Capítulo - 26

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"Dor, no significado espiritual, remetia sofrimento causado por decepção, desgraça, sofrimento ou morte de um ente querido" Era tudo o que Fernando lembrava sobre aquela palavra quando a sorte resolveu brincar com ele, a vida da pessoa que mais amava no mundo pareceu passar diante dos seus olhos em câmera lenta. Nada daquilo parecia real, não queria que fosse.

Estava tão decepcionado, poderia ser qualquer pessoa apontando aquela arma para Liane, mas não ele, Anthonny, que merda ele estava fazendo? Eles eram praticamente irmãos, ele o conhecia desde quando ingressou na polícia, eram amigos, ele foi seu padrinho de casamento. Em todas as vezes que procurou em sua mente motivos que justificavam ou explicavam o fato de Dinozzo ser um psicopata, em nenhum deles conseguia achar as respostas.

A única reação ao vê-la correr em sua direção foi revidar, por Deus, ele não queria ceifa-lo, mas por Liane era capaz de matar e morrer.

O eco dos tiros ainda estava ressonando em sua mente, quatro disparos, foi tudo tão rápido ao mesmo tempo tão lento, Liane o golpeou e então correu, Anthonny atirou em sua costa deixando-lhe sem outra alternativa, o acertou três vezes, duas no peito e uma testa.

E essa não foi a pior parte, a sensação era de ter seu coração espedaçado, dilacerado, cortado em pedacinhos quase imperceptíveis, ela caiu diante dos seus olhos, o cheiro do seu sangue fresco estava deixando-o apavorado.

Agachou-se virando-a em sua direção, suas mãos tremiam ao toca-la, era o medo, o pavor, tudo misturado tornando-se uma tortura dentro dele. O rosto dela estava pálido, sem cor, os olhos entreabertos, mas sem focar nele.

— Liane — Gritou desesperado, puxou a mão dela enchendo-a de beijos — Por favor, responde.

Tinha tanto tempo que não chorava, nem lembrava quando fora a última vez. No entanto, agora, as lagrimas não paravam de descer por seu rosto, o choro fazendo com que um nó na garganta o impedisse de clamar mais ainda por ela.

Não queria e nem poderia perdê-la, ela era uma parte sua, a parte que o fazia forte, alegrava-o, a que fazia a sua vida ser mais leve e feliz. A apertou em seus braços, era tudo culpa sua, não deveria ter envolvido Liane nisso, se não estivesse sido tão negligente, irresponsável, ela não estaria ali, entre a vida e morte.

— Liane, aguenta firme, por favor, não vai embora... — murmurou entre lagrimas e beijou-lhe sua boca — Liane, eu te amo...

Os olhos dela foram se fechando demasiadamente lento, gritou feito um louco por ela, ela não poderia ir, ele não iria permitir que ela fosse, não, de jeito nenhum. Não poderia conviver com o fato de ela não estar mais lá para fazê-lo sorrir com suas piadas sem graça ou seu jeito desastrado.

— Fernando, meu Deus! — Exclamou Kate assustada ao entrar no quarto e encontra-los ali, quando percebeu o corpo de Anthonny desfalecido no chão, ela colocou as duas mãos na boca e olhou horrorizada — Temos que chamar uma ambulância.

Kate correu e se agachou ao seu lado prestando atenção em Liane, tocou no pulso dela e verificou sua respiração.

— As vias estão desobstruídas, mas acho que ela não está conseguindo respirar. — Anunciou Kate para o seu total desespero, ficou paralisado olhando fixamente para Liane sem saber o que fazer — Vou tentar reanima-la, chame uma ambulância.

Kate a colou deitada no chão e abriu seus braços, ao perceber que ele ainda estava ali fitando-a ela olhou novamente de Liane para dele dando um tapa em sua cara:

— Fernando! — Gritou — Precisa reagir, liga pra ambulância, rápido.

Assentiu e fez o que ela pediu, pegou seu celular e tentou ligar, nas três primeiras tentativas digitou o número errado pois seus dedos tremiam sem parar, apagou e voltou a ligar novamente vendo Kate fazer massagem cardíaca em Liane com todo vigor. Era meio irônico aquela situação, se não fosse tão deprimente, seria cômica, a mulher que ele deu o fora tentando salvar a vida da sua namorada. Apesar de todas as mágoas, Kate tinha um bom coração e acima de tudo era profissional.

Agente Boorman: Destinada A Você Where stories live. Discover now