Capítulo 41

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Ian não tinha cabeça para nada naquele momento. Se não tivesse com o corpo dolorido socaria as paredes. Andava de um lado para o outro mesmo sabendo que precisava de repouso. Aquela raiva fazia todo seu corpo tremer. Como pôde? Como ele pôde mentir dessa maneira? Não dava para acreditar. Nem que Eliot havia lhe traído e nem que seu pai havia mandado matar Keira. Deitou-se por uns instantes e, já que não podia fazer nada, deixou a fúria se transformar em lágrimas. Não deixou o quarto por um bom tempo, negando as refeições e querendo extravasar com uma série de socos no rosto de ambos os traidores.

Ian? - Alana ligou para o celular, já que ninguém atendia o telefone em casa. - Sei que Angelina está em aula, então pode vir aqui rapidinho? Preciso conversar com você.

— Você está bem? - A preocupação do rapaz era confortante. - É claro. Estou saindo.

Em poucos minutos ele se arrumou e saiu. Precisava tomar um ar, de qualquer forma, e vê-la o faria bem. Mas assim que avistou a casa da Doutora com mais dois carros parados à porta ficou preocupado. Estacionou e tocou a campainha.

— O que está acontecendo?

— Meu pai está aqui. Não se assuste, ok? Vamos conversar com calma. Ele prometeu contar a versão dele e eu cobrei. - Disse Alana.

Ian assentiu lentamente com os pensamentos tão confusos ainda e assustado. Adentrou a sala e viu Lewis sentado no sofá ao lado do governador. Alana deu passagem e pediu para que se sentasse também.

— Não sei o que Vincent lhe contou, rapaz, - Lewis começou. - mas vamos contar o que realmente aconteceu. Até mesmo as partes que não vai gostar de ouvir e não vamos gostar de revelar.

— Sou todo a ouvidos.

Lewis contou, então, com algumas intromissões de Marvin, falando da amizade que eles tinham antes mesmo de virarem bandidos. Todos os detalhes do dia do assalto ao gabinete do governador foram ditos. Coisas que nem mesmo Alana ainda tinha ouvido. Contaram sobre como conseguiram subir na vida com aquele projeto roubado, mas depois de anos perceberam que podiam seguir sem mais desviar a renda, diferente daqueles que já haviam sido assassinados. Contaram sobre suas famílias e que, o que Ian fez com os outros, os assustaram de tal maneira que todo o dinheiro roubado que ainda permanecia guardado fora doado por precaução. Afinal, não é como se precisassem.

— Ele realmente mentiu então. Não tive mãe para lutar pela memória de uma. E ainda assim matei pessoas inocentes porque um cara sobreviveu e quis se vingar.

— Ian, sinto muito. - Alana acariciou o ombro do rapaz. - Seu pai deve ter...

— Ele não é meu pai. - A interrompeu.

— Como assim? - Indagou Marvin. - Você disse que ele era pai do rapaz. - Se voltou à Alana.

— Eu descobri hoje. - Ian se intrometeu explicando. - Também não sabia.

— Como não sabia?

— Alguém, que ousei chamar de amigo um dia, se mostrou um empregado de Vincent. Me contou que ele mandou matar a mulher que amei e que ele não era meu pai. Três decepções seguidas. - Riu irônico.

— Vincent virou um monstro. - Comentou Lewis.

— Partirei para a Tailândia o mais rápido possível. Preciso conversar com pessoas que sabem mais a meu respeito do que, aparentemente, eu mesmo. Preciso saber quem sou. - Comunicou como se quisesse que Alana soubesse logo de sua viagem.

— Rapaz, - Marvin o olhou nos olhos. - Se precisar de ajuda, estarei à disposição. Você é uma vítima disso tudo.

— Eu agradeço. E peço perdão pelos... meus erros e... Entenderei se quiserem denunciar. Matei inocentes que...

O Fim Do InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora