Capítulo 1

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***Angel***

Me deito na grama semi cortada, o céu estava estrelado e isso me trazia uma certa calma, imagino se estrelas também ficavam me observando igual eu ficava com elas.

De longe consigo escutar a Maria Catarina miando junto ao vento frio.

- Angel entra, se não você vai acabar ficando gripada - a minha tia grita de dentro da casa.

- Já vou - grito de volta, mas sem tirar os olhos do céu.

Já faz sete anos que Roberta, minha tia, ganhou a minha guarda e me trouxe para morar com ela. Meu pai ainda pode me visitar a cada duas semanas, não que ele venha. Desde o início eu não queria deixá-lo, mas ele mesmo não parecia muito se incomodar com a minha ausência. Com o tempo me acostumei e morar com minha tia não era a pior coisa do mundo.

Respiro fundo desejando ficar ali naquele momento pela eternidade, mas acabo me levantando contra a minha vontade e entro na casa.

Roberta estava na cozinha e pelo cheiro estava preparando chocolate quente. Passo na cozinha para pegar um copo e depois vou para o meu quarto, mas no meu caminho encontro a prima Beatriz que, como sempre, me olha irritada.

- Angel, eu já falei para você manter aquele saco de pulgas longe do meu quarto - eu a ignoro e passo por ela tentando continuar o meu caminho em paz, mas ela segura o meu braço me puxando para perto dela - Eu to avisando se eu encontrar aquela gata de novo no meu quarto vou acabar jogando ela pela janela.

Aquela garota era inexplicavelmente insuportável, desde que chegara ela fora a sua pedra no sapato. Respiro fundo tentando pensar racionalmente.

- Faça isso que eu te jogo pela mesma janela - puxo o meu braço e vou para meu quarto.

Infelizmente nada nessa vida é perfeita, e Beatriz é a prova disso. Se só fosse eu e Roberta está casa ia ser o paraíso, mas a minha tia tinha que ter uma filha um ano mais velha que eu e um ano mais idiota. Beatriz simplesmente me odiava desde o dia que pus os pés aqui, ela odeia o fato de ter que dividir a atenção de Roberta, acho que é por isso que ela não tem irmãos. Todos os dias Beatriz tem uma missão, que é transformar os meus dias em um verdadeiro inferno.

Roberta acha que um dia eu e Beatriz vamos parar de brigar e virar grandes amigas, pena que isso é só um sonho. Eu também queria parar de brigar com Beatriz, mas ela não daixa e sempre esta me provocando, mas será que um dia isso vai acabar?

Entro no meu quarto trancando a porta para evitar que Roberta entre e me jogo na cama, fecho os meus olhos tentando relaxar, mas a minha paz é logo interrompida por uma risada vinda de algum lugar do quarto, abro os meus olhos desanimada e olho para onde escutei o barulho, e como sempre Golden esta-lá com os olhos fixos em mim, fazendo um calafrio subir pela minha espinha. Ainda que essas suas visitas sejam um hábito, eu ainda não consegui me habituar àqueles olhos vazios me fitando.

Me levanto tentando ignorá-lo e vou para cozinha que agora estava vazia. Coloco a caneca na pia e pego um pacote de ração para gato que estava embaixo da pia, um vulto cinza pula sobre o meu ombro me fazendo cair com o susto, levanto um pouco o meu olhar e vejo Maria Catarina lambendo sua pata inocentemente. Rio de mim mesma pelo susto que levei.

- Acho que estou tensa demais - falo sacudindo um pouco o corpo. A gata me fita atenta aguardando sua ração - Depois quero que você me explique aonde aprendeu a se teletransportar desse jeito - me levanto e faço um carinho na Maria Catarina fazendo ela ronronar.

Pego de novo a ração e a coloco em um potinho, que a Maria Catarina a devora rapidamente. Depois vou para a sala assistir TV em quando o sono não vinha.

Na TV um repórter fala alguma coisa sobre a política de hoje em dia e um acidente de carro qualquer. Conforme o repórter ia falando mais o sono ia chegando, me deito no sofá e deixo os meus olhos se fecharem.

- Agora falaremos da reabertura da famosa pizzaria Freddy Fazeber's- escuto o reporte falar.

O Que?

Abro os olhos imediatamente e olho para a TV. O repórter estava na frente de um estabelecimento colorido, cheio de balões e fitas vermelhas. A câmera se move e para em uma pessoa que para mim deveria esta presa: Dave.

- Depois daqueles acidentes que aconteceram na antiga pizzaria, por que o senhor resolveu abri-lá de novo? - o repórter leva o microfone para Deve que olha para câmera.

- Bem, é o mínimo que posso fazer para trazer um pouco de felicidade para está cidade, afinal acidentes acontecem não é mesmo, e infelizmente a minha pizzaria foi alvo de alguns destes acidentes, como falha nos animatronics e lugares sem vigilância. Mas agora ela está de pé de novo e pronta para impedir que novos acidentes como estes aconteçam. Essas coisas agora ficarão no passado, agora vamos olhar para o futuro - Deve se vira e vai para a porta do estabelecimento - Vocês querem vê-los?

Sem esperar uma resposta, Deve entra na pizzaria seguido dos repórteres. O local era enorme e colorido, um paraíso para qualquer criança.

- A pizzaria toda foi reconstruída e reformada, no total eu gastei mais de 10 mil para fazer tudo isso que os senhores estão vendo e gastei mais 5 mil para construir seis animatronics para o entretenimento das crianças - Deve anda pelo local e para em frente a um palco aonde três animatronics estavam cobertos por um pano cinza claro. Dave puxa o pano três novos animatronics muito parecidos com os antigos tomam a cena de todos - E estes três carinhas aqui são responsáveis não só para o entretenimento, mas também para a segurança, já que eles são embutidos com reconhecimento facial e registros da maioria dos bandidos que estão foragidos - Deve olha para a câmera e sorri levemente - Vocês podem chegar mais perto deles, pelo menos estes aqui não mordem.

O repórter solta um pequena risada forçada e o camera-man aproxima a câmera para filmar os animatronics do palco. Um coelho azul, uma galinha que segurava um cupcake e um urso. Mas parecia que os três animatronics olhavam para câmera de uma forma peculiar, como se não gostassem da presença deles. Depois a câmera começou a mostrar os outros três animatronics que estavam fora do palco, mas acabei desligando a TV, não queria mais ver aquilo.

Como eles ousam reabrir aquele local depois de tudo o que aconteceu lá, até parece que o mundo esqueceu das mortes que ocorreram naquela pizzaria, parece que todo mundo esqueceu do meu irmão que morreu naquele maldito lugar e até hoje ninguém sabe quem o matou. E o que eles fazem, nada. Simplismente jogam tudo para o alto e reabrem o lugar que tirou de mim a única pessoa que se preocupava comigo.

Lágrimas começam a sair incontrolavelmente quando começo a pensar em Nick. Escuto alguém descendo as escadas e rapidamente enxugo as lágrimas.

- Angel, o que você está fazendo acordada a está hora? - Escuto Roberta falar atrás de mim.

- Eu estava sem sono, mas já vou dormir - Me levanto e vou em direção as escadas passando por ela sem olha-lá.

- Você está bem? - ela me pergunta um pouco preocupada.

- Sim... eu só estava... - Me sento no degrau e começo a chorar de novo, Roberta chega perto de mim e me abraça.

- Você estava pensando no seu irmão de novo, não é? - ela me abraça forte de um jeito reconfortante, Roberta não precisava esperar a minha resposta ela já sabia o que eu ia falar - Venha vamos voltar para o seu quarto - Ela levanta e me guia para o meu quarto sem desgrudar de mim, prestando atenção em cada passo que eu dava.

Roberta me deita na cama e fica do meu lado, mas antes de cair no sono pergunto.

- Você promete que não vai me deixar, como as outras pessoas me deixaram?

- Nunca - Ela fala me dando um beijo na testa.

Era o que eu precisava ouvir.

Five Nights At Freddy's 2 : A Última Sobrevivente Where stories live. Discover now