Capítulo 10

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Vincent sorriu assistindo ao noticiário sobre o assassino que causou 9 mortes e 4 feridos no Hospital Acer e conseguiu fugir. Poucos depoimentos foram dados e nenhum batia com o físico de seu filho.

Já Ian, em sua casa, pesava as consequências de forma diferente. "Era para um ter morrido, não nove.". Ainda deitado com a perna dolorida, resolveu tomar um banho e limpar o curativo. Não refaria melhor do que o da Doutora, mas aquilo tinha de ser limpado.

— Jaque? - Ele chamou a babá que logo apareceu na porta de seu quarto. - Você sabe fazer curativos?

— Eu posso tentar. O senhor se machucou?

— Sim, acabei me cortando quando fui descascar uma maçã. E, pode me chamar de "você", já lhe disse.

Ian tomou o banho e a chamou de volta para fazer o curativo. A reação dela de "Você fez isso descascando uma maçã?" foi desesperadora, mas ele não quis responder às perguntas iminentes, provavelmente tinha se machucado em algum treino. Agradeceu, estava se sentindo bem melhor.

— Você pode buscar Angie na escola hoje? É meu primeiro dia de trabalho e quero chegar cedo para me ambientar.

— Claro. Às ordens.

Ele deveria chegar à boate às cinco da tarde, mas naquele dia chegou às três.

— Seja bem-vindo. - Gerard lhe mostrou todo o lugar, conversou sobre o cardápio e deu todas as instruções.

Ian captou toda a informação, realmente aprendeu tudo muito rápido. Estava animado para começar. Foi para trás do balcão para se familiarizar com todos os instrumentos que usaria. Brincou um pouco com algumas coqueteleiras até que as pessoas começassem a chegar.

Quando a noite estava em seu ápice, o lugar lotou. Ian se deu muito bem no seu primeiro dia.

Na noite de sábado, enquanto trabalhava, Ian concentrava-se apenas em terminar uma lista de pedidos, mas reconheceu uma voz, próxima o suficiente para chamar sua atenção, apesar da música alta e do falatório.

— Como está a perna?

Ele parou e procurou pela dona da voz.

— Está bem melhor. Obrigado, Doutora. - Respondeu quando seus olhos se encontraram.

Apesar de não estar de jaleco, ele reconheceu facilmente a moça que fez o curativo em sua perna algumas noites atrás.

— Eles estão procurando por você, sabia?

— Eles quem?

— A polícia.

— Sério? Por quê? - Voltou a servir as pessoas.

Ninguém estava sóbrio o suficiente para processar a conversa além de ambos. Então ela não viu problema em responder.

— Foi você quem matou o Chefe Shaw. Não foi?

— O que lhe faz pensar isso? - Arregalou os olhos. - Não tenho motivos para matar ninguém, moça. - Serviu mais algumas pessoas antes de voltar sua atenção para ela. - Chefe Shaw é uma pronúncia bem engraçada.

Ela analisou o rapaz. Ainda tinha a barba por fazer e era como se ele tivesse preguiça de pentear o cabelo. A cicatriz que cortava sua bochecha não deixava a barba crescer uniforme e ele parecia ter saído de um filme policial onde era o vilão.

— O que lhe deixa tão confiante de que não lhe entregarei à polícia?

— Se Harold foi assassinado ele deve ter tido um bom motivo. Você deveria ficar na sua se não quiser ter o mesmo destino que o Chefe Shaw.

O Fim Do InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora