Capítulo 13

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*** Emily ***

 Acordo ofegante e suada, ainda sem lembrar direito o que havia acontecido, era como se eu tivesse acabado de acordar de um pesadelo. Olho a minha volta um pouco confusa, meu quarto estava escuro e silencioso como sempre.

 Memórias de momentos antes voltam subitamente, como um soco no estomago. Por um instante, chego a cogitar a possibilidade de ter sido mesmo um sonho, mas não conseguia me lembrar de ter deitado na minha cama, muito menos de ter colocado o meu vergonhoso pijama da moranguinho.

 Meus lábios e boca ardiam, como se estivessem queimados. Uma forte náusea me faz voltar a fechar os olhos, a imagem de Angel vem a minha mente, mas não conseguia lembrar de seu rosto, era como se ele estivesse escondido por sombras nos meus pensamentos. Onde ela estaria agora?

*** Angel ***

Acordo com uma dor de cabeça forte e um gosto amargo na boca. Ergo a cabeça e tentando enxergar algo, mas o local era um breu absoluto, sem luz, sem som, sem nem um brisa, apenas um cheiro acre de podridão e morte. De algum modo, eu sabia que estava na pizzaria. Talvez fosse o cheiro sufocante de gordura ou a sensação de estava sendo observada.

- Emily.. - tento gritar, mas minha voz saí rouca e pela metade. Tento tossir e engolir saliva, mas ela desce como ácido pela minha garganta, me fazendo engasgar.

 Vejo uma pequena luz piscando a distância. Tento me levantar, mas um forte tontura me leva de volta ao chão. A bile sobe a minha boca, mas eu engulo de volta enquanto meus olhos lacrimejavam com o sabor amargo. Ignoro o meu mal estar e obrigo meu corpo a se erguer e seguir cambaleante até a pequena luz solitária no vazio da escuridão do quarto. Assim que me aproximei o suficiente pude ver a uma superfície plana de madeira maciça - provavelmente uma mesa, a escuridão não me permitia ter certeza e os últimos eventos me ensinaram que não existem certezas - que era iluminada pelo pequeno filete de luz. Este provinha de uma pequena lanterna à pilha. Ao lado desta, havia um bilhete escrito a mão em um papel  toalha meio amaçado e sujo de gordura nas pontas.

Pego a lanterna e ilumino o bilhete. A letra me parecia familiar, ainda que fosse um tanto confusa e desleixada. A tinta vermelha com que foi escrita faz minha imaginação viajar para longe enquanto um arrepio percorria a minha espinha.

 "Cuide bem desta lanterna se quiser ter uma chance de sobreviver."

 A última palavra havia sido rabiscada algumas vezes e rescrita por cima, o que me fez levar um tempo para compreende-la, mas quando o faço começo a desejar que não houvesse conseguido. Coloco o bilhete de volta na mesa, tentando esquecer aquelas palavras antes que me deixasse ainda mais perturbada. 

 Um baque a minha esquerda me faz saltar, com o coração na mão. Ergo a lanterna que produz um feixe de luz tremulo na direção do que parecia ser uma porta de ferro, com alguns pontos marrons como cobre onde o metal havia sido consumido pela ferrugem. 

 Me aproximo dela, um tanto receosa. Meu medo era tão visível que minhas mãos e lábios começaram a tremer.

 Qual é Angel? Não seja estúpida! No máximo é um animatronic assassino, nada com o que já não esteja familiarizada.

 Uma súbita onda de coragem leva meus pés ate a porta. Encosto o meu ouvido no metal frio e por um instante paro de respirar na esperança algo, mas acabo suspirando aliviada quando não ouço nada. Analiso o metal maciço percebendo, para a minha infelicidade que o motivo de eu não ter ouvido nada não era por não ter ninguém do outro lado, e sim pela espessura do metal rígido.

 Qual a necessidade de um porta assim? Acharam que eu poderia arrombar com um trator?

 Desapontada e sem mais ideias tento empurra-la, mas ela permanece imóvel, como era esperado. Seja o que for que tivesse batido naquela porta talvez também tivesse chegado a mesma conclusão.

Passo a lentamente a lanterna à minha volta, na esperança de encontrar outra saída, mas o fraco feixe de luz mal podia trespassar a escuridão do local. Sem alternativas, penetro as trevas com as mãos erguidas, mais para impedir que eu tropeça-se em algo do que para me proteger. 

Ando pelo local escutando os meus passos ecoarem pelo ambiente escuro e quente. Piso no chão vagarosamente, como se caminhasse sobre uma ninhada de ratos.

Escuto um pequeno click que faz meu coração parar junto com os meus passos. Luzes se acendem, iluminado o espaço a minha volta. Fecho os olhos que ardem e lacrimejam devido a forte luz repentina. Sem entender como se acenderam sozinha, abro os olhos ficando chocada com que eu via.

Freddy Fazeber's, eu sabia! Mas como eu vim para aqui?

Me assusto ao ver os três animatronics que estavam de pé não muito longe de onde eu estava. Com os olhos fechados, eles pareciam estar dormindo. Não estava afim de esperar eles acordarem para fugir dali. Me e afasto, lentamente a princípio, mas logo estou correndo a todo vapor por um corredor qualquer  ao lado do palco.

 Um sorriso nervoso surge no meu rosto ao ver uma porta ao fim do corredor, uma saída em potencial. Mas, assim que me encosto nela, a minha felicidade acaba. Ela estava trancada.

 Trancada em uma pizzaria com animatronics assassinos? Quem nunca?

 Lagrimas descem pelo meu rosto e sou tomada por um ataque de fúria. Esmurro a porta com toda a minha força, enquanto soluçava descontroladamente. Paro para recuperar o folego e meu corpo desliza para o chão, já sem forças. Encosto minha testa no metal frio da porta e fico alguns segundos tentando controlar minha respiração.

 Desespero não vai me ajudar em nada. 

 Sentia-me tão cansada que acabei me permitindo fechar os olhos por alguns instantes enquanto tentava organizar meus pensamentos. Sinto o sangue escorrer pelas minhas mãos feridas, mas já não sentia dor. Inspiro profundamente e limpo meus pensamentos. A única coisa que ouvia eram as batidas ritmadas do meu coração. Abro os olhos e me ergo lentamente, finalmente havia compreendido. Não adiantava fugir e era inútil lutar. Se quisesse sair dali viva teria de pensar mais antes de sair correndo como uma louca. 

 Precisava de um plano... Precisava da Emily.

***Toy Freddy***

 O ruído baixo de alguém chorando me faz acordar. Era estranho o fato das luzes estarem acessas durante a madrugada. Logo entendo a razão delas estarem assim, havia alguém na pizzaria.

 Desço do palco tomando cuidado para não fazer muito barulho, embora fosse quase impossível dado o meu tamanho. Batidas fortes vindas da porta de ferro mostram que Foxy, um dos antigos animatronics da pizzaria, sentira o cheiro de sua presa. Uma vez localizada, não importava à ele se era uma pessoa ou um animatrônico. 

 Os antigos animatronics, ou como aprendemos a chama-los: olds (velhos), sempre nos odiaram, nunca soube bem o motivo, ainda que eu tenha as suspeitas de que seja pelo fato de termos substituído eles. Não os culpo, mas não precisavam nos tratar com desprezo, afinal estamos todos no mesmo barco, todos nós somos obrigados a obedecer ao Puppet e o Dave.

 Ignoro os meus pensamentos, tentando me focar na origem do choro abafado. O som me leva para o corredor que vai a saída, me aproximo devagar da porta até conseguir ver o dono do som.

 É uma garota! 

 Seus cabelos eram longos e escuros. Aquele detalhe fez-me sentir estranho, como se estivesse em um déjà vu. Sem me perceber, ela se senta no chão tentando controlar o choro. Não conseguia ver seu rosto, mas aquilo não importava para mim, a regra para aquela situação era clara: qualquer tipo de invasor deveria ser morto.

 Me aproximo devagar, mas  paro na metade do corredor quando ela se levanta e olha na minha direção. Por um instante nossos olhos se cruzam e meu corpo congela.

 Angel....

Five Nights At Freddy's 2 : A Última Sobrevivente Where stories live. Discover now