Capítulo - 27

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Sim, suas mãos ainda estavam soando quando passou pelo corredor em direção ao quarto em que ela estava, seu coração bateu forte em seu peito, mas desta vez não fora por pânico, ansiedade ou medo, foi algo nostálgico, causado pela saudade, estava morrendo de saudades dela, em todo esse tempo em que ela passou internada só conseguirá vê-la duas vezes, ela estava entubada, aquela cena ainda lhe causava arrepios ao lembrar.

Entrou para o quarto em que ela havia sido transferida na esperança de vê-la acordada, alegre e cheia de vida, conversando e rindo como sempre fazia, mas ao contrário do que imaginava esperar Liane estava desacorda, dormia serena, feito um anjo, ela ainda estava um pouco abatida, mas continuava linda, usava uma máscara de ar, também havia um enfermeiro aplicando medicação no soro que estava ligado ao braço dela, quando percebeu sua presença ele acenou.

— Ela estava acordada, mas o médico preferiu seda-la mais um pouco e aplicar alguns medicamentos, ela estava sentindo bastante dor.

— Mas ela vai ficar bem?

— Vai sim, não se preocupe, o perigo passou, o sedativo foi mais para evitar a dor da recente cirurgia, ela ainda está fraca.

Fernando apenas assentiu em silêncio, mais uma vez lamentou por tê-la envolvida nisso. Queria que tudo aquilo passasse logo, que ela ficasse bem, não via a hora dela voltar para casa, ele mesmo cuidaria de Liane. Estava afastado do trabalho todos esses dias, pediu para seu capitão lhe liberar para poder ficar no hospital, tinha conseguido vinte dias de licença, agora que Liane estava se recuperando iria aproveitar para pedir suas férias que já estava atrasada, assim teria todo tempo livre para cuidar dela, iria leva-la para sua casa, e nem mesmo com os protestos das freiras iria mudar de opinião. Ela estava grávida dele, finalmente iriam formar uma família, queria curtir esses momentos juntos.

Levou a mão até sua bochecha e acariciou com cuidado extremo, agradeceu a Deus mentalmente por ela ter conseguido resistir, ser forte, sentiu tanto medo, como nunca havia sentido na vida, em tão pouco tempo ela se tornou seu alicerce, seu tudo, não se imaginava sem ela. Talvez Deus tinha a colocado em sua vida para lhe trazer calmaria, paz, Liane sempre conseguia tirar o melhor dele, guia-lo para o caminho do bem. Ao contrário de muitas pessoas que encontrará ao longo de sua vida Liane nunca tentou lhe dar lição de moral ou o repreendeu por se dizer ateu, ela sempre o respeitou bastante sua condição, suas diferenças nunca foram um problema para seu relacionamento, enquanto outras pessoas lançavam olhares de desdém ou em outros casos tentavam forçar acreditar em algo que não queria, ela lhe deu espaço e o esperou a tentar se encontrar. No fundo seu ateísmo era mais como uma mágoa profunda, um ressentimento, algo que só poderia ser resolvido entre ele e Deus.

Ficou por mais de duas horas no quarto esperando-a acordar, precisava olha-la sorrir, nem que fosse com os olhos, era seu segundo sorriso, os olhinhos castanhos fitando-o com alegria, como o sol a radiar o dia. Precisava também conversar com o médico quando o visse queria saber mais do quadro dela, do seu filho, se ela havia ficado com alguma sequela, espera que não. Se acomodou um pouco na poltrona do quaro –que por sinal era mais confortável que a da sala de espera –, respondeu algumas mensagens dos seus colegas da decima segunda e quando levantou o olhar percebeu que Liane tinha acordado.

Sorriu entusiasmado se aproximando de sua cama. Primeiro ela tentou se sentar, mas a impediu.

— Não pode fazer força Liane, ainda está fraca. Tenta ficar deitada. — Pediu com toda a paciência do mundo e curvou-se sobre ela beijando suas têmporas.

Ela levou a mão até a máscara de oxigênio e a retirou.

— Difixu — Ela reclamou com a voz arrastada, meio embolada, parecia que estava com a língua presa, mas devia ser algum efeito dos sedativos que ela tomou — a cuantas holas exxtou aquii?

Agente Boorman: Destinada A Você Where stories live. Discover now