ângulo em que eu não seria vista, mas ainda podia ver o que acontecia lá embaixo. Como eu previa, Fernanda aparece com o seu ar desconfiado habitual.

- O que faz aqui? - Fernanda nunca foi de fazer rodeios quando estava falando com a filha.

- Eu estava procurando pelo banheiro... -  Era visível como a postura dela mudava na presença da mãe. Conhecia ela a tempo suficiente para saber por que isso acontecia, mesmo que nem ela mesma soubesse disso.

- Você sabe do que eu estou falando...

Sinto uma mão fria encostando na minha cintura descoberta, me dando uma calafrio que poderia ter até sido agradável em outra situação. Mas naquele momento só fez o meu coração saltar enquanto dirigia meu olhar mais ameaçador para Ezreal agachado do meu lado em uma posição nem um pouco discreta.

- Você é idiota ou o quê? - tento usar o meu tom mais baixo, mesmo assim tive a impressão de que podia ser escutada a metros de distância. Percebo a cabeça de Fernanda se virando na nossa direção. De modo instintivo eu tento me levantar e recuar ao mesmo tempo, o que me faz perder o equilíbrio e cair para trás. Ezreal que estava no ângulo da queda tenta me segurar, mas acabo caindo encima dele.

A nossa sorte foi que o corpo dele abafou o som da queda. Sinto o meu rosto esquentar e me levanto rapidamente virando o meu rosto para que ele não visse.

- Olha, ficou vermelhinha.

- Cala a boca! - Grito tampando a minha boca ao perceber o que eu fiz, mas novamente pela minha sorte, parecia que ninguém tinha ouvido. - Agora faz o favor de mostrar a onde é o escritório.

Ele se levanta e coloca a mão em meu queixo.

- Ok amorzinho. - Ele abre um leve sorriso me fazendo ficar vermelha novamente. - Por aqui. - Ele solta o meu rosto e se vira seguindo o corredor.

- Isso vai dar muito ruim. - Penso seguindo ele.

Five Nights At Freddy's 2 : A Última Sobrevivente Where stories live. Discover now